Por Antonio Vet.
«A Nuria faz parte de uma elite que fala sobre o povo moçambicano sem o representar, mas que quer ser mais papista do que o papa».
Um comentário reagindo ao
artigo que pode ser lido Aqui com título «Carta aberta aos portugueses
que querem vir (ou já vieram) para Moçambique»
Li atentamente a carta da Nuria Negrão.
Depois de alguma meditação e embora sabendo que estas discussões são estéreis,
resolvi por um imperativo de consciência, tecer sobre a mesma algumas
considerações.
A carta em questão começa por acertar uma no cravo e
outra na ferradura, com frases do tipo “ nem todos os portugueses são maus,
tenho família, amigos e conhecidos portugueses” etc., mas depois,
paradoxalmente, vai mais longe-- apesar de aconselhar a não remexer em ódios
recalcados e os trazer ao de cima-- e ataca com artilharia pesada, do tipo:
Recolonização, exploração de cinco séculos, meninos de
15 anos chamados de senhor, homem chamado de rapaz (eu acrescentaria mulheres
chamadas de Maria),escravatura, chibalo, suor e lágrimas de milhões, rapto e
venda de 1 milhão(?) de moçambicanos, trabalho forçado, mineiros na África do
Sul, palhotas, sistema injusto e explorador. Transcreve até um parágrafo do
facebook de um atrasado mental que fala em aviões e submarinos!
Reparo que leu bem os livros de história que puseram à
sua frente, durante a sua for mação escolar. E politica. Não vou entrar nessa discussão porque isso daria para
uma “never ending story”. Contudo, não nego muito do que ali refere.
Mas temos que localizar esses tristes factos nas
épocas e contextos em que aconteceram. A maior parte dos países hoje existentes
foram colónias no passado. Houve abusos como há hoje. Sabia que no continente
de onde é natural ainda há episódios de escravatura? Hoje não há “Senhores” e
palhotas?
Acha mesmo que houve exploração de cinco séculos? Os
primeiros navios a vapor só apareceram no princípio do século XIX e os
primeiros aviões de carga e passageiros no seculo XX. Qual era a população de
Moçambique nessas épocas? O quê que produzia? Quantos portugueses viviam em
Moçambique nessa altura? Vá lá, dê algum desconto. E mais não adianto.
Também não vou entrar nas contas do deve e haver.
Seria outra longa discussão. Mas atenção, não me sinto devedor. Ficaram aí duas
casas, pagas pelos meus pais, funcionários públicos, através de um empréstimo
bancário durante 20 anos. Se havia dívida, a minha foi saldada, com juros.
Passaram a ser propriedade do Estado depois de um célebre discurso –
nacionalização da propriedade privada-- proferido em Fevereiro de 1976, se não
estou em erro. Foram posteriormente vendidas, por um preço simbólico. A um
camarada.
A emigração é hoje um fenómeno global. A pessoa emigra
quando tem de emigrar, o mundo não para, as pessoas tem de encontrar
oportunidades onde elas existirem. Se houver um benefício mútuo porque não
Moçambique? Qual o problema? Porquê que tanto alarido? È óbvio, que têm de
respeitar a cultura e os usos e costumes dos países que os recebem .Não me
consta que causem problemas. E, se causarem, há sempre um voo de regresso.
A maior parte da nova geração de portugueses, com
formação que custou milhões de euros ao erário público, não conhece Moçambique,
portanto não pode considerar os moçambicanos incultos, burros, incompetentes,
corruptos etc., como afirma. A percepção geral é aliás, de que se trata de um
povo simpático e acolhedor. Para mim está a milhas de distância do povo
angolano ou sul-africano. Mas falo mesmo do povo.
Quanto à concorrência de empregos, sabe perfeitamente
que a lei moçambicana discrimina positivamente o acesso ao emprego a favor dos
moçambicano e impõe quotas para estrangeiros.”Aqui há gato”? Qual o medo? Em
Portugal não existem quotas. Sabe também que para se constituir uma empresa em
Moçambique com alguma dimensão é “aconselhável” ter um sócio moçambicano.
Moçambique é um país grande, com vastos recursos
naturais, com uma fraca densidade populacional e onde está quase tudo por
explorar. Apesar do referido, sou dos que não aconselho
portugueses a emigrarem para Moçambique. Desde logo pelo preço da passagem
aérea e por haver oportunidades noutros países mais próximos (dentro da UE) ou
noutros continentes, como na América ou na Austrália. Nesses países não há
preconceitos! Esta carta também é para esses portugueses.
Conheço empresas portuguesas que perderam milhões de
dólares em investimentos feitos em Moçambique. Há despesas “imprevistas”! Está a falar a sério quando fala em recolonização?
Acha mesmo possível? Neste particular, acho que está a usar de má fé e abrir
propositadamente feridas que já deviam estar cicatrizadas. Não posso terminar
sem dizer algo sobre o país para onde vim em 1976. Portugal é um pequeno país,
com 10 milhões de habitantes e com poucos recursos naturais.
Portugal recebeu dezenas de milhares de cidadãos de
origem africana das ex-colónias, nomeadamente de Cabo Verde e da Guiné nos anos
80 e 90. Os filhos destes cidadãos são hoje portugueses. Há
freguesias—Reboleira, Brandoa, Damaia, Cova da Moura, etc., com mais cidadãos
destas ex-colónias do que portugueses.
