sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cartas ao Presidente da República (63)

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LEVIATÃ
Por Laurindos Macuácua
Saudações, Presidente.
Há dias alguém dizia-me, pejorativamente, que sou arauto do povo por lhe estar a escrever estas cartas. Não fiz caso do seu comentário. Disse-lhe, pura e simplesmente, que eu sou o próprio povo. Presidente, entende isto duma vez por todas: não lhe escrevo porque sou contra a sua governação ou porque sou da Renamo. Faço-o porque o senhor é chefe do Estado. E o chefe do Estado é para todos os moçambicanos independentemente das suas filiações político-partidárias. Sinceramente, eu gosto do senhor como pessoa e como irmão moçambicano. O que não gosto é da forma como o senhor pastorea o seu rebanho. Desculpa: o senhor não é um bom pastor. Se o é, então é desleixado!
Como é que um alto magistrado da nação privilegia a intriga política, a fofoca, a bajulação e o lambe-botismo politico do mais baixo jaez? Num passado recente, dizia-se que a Frelimo é um partido das massas, do povo. E fora do que era dito, a Frelimo fazia valer o facto. Estava em contacto permanente com o povo para saber se a mataquenha ainda continua a incomodar. Se as galinhas continuam a pôr ovos. Se o gato do vizinho já não rouba o peixe do outro...
A sua Frelimo, ou seja, a Frelimo actual abandonou a sua essência. Virou as costas ao povo. Está cansada de massas: falam muito. A Frelimo não quer ninguém que tenha opinião adversa à sua. A Frelimo quer lambe-botas. A Frelimo é para empresários que lhe dão dinheiro para reforçar o que já nos rouba. A Frelimo, convenientemente, já não tem membros. Tem pessoas interceiras que se juntam ao partido porque sabem que é o trampolim para se chegar ao sucesso. A Frelimo é o caminho do sucesso individual.
A Frelimo é para os que calam para comerem. Não se pensa. Só se bebe vinhos importados, quando o povo está a morrer em Muxúnguè.
As massas da Frelimo são os empresários prósperos, que roubam ao povo. Que vendem a nossa madeira aos chineses a preço de banana. Que deixam os alunos sem carteiras nas escolas. Que projectam um transporte condigno para o povo em 2035, enquanto isso, o mesmo povo continuará a ser transportado em camiões, como gado. Enfim, a sua Frelimo, Presidente, é este partido que prefere que o povo que a vota, seja dizimado em detrimento de discutir o pacote eleitoral. A sua Frelimo, Presidente, só enxerga o seu próprio umbigo. Basta estar de barriga cheia para dizer que o estado da nação está bom. Não interessa se os homens armados da  Renamo, ou  seja quem  for, dizima o povo  algures em Muxúnguè.
A Frelimo....
DN – 28.06.2013

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