terça-feira, 25 de junho de 2013

Crise exigindo reformulação completa de estratégias

Por: Noé Nhantumbo

A defesa de impérios económico-financeiros coloca o país em perigo de guerra eminente?...
Qual a razão de tanta teimosia e inconclusão em negociações que deveriam ser simples de resolver?
Será  que  alguém  está à espera de contingentes especializados  de  mercenários ou de forças de governos  amigos  para contribuírem  para  uma vitória  militar  rápida?
Será que o bom senso político e a clarividência política já não fazem parte do vocabulário de certas pessoas com poder de travar a presente derrapagem do processo político em Moçambique?
Onde está o sentido de estado dos dirigentes políticos e governamentais?
A paralisia e imobilismo na busca de soluções para problemas reais e concretos é perigosa para a estabilidade política do país.
Não se pode utilizar jogos estratégicos mal elaborados e de consistência extremamente duvidosa para dirigir a defesa e segurança nacional.
Algumas das ocorrências na esfera de defesa e segurança acabam por transmitir uma imagem um tanto ou quanto inapropriada a todo um sector de importância vital para a soberania nacional e integridade territorial.
Embora possa ser um acto de mero banditismo comum a cidades como Maputo não deixa de causar estranheza e admiração que um chefe de Estado-Maior das Forças Armadas seja assaltado em plena via pública, perdendo  tanto o carro em  que  seguia como armas ligeiras do tipo pistola e um laptop.
Teorias de conspiração quando escasseiam explicações e as pessoas afectadas se colocam em silêncio surgem. De tanta mão externa referida sempre que algo não corre de afeição chega-se a um momento de saturação social. Já não há discurso que seja entendido e aceite como explicação cabal e suficiente em relação a alguns factos muito estranhos.
Sobre o ataque ao paiol de Savane muitos especialistas poderiam oferecer explicações abalizadas. Mas é óbvio para os leigos que alguma coisa correu muito mal em todo esse episódio acrescido na  arena de defesa e segurança.
Cabe aos políticos e aos estrategas político-militares trazerem respostas claras e definitivas sobre assuntos da sua esfera ou área de interesse.
Enquanto não houver explicações o público em geral vai consumindo tantos rumores, boatos ou qualquer outra informação veiculada pelos diferentes comunicadores.
Os que se dizem amigos da verdade procurarão em profundidade conhecer a génese dos factos mas esta empreitada  não  é  facilitada pelo  secretismo  que  rodeia  assuntos  governamentais mesmo na esfera social e económica.
O que na verdade está em causa é um conjunto de procedimentos em obediência a alguma estratégia que terá sido eleita por quem governa.
Ou na distracção causada por tantos interesses e agendas tanto na esfera pública como na privada alguém se tenha  esquecido  de que era importante e fundamental delinear uma estratégia correspondente a situação real  de  Moçambique?
Será este o caso, em que como em outros sectores se verificam sinais de  acomodação e  paralisia  orgânica?
Rombos acontecem em sectores financeiros do Estado mas a reacção é quase sempre tardia. Diques rebentam por causa de chuvas excessivas e outros problemas hidráulicos na sua reposição efectiva demora até que a próxima cheia bata às portas. Rotura de stocks de medicamentos nos hospitais públicos não são acautelados e o povo utente sofre.
É como se de cultura governamental fosse ou se tratasse. De tanto se falar e atribuir adjectivos até certo ponto pejorativos aos outros há governantes que se esquecem de pensar nos assuntos inerentes aos seus pelouros entanto que servidores públicos...
Gente com essa qualidade ou perfil cumpre na verdade um papel medíocre  como a realidade deixa a vista.
Afigura-se afirmar que toda uma experiência em defesa e segurança construída ao longo de muitos anos de guerra foi perdida.
Quem se esquece de seu passado e das lições por ele proporcionadas corre  o  risco  de repetir  erros  com  graves  consequências...
Não confiaria em parceiros externos para resolver problemas de moçambicanos como o governo foi rápido em afirmar que não são necessários mediadores externos para que o governo converse com  a  Renamo  sobre as  preocupações  desta.
Quem quer a paz luta por ela  sem subterfúgios...
Canal de Moçambique – 19.06.2013

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