sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Portugal: Missionário apresenta livro sobre assassinato pela Renamo de 24 catequistas em Inhambane

 

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Martires_do_guiua“Morreram 23 catequistas, massacrados à baioneta. Alguns fugiram e conseguiram sobreviver, enquanto algumas crianças foram poupadas”
O padre Diamantino Antunes, director do Centro Catequético do Guiúa, em Inhambane apresenta hoje na cidade portuguesa do Porto o livro ‘Véu de morte numa noite de luar’, que narra a história dos 23 catequistas mortos há 20 anos naquela instituição.
Na madrugada de 22 de março de 1992 as famílias que frequentavam um curso no Centro foram “sequestradas, interrogadas e levadas para um local a 3 km da instituição” por militares da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), contou o sacerdote ao programa ECCLESIA transmitido esta quarta-feira (9) na canal público luso, RTP-2.
“Morreram 23 catequistas, massacrados à baioneta. Alguns fugiram e conseguiram sobreviver, enquanto algumas crianças foram poupadas”, recordou o missionário da Consolata, acrescentando que o acontecimento “marcou profundamente Igreja em Moçambique”.
Já em 1987 a mesma organização militar (a Renamo), que combatia o regime governamental da Frelimo, tinha morto um catequista e raptado várias famílias do Centro, sucessivamente encerrado e reaberto devido à guerra civil.
“Estes mártires da fé representam muitos desconhecidos, leigos e missionários”, mortos nos conflitos ocorridos em Moçambique, primeiro contra Portugal, antes da independência, em 1975, e durante a guerra civil que começou em 1976 e terminou a 4 de outubro de 1992 com a assinatura do acordo de paz, em Roma, sob os auspícios da Comunidade de Santo Egídio, da Igreja Católica, referiu.
O religioso suspeita que os ataques foram motivados pelo facto de as instalações do Centro estarem próximas de um posto de abastecimento de água à cidade de Inhambane, 500 km a nordeste de Maputo, mas não afasta a possibilidade de o assassinato ter sido uma demonstração do poder da Renamo, numa época em que decorriam as conversações de paz.
O livro, com prefácio do bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, descreve as famílias residentes no Centro e relata o ataque, rapto, interrogatórios e morte dos catequistas, além de incluir testemunhos dos sobreviventes.
A apresentação da obra faz parte de um ciclo de conferências sobre o papel dos leigos na Igreja, que conta com intervenções do religioso e de Brazão Mazula, ex-presidente da Comissão Nacional de Eleições de Moçambique e antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane.

Com Agência Eclêsia

RM – 10.01.2013

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