sexta-feira, 26 de abril de 2013

Paridade ou País Bicéfalo?


Paridade ou País Bicéfalo?

Paradoxalmente, nestes últimos dias a Renamo parece ter conseguido o que nunca havia conseguido antes: o reconhecimento ou beneplácito de sectores "tradicionalmente" cépticos as suas estrategias, finalidade e objectivos.

"De repente" a Renamo tem razão em tudo:
... a.) a matar agentes da autoridade (legitima defesa dirão os analistas embora não mostrem quem morreu das acções da policia que supostamente teriam desencadeado tal reacção de Legitima Defesa enfim);
b.) em um parágrafo Dlhakama desconstruiu a Sociedade Civil nacional (o que inclui deitar por terra TUDO o que aquela fez com e sem ajuda dos parceiros, incluindo ajudar na busca da Paz);
c.) em exigir a Paridade representativa na CNE, no Exercito (por enquanto é isso sabe-se lá em que mais);

Ora neste processo todo sem querer perder o mote deste processo, a ação militar da Renamo e a subsequente e repentina "racionalidade". Acho ser pertinente entender o seguinte:
a.) não podia a Renamo ser razoável sem Homens Armados?
b.) a Sociedade Civil nacional de repente não serve e é pró-Frelimo?
c.) a paridade na CNE é pertinente hoje? O que se faz do democrático e consensual método democrático da representatividade parlamentar, (embora diga-se que não esta na Constituição mas serviu e tem servido)? O que fazer dos interesses das outras dezenas de Partidos se a Frelimo e a Renamo "dividirem" entre si com todos os assentos na CNE, como fica o MDM que até está no Parlamento? como ficam os Partidos que não estão na Parlamento, mas querem concorrer? onde está o árbitro desses Partidos? Deverão eles, também, pegar em armas e matar uns policias vir a terreiro exigir qualquer coisa?
d.) paridade nas FADM? Como implementar ( 20 anos pós-AGP?) indo buscar metade na zonas da Frelimo e outra metade nas zonas da Renamo? Que zonas são essas? O que fazer dos que não são nem de uma nem de outra parte? A paridade nas FADM não significa uma politização extrema do país?
e.) pretende-se com este exercício todo reduzir as leis do pais ao AGP? Será este agreement ad eternum?
g.) o que significam os avanços e recuos da preocupada Renamo quanto às datas, lugares? Tolerância? Transigência ou preocupação pelo povo?

Sem adiantar respostas a coisas que não entendo e me preocupam deveras, eu vejo na estratégia da Renamo, e nos que a entendem nada menos que dividir um pais que se pretende uno, recuperar o atraso político desde Roma à mercê de subterfúgios escusos e nada democráticos, mesmo que nos jornais a sua imagem apareça limpa, muito limpa mesmo para o gosto dos seus simpatizantes.

Talvez de repente alguém viu no "repentinamente lúcido e razoável Dhlakama" um Emeka Odumegwu-Ojukwu moçambicano o Poder, o gás, o Petróleo (?) e o carvão podem trazer estas miragens. Nunca se sabe...
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