sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Rebeldes sírios controlam aeroporto militar; negociações em Genebra

 
DAMASCO — Os rebeldes conquistaram nesta sexta-feira uma importante vitória ao tomarem o controle do maior aeroporto militar do norte da Síria após vários dias de violentos combates, e no mesmo dia em que representantes de Rússia e Estados Unidos e o mediador internacional Lakhdar Brahimi ressaltaram em Genebra que não há solução militar para o conflito.
"Os combates no aeroporto militar de Taftanaz cessaram às 09h00 GMT (07h00 de Brasília) e esta base está totalmente nas mãos dos insurgentes", declarou à AFP o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
"Trata-se da mais importante tomada de uma base aérea desde o início da revolta", em março de 2011 contra o regime de Bashar al-Assad, disse o diretor do OSDH.
A conquista do aeroporto "foi obtida pela Frente Al-Nusra, pelo Ahrar al-Sham e pelo Taliaa al-Islamiya", três grupos radicais islamitas, disse Abdel Rahman. Recentemente, os rebeldes conquistaram dois aeroportos de menor importância, perto de Bou Kamal (leste) e na região de Damasco.
Segundo Rahman, o "regime conseguiu deslocar para a cidade de Idleb (20 km ao sul de Taftanaz) um grande número de veículos militares, mas parte deles caiu nas mãos dos rebeldes".
Pouco depois da captura da base, a aviação do regime bombardeava as pistas e os prédios do aeródromo, para torná-lo inutilizável, segundo o OSDH.
Ahrar al-Cham afirmou em um comunicado que "a conquista do aeroporto abre a porta à libertação de toda a província de Idleb, porque é o maior aeroporto de helicópteros do norte da Síria e o segundo em importância para os helicópteros de toda a Síria".

"Campos da morte"


Em Genebra, após uma reunião, Lakhdar Brahimi, que se expressou em nome das autoridades russas e americanas, ressaltou "a necessidade urgente de conter o derramamento de sangue, as destruições e a violência". "Do nosso ponto de vista, não há solução militar para o conflito".
"Salientamos a necessidade de se chegar a uma solução política com base no comunicado de Genebra de 30 de junho passado", acrescentou.
O plano adotado em 30 de junho em Genebra pelo grupo de ação sobre a Síria prevê a formação de um governo de transição com plenos poderes neste país, mas não se pronuncia sobre o destino de Bashar al-Assad. Este projeto continua tendo como base a posição defendida pela Rússia.
O secretário de Estado adjunto americano, William Burns, e o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, permaneceram na reunião por mais de cinco horas, discutindo com o enviado especial.
"Se me perguntarem se uma solução está próxima, não estou certo que este é o caso", acrescentou Brahimi. "Há uma necessidade absoluta de se continuar a trabalhar por uma solução de paz, e cabe à comunidade internacional, em particular aos membros do Conselho de Segurança, criar a abertura necessária para a resolução efetiva do problema".
Ele indicou que apresentará um relatório sobre sua missão ao Conselho até o final do mês.
É a terceira vez desde dezembro que um encontro deste tipo é organizado.
No terreno, os militantes da oposição denunciaram "os campos da morte", em referência às condições desumanas dos refugiados sírios nos países vizinhos.
"Muitos refugiados, abrigados ou não em campos, estão enfrentando o frio e a umidade. Muitos dos que chegam estão de pés descalços, com as roupas cobertas de lama e neve", relatou em Genebra o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Adrian Edwards.
Segundo o Acnur, 612.134 sírios foram registrados como refugiados nos países vizinhos da Síria e no norte da África, contra 509.550 no mês passado.
Por sua vez, a Coalizão da oposição síria, reconhecida por vários países ocidentais e árabes, pediu nesta sexta-feira em um comunicado o assento da Síria na Liga Árabe e nas Nações Unidas, e que sejam transferidos para ela os bens congelados do regime de Assad.
Segundo um registro provisório do OSDH, a violência deixou nesta sexta-feira 62 mortos, sendo 23 soldados, 22 civis e 17 rebeldes.

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