Maputo (Canalmoz) – A detenção na noite deste domingo e posterior soltura do presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Jorge Arroz, fez crescer a proporção da greve dos médicos e outros profissionais de saúde que se juntaram à causa. Na manhã desta segunda-feira, centenas de médicos e outros profissionais de saúde lotaram o cineteatro Gungu (Gilberto Mendes) para reafirmarem união e comprometimento de levar a greve avante até aquilo a que chamaram de “vitória final”.
Centenas de profissionais de saúde apareceram vestidos de batas brancas e pratos vazios nas mãos em claro sinal de falta de comida e outras condições para desempenharem condignamente a sua função. Os médicos diziam em coro que não fizeram “Juramento de Hipócrates” para viver na miséria, mas para desempenhar com zelo a sua profissão, tendo reiterado que o zelo advém de condições psicológicas que devem ser garantidas ao profissional.
Se o Governo da Frelimo, através da sua Imprensa manipulada, tentou mostrar que a greve dos médicos era um pequeno movimento de agitadores, esta segunda-feira centenas de profissionais de saúde decidiram sair em massa à rua e cantar “este Guebuza come sozinho!”
Naquilo que constituiu também a apresentação do presidente da AMM após ter estado detido por quatro horas na 6ª Esquadra da PRM na cidade de Maputo, os profissionais de saúde prometeram levar a greve até às últimas consequências e dizem-se dispostos a desafiar “qualquer tipo de intimidação”.
“Farei aquilo que os médicos pedirem”
Na sua intervenção, o presidente da Associação Médica de Moçambique, Jorge Arroz, disse que é preciso entender que a luta não é dele, mas dos médicos e de todos outros profissionais de saúde que ganham salários de miséria e trabalham em condições humilhantes num Estado onde funcionário de igual categoria ganha relativamente bem, trabalhando em sectores com menos riscos que o da saúde.
Amplamente ovacionado a cada intervenção, Jorge Arroz diz que nenhuma intimidação fará parar a greve e que a única solução é o Governo sentar-se à mesa com os profissionais da saúde e resolver, de uma vez por toda, este diferendo que já está a causar dor em muitas famílias que têm pacientes depositados em suas residências porque os hospitais não estão a funcionar. Aliás, o próprio presidente da AMM apelou aos seus colegas a continuarem a garantir serviços mínimos e não permitir que alguém morra em sua presença por falta de assistência médica. A greve continua hoje, oitavo dia e está a ser saudada pelos moçambicanos, contrariamente ao que o Governo e seus órgãos de propaganda quiseram dar a entender. (Matias Guente)
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