domingo, 3 de fevereiro de 2013

As contradições da política de Ancara em relação à Síria: Voz da Rússia

2.02.2013, 16:21, hora de Moscou
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Turquia, atentado, política, Síria, EUA, Entrevista
EPA

Junto da embaixada dos EUA em Ancara explodiu uma bomba que, segundo o governador da capital turca, deixou duas pessoas mortas e outras duas feridas. Quem esteve por trás deste ato terrorista? Os peritos não têm uma opinião unânime.

O antigo vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças da Turquia, Abdullatif Sener, atual líder do partido “Turquia”, deu à Voz da Rússia sua opinião em relação ao atentado:
“Qualquer ato terrorista é um crime contra toda a Humanidade. Em quase todos os ataques terroristas morrem pessoas inocentes. Hoje em dia, um dos desafios mais prementes da comunidade internacional é o combate ao terrorismo. Eu abordo o sucedido, antes de mais nada, precisamente partindo desta ótica. Ao mesmo tempo, não é menos importante compreender quem poderia ter estado por trás deste ato terrorista. Para isso, é preciso analisar a política turca em relação à Síria.
Eu sempre me pronunciei contra a política síria do atual gabinete turco e muito especialmente contra a presença na região de combatentes rebeldes da Al-Qaeda. Como se sabe, a maior parte da oposição síria não é formada por sírios mas sim por diversos grupos armados estrangeiros. É por culpa deles que a Síria perde hoje os seus cidadãos, são justamente eles que violam os direitos humanos na Síria. Existem dados que mostram que durante o conflito morreram cerca de 60 mil sírios. A responsabilidade por essas mortes é, em primeiro termo, dos grupos terroristas.
Ao apoiar a oposição síria, a Turquia comete um erro, pois facilita a penetração na região de militantes armados da Al-Qaeda. Segundo algumas fontes, atualmente, cerca de 15 a 20 mil combatentes da Al-Qaeda encontram-se ao longo da fronteira turco-síria, atravessando-a sistematicamente. Hoje, como é do conhecimento geral, a Al-Qaeda não tem problemas com a Turquia. Mas o que é que vai acontecer se da sua parte surgirem exigências em relação à Turquia? Ainda que seus militantes perpetrem ataques terroristas principalmente na Síria e no Iraque, no entanto, a presença deles na região representa já por si só uma ameaça para todos os países da área, inclusive para a Turquia. Aplicar uma política que leva ao aumento do número de terroristas na região não corresponde aos interesses da República da Turquia. Por isso, acho que o atual premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, conduz uma política errada em relação à Síria.
O último atentado junto da sede da representação diplomática estadunidense em Ancara está diretamente vinculado à Al-Qaeda. Eu gostaria de chamar a atenção para as recentes informações da mídia sobre a detenção em Ancara de Suleiman, cunhado do falecido líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden. Essa operação secreta foi levada a cabo por esforços conjuntos do Serviço Nacional de Inteligência da Turquia e da CIA.
Agora é necessário compreender contra quem foi cometido esse ato terrorista? Sim, contra a embaixada norte-americana. Mas onde? Em Ancara. Portanto, o ataque visava, principalmente, a Turquia, e o país deve tirar conclusões e tomar as medidas de segurança indispensáveis.
Na política da Turquia relativamenteà Síria há muitas contradições. Por um lado, o governo turco segue a linha que coadjuva o crescimento do número de combatentes da Al-Qaeda na região. Por outro, instala na Turquia sistemas de mísseis ocidentais Patriot. A tentativa de dar guarida a dois inimigos num só território é o maior dos erros que qualquer governo pode cometer. Que dirigente iria apoiar a formação de um potencial de confrontos armados e ataques terroristas em território de seu próprio país? Não há países que o desejem! Porém, no nosso país há lugar tanto para os Patriot como para a Al-Qaeda.

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