quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mais três mortos nos funerais das 33 vítimas dos confrontos de Port Said

 


Receia-se a continuação de violência no Egipto. Presidente Morsi ainda não falou ao país.
Fãs do Al-Ahly celebrara com armas Amr Abdallah Dalsh/REUTERS
 

Milhares de pessoas juntaram-se este domingo aos funerais das vítimas dos confrontos que se seguiram no sábado em Port Said ao anúncio da condenação à morte de 21 pessoas pela violência no jogo de futebol entre a equipa local, o Al-Masry, contra o Al- Al-Ahly do Cairo. Ao todo terão sido mortas a tiro 33 pessoas e ouviram-se hoje mais tiros durante as cerimónias fúnebres, em que a polícia usou gás lacrimogéneo e se atiraram pedras contra os agentes. Há a registar mais três mortos.
Os tiros que se ouviram hoje são de origem indetermina, diz a AFP. Este domingo é o quarto dia seguido de violência no Egipto. Aos protestos contra o governo do Presidente Mohamed Morsi e da Irmandade Muçulmana, por altura do segundo aniversário da revolução que depôs Hosni Mubarak, juntou-se o veredicto deste julgamento que envolve o Al-Ahly, o mais importante clube egípcio, do Cairo, e cujas claques estiveram envolvidas nas manifestações maciças que levaram ao afastamento de Mubarak do poder.
O número total de vítimas destes quatro dias de violência, até agora, é de 43 mortos, diz a Reuters.

Em Port Said temem que os funerais gerem mais confrontos. No início da violência de sábado estão as claques dos clubes de futebol.
Muitos egípcios sentem-se frustrados com as explosões frequentes de violência, que impedem a sua vida normal, e o fluir normal da economia, e do seu ganha-pão. “Isto não são protestos de revolucionários”, comentou o motorista de táxi Kamal Hassan, de 30 anos, referindo-se aos que se concentram na Praça Tahrir, no Cairo. “São bandidos que estão a destruir o país”.

Esta violência é mais uma dura tarefa com que o Presidente Mohamed Morsi tem de enfrentar num país dividido – e com a qual não parece ter lidado bem. Encontrou-se pela primeira vez desde Agosto com o Conselho Nacional de Defesa, desde que despediu os principais militares do país, para discutir como garantir a segurança do país, que estava a entrar numa espiral de caos, e enviou o exército para as suas de Port Said e para Suez, onde estavam a morrer pessoas, para controlar a multidão em fúria. Mas não dirigiu uma palavra sequer à população, quando muitos cidadãos o apontavam como responsável pela crise.
Morsi apenas divulgou no seu Twitter uma mensagem de condolências pelas sete pessoas mortas no sábado em Suez e prometeu lançar um inquérito, escreve Nancy Youssef, dos jornais do grupo McClatchy. Isto num país onde 40% das pessoas não sabe ler nem escrever e os computadores são considerados um luxo. Foi o ministro da Informação, Salah Abdel Maqsoud, que apareceu na televisão estatal a anunciar um recolher obrigatório nas cidades onde houve confrontos e a apelar ao respeito pelas decisões do tribunal.

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