Moçambique
Dom Jaime Gonçalves mediou as conversações entre FRELIMO e RENAMO no processo negocial que culminou no Acordo de Roma a 4 de outubro de 1992. O antigo Arcebispo da Beira acredita que a paz no seu país é sólida.
Dom Jaime Gonçalves conta que o diálogo com a Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO, acabou por se revelar bom quando "o presidente [da RENAMO] Afonso Dhlakama aceitou a solução pacífica do conflito". Também o então Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, "via que não era viável uma solução militar".
O maior problema, diz o antigo Arcebispo da cidade da Beira, que integrou a comissão de mediadores no processo de paz em Moçambique, "era a falta de confiança entre ambos os lados".
Marta Barroso falou com Dom Jaime Gonçalves sobre o que foi assinar a paz a 4 de outubro de 1992 e como Moçambique se desenvolveu desde então.
DW África: O que sentiu quando finalmente viu a paz assinada?
D. Jaime Gonçalves (DJG): Já ali senti uma grande alegria e fomos às cerimónias da assinatura do Acordo e falou o Presidente da República, falou Dhlakama, que de Roma deu ordens às tropas de não avançarem para nenhum lado e de não fazerem guerra e de não dispararem contra ninguém e aí comecei a ver que afinal a paz é possível em Moçambique. Já imaginava a alegria que o povo moçambicano havia de sentir com a notícia de que a guerra terminou. Estava já a imaginar os cantos, danças e viagens.
E de facto foi o que aconteceu: o povo moçambicano aceitou o Acordo Geral de Paz, viveu a ideia do abraço entre o Presidente da República e Afonso Dhlakama e o povo não quis vingar-se de ninguém, porque o povo sofreu com a guerra. Da parte do governo, porque o governo também tinha a sua gente que fazia desordens, é claro, a RENAMO, como eram guerrilheiros, também faziam desordens. Mas nem a RENAMO se vingou da FRELIMO nem a FRELIMO se vingou da RENAMO.
O maior problema, diz o antigo Arcebispo da cidade da Beira, que integrou a comissão de mediadores no processo de paz em Moçambique, "era a falta de confiança entre ambos os lados".
Marta Barroso falou com Dom Jaime Gonçalves sobre o que foi assinar a paz a 4 de outubro de 1992 e como Moçambique se desenvolveu desde então.
DW África: O que sentiu quando finalmente viu a paz assinada?
D. Jaime Gonçalves (DJG): Já ali senti uma grande alegria e fomos às cerimónias da assinatura do Acordo e falou o Presidente da República, falou Dhlakama, que de Roma deu ordens às tropas de não avançarem para nenhum lado e de não fazerem guerra e de não dispararem contra ninguém e aí comecei a ver que afinal a paz é possível em Moçambique. Já imaginava a alegria que o povo moçambicano havia de sentir com a notícia de que a guerra terminou. Estava já a imaginar os cantos, danças e viagens.
E de facto foi o que aconteceu: o povo moçambicano aceitou o Acordo Geral de Paz, viveu a ideia do abraço entre o Presidente da República e Afonso Dhlakama e o povo não quis vingar-se de ninguém, porque o povo sofreu com a guerra. Da parte do governo, porque o governo também tinha a sua gente que fazia desordens, é claro, a RENAMO, como eram guerrilheiros, também faziam desordens. Mas nem a RENAMO se vingou da FRELIMO nem a FRELIMO se vingou da RENAMO.
DW África: Falou das desordens cometidas por ambas as partes durante a guerra. Acha que os moçambicanos recuperaram dos traumas de guerra?
DJG: O trauma de que a guerra pode voltar, esse para o povo moçambicano acabou. O Acordo prevê democracia, um sistema pluripartidário, talvez ali haja um trauma que ainda não acabou. Estabeleceu-se um pluralismo partidário no país, estabeleceram-se eleições como dizem, livres e justas e transparentes.
Mas na realidade, quando vamos às eleições, acabamos alguns a perguntar: "Essas eleições foram livres? Essas eleições foram justas? Essas eleições foram transparentes?" A resposta é diversificada. Então, aí podemos dizer que ainda não se desfez aquele nó que nos levaria a dizer: "Acabamos de fazer eleições justas, livres e transparentes". Isso ainda nos falta. Mas já é uma vantagem que existam muitas eleições, isso é democracia.
DW África: Quando olha para a democracia em Moçambique, o que vê?
DJG: É preciso chegar a um ponto em que as pessoas, pelo menos 80%, 70% possam dizer: "As eleições foram livres, as eleições foram justas, as eleições foram transparentes, portanto o seu resultado é aceitável".
DW África: Entretanto já lá vão 20 anos. Como vê este período de paz?
DJG: O trauma de que a guerra pode voltar, esse para o povo moçambicano acabou. O Acordo prevê democracia, um sistema pluripartidário, talvez ali haja um trauma que ainda não acabou. Estabeleceu-se um pluralismo partidário no país, estabeleceram-se eleições como dizem, livres e justas e transparentes.
Mas na realidade, quando vamos às eleições, acabamos alguns a perguntar: "Essas eleições foram livres? Essas eleições foram justas? Essas eleições foram transparentes?" A resposta é diversificada. Então, aí podemos dizer que ainda não se desfez aquele nó que nos levaria a dizer: "Acabamos de fazer eleições justas, livres e transparentes". Isso ainda nos falta. Mas já é uma vantagem que existam muitas eleições, isso é democracia.
DW África: Quando olha para a democracia em Moçambique, o que vê?
DJG: É preciso chegar a um ponto em que as pessoas, pelo menos 80%, 70% possam dizer: "As eleições foram livres, as eleições foram justas, as eleições foram transparentes, portanto o seu resultado é aceitável".
DW África: Entretanto já lá vão 20 anos. Como vê este período de paz?
D. Jaime Gonçalves diz que ainda nem todos estão contentes com a democracia em Moçambique
DJG: Para a paz, já tem uma grande base a partir do próprio governo, a partir do próprio povo, que de facto acredita na paz e que a vida social, a vida nacional depende muito da paz.
Agora tem partes que é preciso desenvolver: problemas de caráter económico. A democracia sem nenhuma economia não é praticável, portanto o desenvolvimento económico do país, aí ainda há muito que fazer e muito que organizar. E isso pode influenciar a segurança da paz. Demasiada pobreza não garante muito a paz, leva as pessoas a uma ambição desmedida, porque a pobreza acaba por ser absoluta.
Autora: Marta Barroso
Edição: Johannes Beck
Agora tem partes que é preciso desenvolver: problemas de caráter económico. A democracia sem nenhuma economia não é praticável, portanto o desenvolvimento económico do país, aí ainda há muito que fazer e muito que organizar. E isso pode influenciar a segurança da paz. Demasiada pobreza não garante muito a paz, leva as pessoas a uma ambição desmedida, porque a pobreza acaba por ser absoluta.
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