Todos beneficiam de Serviços de Saúde tendencialmente
gratuitos, de educação gratuita, de apoios sociais, de rendimentos de inserção
social e de subsídio de desemprego, quando necessário. Os portugueses que
emigram para Moçambique usufruem dos mesmos benefícios? Mais recentemente,
recebemos brasileiros, ucranianos e romenos. Temos cerca de 500.000 imigrantes.
Por tudo isto, penso que deve haver alguma reciprocidade para com os “ tugas”,
como refere.
Quanto às dificuldades na obtenção de vistos por parte
de moçambicanos, sabe perfeitamente que isso não depende de Portugal. Estamos
integrados no espaço Schengen que nos impõe regras a que temos de obedecer. Sabe
que nos impressos que temos de preencher no consulado ou embaixada moçambicana
para obtenção de vistos, há perguntas do tipo:
Viveu em Moçambique antes da independência? Onde é que
trabalhou? Porquê é que saiu de Moçambique? Trinta e sete anos depois da
independência? Informação para a PIC ou para a SNASP? Como é possível? Isto
sim, é discriminação e é humilhante. Atribuo a culpa não aos moçambicanos mas
aos portugueses que nos governam. Exigem o mesmo aos chineses? Esta imigração
não é preocupante?
Conheço melhor Moçambique do que a Nuria e
tenho uma experiência de vida que a sua idade não permite ter. Para terminar e
olhando bem para a sua fotografia, tenho que lhe dizer que a Nuria, sendo
moçambicana, não representa aqueles que diz terem sido escravizados e
explorados. Sabe do que falo.
A Nuria faz
parte de uma elite que fala sobre o povo moçambicano sem o representar, mas que
quer ser mais papista do que o papa.
Conheci alguns no passado.
Bolinha baixa por favor.
P.S - Moçambique Terra Queimada. Aconselho-a a ler o
livro com esse título.
Foram pagos com juros por trabalho de xibalo, e ainda falta as horas extras que os teus descendentes vão pagar.
ResponderEliminar*Já que aconselhas é melhor mesmo optar pelos país que estão a vossa altura em termo da inteligência, pois qualquer acto de discriminação vamos rispostar em carga.
*Acolheram os traidores, e com medo da mudança em termos de manda-chuva.
* Vão então pra o brasil, ucrania eles que vos dê o mesmo tratamento que vocês oferece a eles.
também podem ai dentro da UE, aproveitar mandar cumprimentos a merkel, que ainda vão dançar a dança Alemã, pergunta ao sarcozi.
*Tuga como alcunha, todos os temos, se não gosta então fica Madeirense, o vosso jardim vão amar se assim chamar-vos. ah jardim, ele representar bem aos portuguses!
*Não acho nada discriminatório, se não deve responde afinal é pra sarar as feridas né! Nós também temos dificuldade na obtenção do visto pra chegar ai na tuga, pra trabalho, compras, turismo, e não pra explorar.
Facilitam pra nós e nós a vocês afinal deve ser igual pra todos.
*Claro só podes conhecer melhor o país que queres refugiar e vingar-te das casas que os pretos vivem nelas, so 2, pena podia ser mais.
E outras experiência ganhas pelos anos que tens afinal só podes ser da 3 geração dos tugas exploradores.E mais velho que a Núria, mesmo que a não a conheço, espelho pela tua raiva na escrita.
* A culpa foi do salazar, por isso cobrem a ele no cemitério ou a familia se é que deixou, pois nós podemos ser pobres mas ricos em familia e ainda somos feliz, menos com o despreso dos teus antepassados e tua raiva oprimida pelo factor/ querer continuar a EXPLORAR AS RIQUEZAS DOS OUTROS,♥,$,☼. VAI PRA ANGOLA QUE LA SERAS BENVINDO!
*A Núria se pertence a elite e não sofreu nada, de algum modo a sua geração, descendente vai pagar,pior se estiver a explorar os moçambicanos. nada se lucra em vão, pergunta ao africano preto puro e não corrompido pelas ideias dos novos colonos mestiços que acha que os pretos são inferiores e não podem governar e explorar o que lhes pertencem, que sairam derrotado, quê viver verá e dara o testemunho!
tiko ya lirandzo ka va yakelani ya moya yaku chenga.
Só uma achega , sobre as minas da Africa do Sul, onde , por incrível que pareça, após a independência continuaram a trabalhar moçambicanos, a história contada pela menina Núria não corresponde à verdade ,no que se refere aos ordenados, que leia os acordos sobre a matéria e verá que o beneficio mais importante foi no preço do ouro ,não houve retirada nos salários, que leia .....
ResponderEliminarEsta deusa de moçambique não deve bater bem da bola, dá uma no cravo outra na ferradura , chega a tocar em coisas que fazem algum sentido como depois estrilha. A sua imaturidade e desconhecimento dos assuntos leva a pensar que não sabe bem o terreno que pisa , como se diz na gíria não deve ser carne nem peixe. O que Moçambique não consegue atrair é tugas de categoria A , porque esses são exigentes e quando emigram vão para paises espectaculares como a Noruega,Canadá , Austrália, Luxemburgo, Suiça, com condições fantasticas, EVOLUIDOS, excepto o clima, como fez o meu irmão., Agora ter que enfrentar dificuldades, recalcamentos, salários baixos, saude precária, regalias sociais inexistentes , há muitos paises , incluindo moçambique, bom proveito ,há outro mundo bem melhor.
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