domingo, 17 de fevereiro de 2013

"Resgatei dignidade da população" de Quelimane, diz autarca moçambicano


Por André Catueira, da agência Lusa

Quelimane, Moçambique, 17 fev (Lusa) - O autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, eleito pelo MDM, terceira força política moçambicana, diz-se orgulhoso de ter "resgatado a dignidade da população", mas ainda tem um desafio: "ensinar a Frelimo (no poder no país) a ser oposição".

Em declarações à Lusa, o presidente do município de Quelimane (Zambézia, centro de Moçambique) assegura ter cumprido com o manifesto no primeiro ano do seu mandato de dois anos, que termina em outubro, ao "contornar" de cima os problemas e "devolver a robustez financeira" da autarquia.

"Quelimane parecia uma cidade abandonada, voltada ao extermínio ou que saía de uma guerra. Hoje orgulho-me do facto de ter devolvido à população a habilidade de sonhar, aliás, a razão que me fez voltar à política" precisa Manuel de Araújo, sustentando que "obras todo o homem faz, mas quando deixa de sonhar, está mais morto que vivo".

O autarca resume os problemas encontrados, que incluem "o apelido da capital dos buracos", "precipício financeiro, saneamento e uma burocracia que criou desincentivo ao investimento na autarquia, facto que causou a desistência de muitos investidores".

"Tomei posse e 15 dias depois a cidade foi fustigada por cheias, esse foi o duro golpe. Todo o mês de janeiro de 2012 fiquei sem assinar um único cheque ou fazer qualquer transação financeira, porque a anterior gestão (da Frelimo) havia trancado os cofres e sem deixar cartas aos bancos e tivemos o socorro do município da Beira (gestão do MDM)", lembra.

Contudo, diz o autarca, o maior problema atual é o facto de a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder em Moçambique) não saber comportar-se como oposição na cidade de Quelimane, "o que algumas vezes desacelera alguns projetos importantes na cidade".
"A Frelimo não sabe ser oposição, porque nunca antes foi oposição. É uma tarefa difícil, temos de os ensinar a eles (Frelimo) a ser oposição", diz Manuel de Araújo, explicando que o bloqueio daquele partido leva a que ainda não haja orçamento aprovado na autarquia.

A Assembleia Municipal de Quelimane, o órgão deliberativo, é constituída maioritariamente por membros da Frelimo e Renamo (Resistência nacional de Moçambique) o que coloca o executivo do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) dependente das outras duas forças.

No domínio das infraestruturas, Manuel de Araújo garante ter conseguido "limpar" 85 por cento dos buracos da cidade, o que avolumou o parque automóvel na cidade, além de ter colocado quatro jogos de semáforos, símbolo de "renascimento e modernização de Quelimane" e reaberto uma piscina encerrada há mais de 15 anos.

Segundo o autarca, estão igualmente em reabilitação 13 quilómetros de valas para drenagem das águas residuais e evitar inundações em tempos de chuva, num projeto financiado pelo programa de cooperação norte-americano Millennium Challenge Account em cerca de 30 milhões de dólares (22,4 milhões de euros).
"O investimento está a voltar para Quelimane. Bancos comerciais e de microfinanças e empresas pesqueiras que haviam saído de Quelimane estão a voltar a implantar-se. Temos vários projetos para construção de hotéis de empresários portugueses, franceses, britânicos e chineses. Estamos a trabalhar para reduzir a burocracia e buscar respostas ao investimento", explica Manuel de Araújo.

No entanto, o autarca diz que precisa de "um mandato inteiro (quatro anos) para colocar Quelimane nos carris e depois entregar (a gestão) a outras pessoas para continuarem o trabalho".

Em novembro deste ano decorrem as quartas eleições autárquicas (para eleger presidentes dos municípios e assembleias municipais) e os partidos já estão em trabalhos internos para escolher os seus candidatos às 43 autarquias do país.

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