A polícia moçambicana desarmou 15 ex-guerrilheiros afetos à guarda presidencial do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, por "tarefas desviadas" quando escoltavam o secretário-geral do partido em Manica, centro do país, disse hoje à Lusa fonte oficial.
Francisco Almeida, comandante provincial da polícia em Manica, disse que os guardas são para "exclusiva protecção" do líder da oposição da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), segundo determina o Acordo Geral de Paz, pelo que estavam a ser "usados" fora do previsto ao acompanharem Manuel Bissopo.
"Decorreu a operação de desarmamento dos homens da Renamo, armados e uniformizados, que circulavam sob alegação de estar a proteger o secretário-geral do partido. O que está preconizado é que a única figura que tem por obrigação andar com os seus homens armados é o líder Afonso Dhlakama, dai que tivemos que repor a ordem", disse Francisco Almeida, garantido não ter havido resistência e troca de tiros.
Da operação, que ocorreu por volta das 17 horas de quarta-feira num estabelecimento hoteleiro nos arredores de Chimoio, a capital de Manica, foram recuperadas seis armas AKM (com 168 munições) e uma pistola (quatro munições). Os homens estão detidos na primeira esquadra da polícia.
"Evitámos que a operação ocorresse num lugar público, porque ia perturbar a ordem pública", precisou Francisco Almeida, assegurando que as armas e as respectivas munições serão devolvidas ao quartel general da Renamo.
A polícia reafirmou não pretender impedir o trabalho do secretário-geral da Renamo, que desde segunda-feira visita a província de Manica para "planificar os próximos dias", que vão confluir com o boicote às eleições autárquicas de 20 de novembro e as gerais de 2014, enquanto "não haver consenso" sobre o processo de arbitragem e controle.
Em declarações à Lusa, Francisco Chaterera, o capitão do quartel-general da Renamo, disse que o "desarmamento foi pacífico" por terem recebido ordens do líder do partido, Afonso Dhlakama, para não disparar em qualquer situação.
"Nós cumpríamos a missão do partido para acompanhar o secretário-geral. Então, a polícia chegou e pediu para falar com o comandante, e de repente um agente da polícia entrou no quarto onde estava o secretário-geral. Foi aí que ordenei para entregar as armas como estavam a pedir, porque além de que a policia ser em maior número, fomos proibidos de disparar", contou Francisco Chaterera.
No entanto, Francisco Chaterera disse terem sofrido agressões da policia durante a operação, e até ao princípio da tarde de quinta-feira não haviam tomado nenhuma refeição desde que foram detidos, na quarta-feira.
AYAC // APN
Lusa– 02.05.2013
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