Por Gustavo Mavie
Os médicos que têm estado em greve, estão, a meu ver, a cometer o seu pior erro, porque estão a condenar à morte aqueles que, indirectamente, custearam a sua formação através dos seus impostos: que é o POVO, povo esse que é quem de facto precisa deles para os curar das suas doenças.
Para que esses médicos grevistas entendam muito bem que estão a penalizar esse POVO que não tem outra alternativa que não sejam eles que trabalham nos hospitais públicos, que é o mesmo que dizer hospitais do mesmo povo, porque foram construídos pelos seus impostos com que também se pagam os seus salários, é imperioso que os diga, na definição do Dicionário Verbo, o que é o povo, que agora se recusam a tratá-lo: povo é o conjunto formado pela maioria dos membros duma sociedade, por oposição às classes economicamente mais abastadas, mais cultas e mais influentes nos órgãos do poder político.
Para que esses médicos grevistas entendam muito bem que estão a penalizar esse POVO que não tem outra alternativa que não sejam eles que trabalham nos hospitais públicos, que é o mesmo que dizer hospitais do mesmo povo, porque foram construídos pelos seus impostos com que também se pagam os seus salários, é imperioso que os diga, na definição do Dicionário Verbo, o que é o povo, que agora se recusam a tratá-lo: povo é o conjunto formado pela maioria dos membros duma sociedade, por oposição às classes economicamente mais abastadas, mais cultas e mais influentes nos órgãos do poder político.
Assim visto, creio que esta greve, por mais legítima que seja, peca por penalizar as mesmas pessoas que deviam ser tratadas com mais carinho porque foi dos seus impostos que quase todos os que são médicos hoje se formaram, e nunca, por qualquer das razões, os deviam deixar morrer como está a acontecer há mais de uma semana a escala nacional.
Ora, deixar este povo, é não só retribuir em chumbo o que os médicos receberam em ouro, como amonta para um crime contra inocentes e, pior que isso, contra quem os fez ser o que são exactamente hoje: médicos.
De facto, tanto quanto eu sei, quase todos os médicos se formaram em universidades moçambicanas que foram construídas com impostos do povo, e que são mantidas em funcionamento com base nesses impostos, incluindo os salários, magros ou não, que lhes são pagos a eles, a todos os profissionais da saúde e até a grande parte dos funcionários do Estado.
Pessoalmente, estou consciente de que a maioria dos nossos médicos ganham salários muito baixos, tal como são muito baixos os auferidos pela maioria dos outros funcionários deste País ainda em formatação, incluindo eu próprio. Mas sou da opinião de que o culpado pela magreza dos nossos salários, se é que existe algum culpado, não é ninguém do povo tal como o define o Verbo.
Assim dito, não faz sentido nenhum que se penalize, logo pela pena de morte, quem não só é inocente, como quem financiou os estudos dos médicos. Os médicos que estão em greve deviam se inspirar na Parábola do Trigo e do Joio de Jesus Cristo, em que ele nos ensina para não tentarmos arrancar o joio do trigo, antes da hora da colheita, sob pena de nesse processo se arrancar também o próprio trigo que se quer salvar.
Trouxe à ribalta esta parábola, para que os nossos médicos façam uma análise muito profunda, porque podem estar a querer ganhar mais quando os próprios impostos que o povo canaliza ao Tesouro, não são suficientes, pelo menos para se pagar bem a todos os funcionários públicos. Uma das questões que penso que devem tomar em consideração, é que não vejo como é que o governo não os iria pagar mais, se tivesse de facto dinheiro para isso. É que tanto quanto eu sei, o Ministério da Saúde é um dos poucos que teve sempre a sorte de ter ministros que eram ou são médicos, como o é o caso do actual Ministro Alexandre Manguele. Faço referência a este facto, porque não estou a ver um médico que depois de chegar a Ministro, não seja capaz de, como membro do Governo, influenciar para que a sua classe seja bem paga. Neste País até tivemos um médico primeiro-ministro, que foi o Dr. Pascoal Mocumbi, e agora temos o Dr. Alberto Vaquina. Será que se houvesse mesmo fundos para se aumentar os salários não o fariam?
Posso admitir que tenha havido alguns médicos que movidos pela ‘gula’, tenham dito que bem, agora o meu problema de salário se resolveu, e daí não quererem ajudar os seus colegas a ganharem bem também. Mas não posso admitir que todos os ministros que o Ministério teve, desde a independência, em 1975, tenham optado por não influenciar, para que a sua classe fosse das mais bem pagas. Se não o fizeram, só pode ser porque depois de integrarem o governo, viram eles próprios que o nosso Tesouro ainda não está em condições de pagar mais, pelo menos a todos nós funcionários.
Creio que seria bom que cada um e todos os médicos que agora se recusam a ir tratar os doentes, se perguntem mais do que uma vez o seguinte: O que terá feito com que todos os seus colegas que foram sendo nomeados ministros, nunca se preocuparam mais em propor ao governo, de que já eram parte intrínseca, uma grelha salarial melhor. Será que todos se esqueceram depois de que como classe, ganham mal? E veja que quando olho para todos esses médicos que já foram ministros, noto, com base no que sei deles como pessoas e até como amigos, que são pessoas tão humanas que, certamente, teriam feito algo para que os seus colegas ganhassem também mais. Creio que se o não fizeram, não foi por falta de vontade, mas apenas porque os impostos que pagamos ainda não são suficientes para que os que trabalham para o Estado, tenham todos bons salários.
Uma das provas de que os impostos que o povo paga ainda não é suficiente, é o facto de haver ainda muitos países que ainda contribuem para reforçar o nosso Orçamento. Pelo menos 40% do nosso Orçamento é doado por alguns países. Isto mostra que esses países vêm matematicamente que Moçambique ainda não está em condições de ter por si só, um Orçamento á altura das suas necessidades. Se esses países continuam a dar-nos o seu dinheiro, certamente é porque há dados irrefutáveis que justificam esse apoio. De contrário, teriam parado há muito tempo.
Sei que há os que dizem que o nosso Orçamento não chega porque é roubado pelos corruptos. Ora, mesmo que isto seja verdade, e há de facto alguma verdade nisto, não vejo como é que se penaliza o povo por um crime que nunca o cometeu. Todos os países têm alguns membros do governo que são corruptos, mas não se pode matar o trigo por causa do joio que está no seu seio. Samora ensinou-nos sempre que devemos saber identificar bem o inimigo comum, e uma coisa é certa: não há nenhum país em que todos os membros do seu governo sejam santos e façam tudo muito bem. Mesmo os que agora estão em greve, há pelo menos alguns que são ruins e que não dariam sequer para estrume depois de morrer. Alguns poderão ser ministros amanha e farão bem pior.
O que seria justo e aplaudível para esta greve, era se fosse dirigida a quem estaria a fazer essa má gestão dos nossos impostos, e nunca para quem os paga na esperança de que ajudem a financiar o que cada um de nós não pode comprar individualmente ou pagar, como é caso dos médicos e dos próprios hospitais públicos. Caros médicos, peço que voltem aos vossos postos e curem o POVO.
GM (gustavomavie@gmail.com )
AIM – 28.05.2013
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