quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Governo sem moral nem ética

 

Pensamento de Edwin Hounnou Pensamento
No dia 20 de Janeiro, o Presidente da República, Armando Guebuza, deu uma festa de arromba sem igual pela ocasião da celebração dos seus 70 anos, fi nanciada pelos impostos dos cidadãos moçambicanos, e não só, numa atitude de endeusamento do chefe. Cenas iguais só podem ser vistas na Coreia do Norte, onde impera a família do ditador Kim Il Sung, por serem inadmissíveis em Estado de Direito e a TVM teve o descaramento de brindar aos pobres, demonstrando, a quem, ainda, tivesse dúvida, que a clique no poder está a retirar o pouco que ainda resta do povo para si.
A elevação de Guebuza à categoria de “sol da nação que nunca desce” está na forja dos puxa-saco. Basta escutar os vergonhosos spots que passam na RM. Pelo exibicionismo da festa de Guebuza fica provado que o Governo está-se nas tintas pelo seu “maravilhoso” povo que passa por grandes privações devido às enxurradas que assolaram bairros da periferia de Maputo.
Enquanto Guebuza e seus amigos se entretiam em comes e bebes, ao lado do Palácio da Ponta Vermelha, centenas de famílias gemiam de fome por falta de pão para enganar o estômago e entulhadas em escolas. Qualquer cidadão pode celebrar o seu aniversário na companhia de familiares, amigos e colegas de qualquer coisa, mas já não é admissível que o faça com fundos públicos. Isto parece um regime monárquico absolutista medieval.
A contenção de gastos não tem sido o entendimento dos que nos governam e o maior culpado são os países que continuam a financiar um regime cansado e insensível, apesar de todos os clamores e denúncias. Os doadores prometem agir, mas muitos deles não passam de declarações de boas intenções para driblar os seus povos. A prática diária do Governo e dos doadores mantém-se inalterável.
O povo tem de dizer à Frelimo e ao Governo que eles não são os donos do dinheiro do Estado. O dono é o povo que tem sido excluído das benesses e enganam-no com uma salinha de escola aqui e acolá, um furo de água e uma estradinha de péssima qualidade. Há dinheiro para plantarem estátuas em todas as capitais de província e aldeias, para festas, passeios de helicópteros e até se dão ao prazer de interromperem actividades laborais a fim de levarem o povo ao aeroporto para aplaudir a chegada do boss, da primeira-dama ou secretário-geral. Os indivíduos que fazem isso dizem que não há dinheiro para pagar salários decentes aos médicos, professores e aos demais funcionários públicos.
O longo tempo que o partido Frelimo leva no poder cega-lhe, veda-lhe a visão real das coisas e endurece-lhe o coração. Somente com eleições livres, justas, transparentes e sem a perigosa FIR, que sempre sai em socorro do partido no poder quando a derrota eleitoral é iminente, podem ser uma solução para o povo se livrar de novos colonos de cor preta e os seus moleques classificam os seus ajudantes em “patriotas” e de “anti-patriotas” aos que entendem seguir outro caminho.
CORREIO DA MANHÃ – 23.01.2013

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