sexta-feira, 24 de maio de 2013

Uma dúzia de empresários de Magude declara amor a Guebuza

Despesas de “presidência aberta” pagas por agentes económicos  
 
 
Maputo (Canalmoz) – Numa operação com mão invisível do Governo de Magude e agentes dos serviços secretos a nível daquele distrito, uma dúzia de agentes económicos locais organizou uma reunião com certa Imprensa no sábado passado, numa estância turística daquela vila para afirmarem que “nutrem” tanto amor pelo chefe de Estado e que, por isso, estão dispostos a pagar as despesas de “presidência aberta” àquele distrito.
No encontro, foram convidados certos órgãos de comunicação social, mas excluído o Canalmoz, onde este assunto foi despoletado. Rádio Moçambique, Jornal Notícias, Magazine Independente, Jornais Savana e Mediafax, semanário Zambeze, são alguns dos mídia convidados à reunião cuja finalidade era repudiar a denúncia de cobranças que estão a ser promovidas pelo Governo de Magude para, alegadamente, sustentar a visita do chefe de Estado.
No encontro, os 12 agentes económicos locais proferiram discursos pré-elaborados, “polidos” para a Imprensa replicar.
Acontece, porém, que a maioria dos jornais convidados para o encontro decidiram não ir na conversa dos empresários e não publicou nada dos discursos polidos.
 
Confirmação de cobranças 
 
Na reunião, os agentes económicos acabaram confirmando que o Governo distrital lhes enviou pedido de ajuda para sustentar a visita do Presidente da República. Só que como convinha afirmá-lo naquele contexto, juraram que morriam de amor pelo chefe de Estado, que por isso era do seu interesse pagar a sua visita ao distrito. Manifestaram-se contra quem “levou a informação à Imprensa”.
Acontece, porém, que de entre estes empresários que estiveram a saudar a iniciativa de pagar a factura pela visita de Guebuza, saiu a informação que alertou o Canalmoz sobre a realização do encontro. A Reportagem do jornal esteve lá e acompanhou a reunião fictícia de discursos pré-fabricados para agradar a quem governa.
 
Augusto Cossa
 
Augusto Cossa, agente económico local, reconheceu que o Governo distrital fez um pedido para quem pudesse apoiar, porque com a visita do chefe de Estado a população vai sair de um ponto para outro.
“Nunca fomos obrigados a contribuir. Cada um de nós, na sua área de negócio, vai tirar o que tiver”, disse Cossa.
 
João Ferreira 
 
João Ferreira, agente económico do sector agro-pecuário, disse que os agentes económicos de Magude têm parcerias com o Governo distrital e esta não é a primeira vez.
“Nós participamos em tudo que o Governo organiza. Não é por obrigação. Ficamos chocados. Quando a notícia saiu ainda estávamos a conversar sobre este assunto. Como empresários, temos a obrigação de facilitar a visita do presidente. Vamos apoiar porque é tudo do nosso interesse”, disse. 
 
Suleimane Sadir 
 
Suleimane Sadir, empresário no sector de construção civil, repudiou a atitude dos seus colegas que foram falar em nome de todos os agentes económicos.
 “Nós, empresários de Magude, distanciamo-nos da posição assumida por esse nosso colega sem rosto”, disse.
 
Armando Cossa
 
Armando Cossa disse não haver conflitos entre os agentes económicos e administração. “Este colega sem rosto fez isto sem nos consultar. Se ele tivesse falado connosco, não teríamos chegado a estes contornos. O assunto é nosso, atinge a nós como agentes económicos”. 
 
 
A verdade veio depois de falar em público
 
Após terem “falado bonito” a se disponibilizarem para pagar a factura pela visita de Guebuza, os empresários de Magude contactaram o Canalmoz para agradecer “pela publicação de informação” e disseram esperar que o chefe de Estado depois de tomar conhecimento do caso mande cancelar as cobranças aos agentes económicos.
Os agentes económicos acusaram, em Off, o Governo distrital, nomeadamente os Serviços das Actividades Económicas, de lhes sufocar com inspecções regulares quando a mesma inspecção ignora a venda de produtos alimentares na rua.
“A inspecção entra nas lojas. Os inspectores até passam dedos nas prateleiras para detectar poeiras e aplicam-nos multas, mas ignoram, na rua, produtos alimentares vendidos no chão”, disse um empresário que pediu, obviamente, o anonimato.
Os empresários de Magude prometeram vazar toda a informação relacionada com as cobranças até que o Governo local desista de lhe pedir que financiem a deslocação do chefe de Estado.    
 
 Recorde-se que a administradora do Distrito de Magude, Maria Cristina de Jesus, quando contactada pelo Canalmoz disse que “não tinha conhecimento do pedido de ajuda aos agentes económicos”, justificando que “havia orçamento para o efeito”. (Cláudio Saúte com Redacção, em Magude)
 

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