sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Mineiros moçambicanos promovem casamentos prematuros em Inhambane

 
Maputo (Canalmoz) – Muitas crianças do sexo feminino estão a abandonar a escola, na região de Guilundo, na província de Inhambane para formarem lar com cidadãos moçambicanos que trabalham nas minas da vizinha África do Sul, os vulgarmente conhecidos como “madjoni-djoni”.
Forçados pelos pais que não resistirem às ofertas financeiras e materiais dos mineiros, a partir dos 14 anos a maior parte das crianças já se encontram “casadas”. Na maior parte dos casos os pais não têm condições para permitir a deslocação dos seus filhos a escolas secundárias que regra geral ficam a quilómetros das aldeias, e a saída que encontram é entregar as filhas aos “madjoni-djoni”.
Aliás é motivo de orgulho, em certas famílias, ter uma filha casada com um mineiro.
Francisco Mazivele, um dos líderes comunitários da zona, disse que a situação é preocupante naquela região, pois trata-se de crianças que praticamente são forçadas a se casarem com mineiros.
Para Francisco Mazivele há necessidade de se mobilizar os pais e encarregados de educação para reverem a educação das filhas de modo a garantirem a continuidade dos seus estudos e se previnam das seduções dos mineiros.
“Nós temos feito reuniões de conselho aos pais. Mas não depende apenas dos pais. As filhas devem colaborar para que possam conseguir atingir os seus objectivos”, considerou Francisco Mazivele.
Faltam escolas de progressão
A falta de Escolas secundárias de ensino geral ou mesmo de escolas de Artes e Ofícios é apontada como a causa da estagnação de muitas raparigas. Actualmente terminam o ensino primário e ficam sem horizontes. Não há escolas de continuidade próximas e os pais não possuem meios para as enviar para zonas onde as escolas existem.
De acordo com Berta Mahango, mãe, para uma criança poder tirar um curso é preciso isolar as crianças na sede do distrito, o que acarreta de muitos custos para proporcionar isso. “Temos crianças que deviam estar a tirar cursos básicos, mas não há condições para tal, por isso acabam se envolvendo com madjoni-djones”. (Arcénia Nhacuahe)

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