A filha do publicista eslovaco Dusan Kerny, que participa regularmente de maratonas em diferentes países, não viajou em abril para Boston por pura casualidade.
O pai pensa com pavor no que poderia acontecer, se não fosse assim: “O terrorismo internacional não é um fantasma. Vemos cada vez mais frequentemente a sua imagem”. Dusan Kerny recorda neste contexto a Linha Direta de Vladimir Putin com cidadãos russos:
“Os eslovacos deram atenção ao apelo direto de Vladimir Putin a conjugar esforços da Rússia e dos EUA na luta contra o terrorismo internacional. A meu ver, desta contraposição ao mal universal devem participar também a Europa e todos os países interessados. A Eslováquia foi chocada pelo atentado terrorista em Boston, em primeiro lugar porque um evento esportivo maciço foi eleito como alvo do crime”.
Os terroristas são chechenos. À primeira vista, estas pessoas deveriam ser felizes e gratas aos Estados Unidos, onde, de fato, obtiveram uma segunda pátria. Tiveram tudo para uma vida feliz. Mas voltaram para o Daguestão, para impregnar ideias do islão radical… Dusan Kerny destaca:
“Sentimos de repente que não somos protegidos na Europa. Ao lado de nós, uma grande comunidade de 20 mil chechenos vive na Áustria vizinha, país com que não temos nem uma fronteira administrativa. Não é segredo que muitos jovens chechenos vão de lá para a Síria, completando fileiras de islamitas radicais. Como podemos opor-nos a isso? Penso que não existe uma alternativa à proposta de Vladimir Putin de conjugar esforços em nome de segurança geral”.
Entretanto, trata-se de ações bastante concretas. Serviços especiais da Rússia comunicaram aos parceiros americanos que é necessário prestar atenção aos irmãos Tsarnaev. Americanos não reagiram a esta advertência. Na opinião de Dusan Kerny, nas relações entre dois países há elementos de desconfiança recíproca:
“A meu ver, no contexto destes acontecimentos, a Rússia e os Estados Unidos devem superar a tensão nas relações bilaterais. É necessário cooperar a exemplo da operação militar no Afeganistão. Todos devemos tirar lição da tragédia em Boston. Algumas mudanças já acontecem, mas, contudo, só ao nível de consciência. Quando se tornou conhecido que os terroristas de Boston são chechenos, a atitude da imprensa para com eles foi inicialmente bastante branda. Coitados dos chechenos!”.
Mas isso passou rapidamente logo após o irmão mais novo sobrevivente ter declarado: tivemos vontade de vingar o Afeganistão. Mas no Afeganistão morrem permanentemente soldados da missão militar, inclusive da Eslováquia. Há mais um aspeto adicional da tragédia de Boston:
“Compreendemos finalmente que há muito tempo que os russos são pressionados pela ameaça permanente de atentados terroristas. Agora entende-se melhor a preocupação dos russos pela realização bem-sucedida da Olimpíade de Sochi. Os Jogos também podem ser alvejados por criminosos. Eu, pessoalmente, experimentei o que é um ato terrorista. Trabalhando em Moscou como correspondente, vivi no centro da cidade, não longe do hotel National. Perto do hotel, uma terrorista suicida detonou seu cinturão de explosivos. Houve também um caso, quando um agente do FSB, de 27 anos, morreu ao neutralizar uma bomba, deixando órfãos seus dois filhos”.
Um sentimento de ameaça próxima, referido por Dusan Kerny, não é infundado. Agências noticiosas comunicam da Bratislava que a polícia descobriu na cidade dois esconderijos de armas e explosivos. O arsenal pertencia a um agrupamento criminoso, cuja origem étnica não é divulgada.
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