QUE SÃO MEMBROS DO PARTIDO FRELIMO?
Boa tarde, amigos do Facebook. Decidi iniciar, a partir de hoje e sempre que me apetecer, a publicação de alguns pensamentos altos meus. Serão sempre simples, sem rigores cientificados e apenas para gerar debates informais. Vou começar com este:
O QUE É QUE FAZ ALGUNS CIDADÃOS ASSUMIREM (OU NÃO ASSUMIREM) PUBLICAMENTE QUE SÃO MEMBROS DO PARTIDO FRELIMO?
Hoje eu acordei assim, a pensar em ti. Sim, em ti. Tu, jovem ou adulto, mulher ou homem, funcionário público, trabalhador do sector privado ou por conta própria, empresário, desempregado ou reformado. Tu que, dentre várias coisas, és membro ou simpatizante do partido Frelimo. Fiquei aqui preenchido a tentar entender os motivos que te levaram a aderir e a militar nesse partido, seja no momento do seu surgimento (refiro-me à Frelimo como partido político, que surgiu em 1977, e não ao movimento libertário que nasceu em 1962). Portanto, estava eu aqui a arrolar o que te levou a aderir a este partido e, assim ao ar, encontrei estes:
De 1977 à 1992/1994
• A confusão entre o partido (grupo muito específico de pessoas, partilhando visões e ideais abstractos de como se pode governar Moçambique) e o Estado (estrutura de administração pública encarregue de prover serviços aos seus cidadãos). Nesta altura, as pessoas acreditavam que o partido Frelimo era em si mesmo o próprio Estado, assumindo tacitamente que o deviam estrita obediência e incondicional filiação.
De 1994 à 2004
• O estabelecimento do sistema multipartidário, que abriu espaço ao surgimento de visões e ideais alternativos de governação de Moçambique, trouxe consigo alguns desafios aos “confusos” do partido-Estado: a aparente liberdade de associação político-ideológica distinta da “histórica” Frelimo poderia colocar em causa os seus interesses de sobrevivência, particularmente num contexto em que o Estado era o maior e quase exclusivo empregador. Para os confusos, só a filiação ao partido mais forte é que trazia maiores garantias de “futuro melhor”.
De 2004 aos nossos dias
• Os aparentes desaires eleitorais dos “profetas da alternância” (os partidos da/na Oposição), bem como a ridicularização e descrédito generalizado da sua “visão ideológica alternativa de governação” na opinião pública nacional criou em muitos cidadãos a “noção de conforto” segundo a qual o melhor era fazer duas coisas: ou se filiavam abertamente à Frelimo e teriam como “preservativo existencial” a sua protecção política, profissional, em negócios, etc, ou ficavam “impávidos e serenos” na mesa farta do silêncio, sem pelo menos comprometer a sua sobrevivência mostrando inequivocamente as costas ao partido Frelimo. Tal feito poderia ser atingido, regra geral, através de 2 formas:
1) adquirindo o “cartão vermelho” e, por essa via, dissipar qualquer dúvida de militância e obter o cartão de livre-trânsito para a “avenida da prosperidade”;
2) manter em “segredo de Estado” a sua opinião pública ou privada sobre a sua condição de militância ou não.
Por conseguinte, e excluindo os casos em que os cidadãos andam com o cartão de membro do partido Frelimo colado à testa ou dos que se dizem ser membros de outros partidos políticos, todos os outros que não se assumem publicamente como “vermelhos” têm sempre deixando obscuro o seu sentido de pertença, comendo, limpando a boca e engordando dentro da filosofia do passivismo político: “não me meto com a Frelimo para a Frelimo não se meter comigo”.
PS: A delimitação temporal é da minha exclusiva"invenção".
Miller Martin, Juma Aíuba, Egidio Guilherme Vaz Raposo, Américo Matavele, Amosse Macamo, Matias De Jesus Júnior, Kudumba Root, Milton Machel, Sergio Chauque, Livre Pensador et al.
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