Tóquio recebe a partir de hoje um conjunto de líderes africanos para debater o desenvolvimento sustentável e as perspetivas para os próximos anos, num encontro marcado também pela rivalidade entre a China e o Japão.
Para além de todos os países africanos, a V Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África (TICAD) conta também com um conjunto de organizações não governamentais, entidades internacionais e organismos institucionais, que se juntam sob a organização do Japão, Nações Unidas, Banco Mundial e União Africana.
A realização desta conferência quinquenal surge num momento de afirmação da China como um dos principais investidores no continente africano, mas o Japão espera, com esta e outras iniciativas, `disputar a corrida` rumo a um dos continentes com mais recursos naturais ainda por explorar do mundo.
De acordo com as agências internacionais, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, já se comprometeu com uma ajuda financeira de dez mil milhões de dólares (7.670 milhões de euros) a África nos próximos cinco anos, numa tentativa de recuperar terreno sobre a China: atualmente, os chineses têm cinco vezes o volume de trocas comerciais e oito vezes o investimento direto estrangeiro do Japão, mas os nipónicos argumentam que "a abordagem é diferente".
O embaixador do Japão na TICAD, Makoto Ito, lembrou na quinta-feira à AFP que "a China não está ligada" ao comité de desenvolvimento e ajuda da OCDE, destinado a reduzir a pobreza e melhorar os direitos humanos, acrescentando que uma das principais diferenças é que "a ajuda ao desenvolvimento [de África] dado pelo Japão sempre teve e sempre terá a ênfase na propriedade africana" desse desenvolvimento.
Também por isso o Japão "reconhece a necessidade de reforçar os laços com os países africanos", disse um responsável do Ministério da Economia japonês, precisando que "o crescimento da classe média em África mostra a importância do continente enquanto parceiro comercial", oferecendo novos mercados a uma base empresarial nipónica que vê nas exportações uma solução para contrabalançar o fraco crescimento do consumo interno.
A conferência, que começa hoje em Tóquio e se prolonga até segunda-feira, não é o único fórum internacional sobre África. A União Europeia, a China, Índia, Coreia do Sul e Turquia têm modelos semelhantes para cortejar os líderes africanos, à procura de novos mercados e de um manancial de recursos naturais, mas o Japão parte para a conferência com redobrado interesse não só económico, mas também em termos de segurança.
Em janeiro, a atenção do país voltou-se para a Argélia, onde uma refinaria de gás foi atacada por islamitas armados, matando dez japoneses, e lançou a discussão sobre os perigos de procurar negócios em regiões ricas em recursos naturais, mas instáveis e inseguras.
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