sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Bilionária Africana - Nelo de Carvalho



Brasil - De Africana mesmo ela não tem nada, ela é uma mistura racial e de classe, que no contexto africano e angolano a burguesia como classe racista e discriminatória sabe usar para fazer prevalecer certos preconceitos. Principalmente, aqueles que identificam o nativo africano como inepto ao empreendedorismo empresarial.

Fonte: www.facebook.com/Nelo de Carvalho
MPLA se afastou daquilo que poderia ser sua verdadeira origem

Nesse processo assustador de emersão com conotação burguesa e racial já ouvi militantes do MPLA, em autos ferozes, defenderem o que aí está ( a corrupção e todo tipo de desmando): que nossa nova bilionária vem de uma raça de pessoas privilegiadas, etnicamente falando ( de origem caucasiana), herança depositada pela mãe, no cruzamento que produziu tal ser. E que com isso sua inteligência herdada lhe permite fazer e fechar negócios com vantagem que nenhum nativo pode alcançar.

A “mentira” e o estrondo que a imbecilidade produzem têm o tamanho dessa militância aí. Que para defenderem seus interesses e o indefensável fizeram da política um coro vocal, mas selvagem, de torcidas de futebol.

Pessoalmente, meu coração só não explodiu diante de tanta gargalhada porque notei mesmo que a invocação de tal discurso ignorante só tinha como objetivo defender um regime que ideologicamente tornou-se caquético. Já não é a teoria de Marx e Lenine que hoje o MPLA usa para defender seus atos moribundos, mas a própria ignorância dos angolanos que passou a guardar a chave do segredo de sobre vivência de um regime, que nem mais os representa, mas que finge representá-los na melhor das hipóteses. E não estou aqui me referindo de representação étnica e /ou patriótica, falo mesmo aquilo que poderia ser de classe.

Quando se trata de ideologia, hoje, o MPLA é um zumbi que não perde a oportunidade de dar a melhor mordida em sua vítima; é uma craveira, um esqueleto dançando diante destes ( os angolanos).

Angola hoje, mais do que nunca, está dividida, é preciso reconhecer ( e aqui a antítese de tal divisão não é aquilo que a tradição nos habituou, MPLA-FNLA-UNITA). Estamos divido entre uma burguesia nativa com os vícios que caracteriza essa classe, num ambiente regional (a África) propício para se enaltecer certos preconceitos, principalmente, aqueles que refletem o fracasso dos nativos, diante de oportunidades quem nem existem para estes; e o povo (diga-se: quem é preto, negro, angolano e nativo) que fez do sonho de Agostinho Neto o seu sonho.

Com certos atos e reconhecimentos explícitos, o MPLA se afastou daquilo que poderia ser sua verdadeira origem. Nesse afastamento vale tudo, e podem ser interpretados como todos os eventos nesse partido que o ajudam a se distanciar dos angolanos: até a difusão e a propagação da própria ignorância. Nisso tudo estão incluídos a aceitação de correntes ideológicas, religiosas, seitas e culturas ( e como já notei, pessoalmente, até racistas) que ajudam aprofundar a condição aqui referida ( a burrice), num mundo já com tantas dificuldades para se lidar e buscar as verdadeiras razões e inteligência de que precisamos para sobreviver.

Quanto mais confusão e ignorância, melhor, se principalmente estas ajudarem a disseminarem obstáculos que impeçam que aqueles que estão no poder sejam questionados.

Por isso, vemos a proliferação de igrejas com tentáculos estendidos dentro das instituições estatais. Um Estado que já é corrupto, bandido e delinquente pelo tipo de pessoas que o dirigem e estão a frente do mesmo. Por isso ouvimos discursos bajuladores, que em situações normal poderiam ser tidos como sons e palavras vindo de mentalidades até doentias e fracas.

A enésima bilionária no mundo e a primeira africana poderia ser o êxito e o orgulho de uma classe de empresários “patriotas” e combativos, e que fazem o uso da “ transparência” para se enriquecer. A notícia é, com certeza ,para uma classe de corruptos governando Angola, a merda lançada ao ventilador, se estes tiverem um pouco de vergonha na cara.
Também, o número escancarado na imprensa mundial, pode ser visto como um ato de humilhação e perdição daqueles que nos últimos quarenta anos aprenderam a confiar no Partido no poder.

Fazer alusão e anúncios com estardalhaços de pessoas e até seres que ascendem financeira e socialmente, todos os anos ou décadas, é coisa de um mundo tipicamente capitalista. Que se enfatize bem a época e o regime e façamos uma analogia. É como fazer o anúncio de venda de escravos há quatro ou cinco séculos atrás num dos mercados das cidades do Novo Mundo ( nas Américas) ou em Roma ou Atenas há dois mil anos atrás. E até fazer-se alusão do senhor de escravos que mais escravos tinha, ou o mercador, comerciante ou capitão de mato que mais escravos vendia.

Cada época tem os seus costumes que as pessoas aceitam e respeitam. Assim, aquela notícia da nova milionária foi anunciada mundialmente, mas a impressa pública angolana que é defensora da propriedade privada manteve-se calada. A pergunta é: se a riqueza de nossos milionários é tão legal e transparente, porque o mundo todo pública a evolução de nossos ricos e a imprensa nacional cala?

E, ainda, ao contrário, diante dos eternos constrangimentos das perguntas e respostas que se deveriam dar com relação ao acumulo de riquezas, as edições aqui mencionadas, fazem da bajulação a verdadeira arte de se fazer jornalismo.

Em Angola o anúncio da FORBES, de caráter extravagante, tipicamente reacionária, burguesa, racista e humilhante está longe de ser aplaudida, deve gerar o constrangimento de um lado e o espanto do outro.

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