Nampula (Canalmoz) – Embora ainda não haja data marcada para se realizarem – se bem que tudo indique que possam ser lá para Outubro – os principais partidos políticos em Moçambique, excepto a Renamo (pelo menos publicamente diz que não vai concorrer), já afinam as suas máquinas para o pleito que vai ser o quarto na história da autarcisação do país.
O Movimento Democrático de Moçambique, MDM, já se movimenta pelas bases e vai procurando o “candidato ideal” para cada uma das autarquias da província de Nampula.
Segundo soube o Canalmoz de fontes do MDM em Nampula, neste momento as atenções estão viradas para os municípios do Monapo, a capital provincial, Nampula, e a Cidade de Angoche. Nas cidades da Ilha de Moçambique e Nacala-Porto o MDM acredita que as coisas estão garantidas. Na vila de Ribáué ainda se planifica.
Na Ilha de Moçambique e em Nacala-Porto a juventude canta uma única música: “MDM é a salvação e prosperidade para Moçambique”. Residentes dessas autarquias em entrevista ao Canalmoz afirmaram ter já provado lideranças da Frelimo e da Renamo, mas nada deram para as suas vidas.
Carla José, residente do bairro Triângulo, na cidade de Nacala-Porto, foi clara nas suas afirmações em entrevista ao Canalmoz: “estamos cansados de governos mafiosos e que não respeitam os nossos direitos”.
Num outro desenvolvimento, esta nossa interlocutora precisou que “nós, os jovens, estamos com o MDM porque as notícias que nos chegam de Quelimane e Beira revelam rápido crescimento e melhoria nas condições de vida dos seus munícipes”.
Paulo Roque, um outro residente de Nacala-Porto, disse também que “faltou vontade por parte dos dirigentes, sobretudo da Frelimo, em verem as nossas condições de vida a melhorarem”. “Imagine que uma cidade como esta de Nacala que colhe muita receita, o lixo não sai das ruas, e quando chove entramos todos em desespero”, acrescentou Paulo Roque.
Já na Ilha de Moçambique, os jovens, principais entrevistados do Canalmoz, não se pouparam em dizer: “a Frelimo está a rebentar com Ilha. Apenas serve para saquear fundos públicos e nunca para resolver os problemas da população”.
Muanacha Mohamede disse que “muitas vezes pedimos para que olhem para os mais básicos problemas que nos afligem, mas nada é feito. Água potável não chega a todos, serviços de saúde e educação são péssimos e são prestados como se não fossem destinados a pessoas”.
Todavia, esta mesma música, embora de forma escondida, é repetida na cidade de Nampula e na vila de Monapo. Em Angoche já se observam bandeiras do MDM quase por todos os bairros da autarquia.
Na Ilha de Moçambique, Satar Abdul Rahimo Abdul, membro da Comissão Política Nacional do MDM, residente na Ilha de Moçambique, já tinha dito ao Canalmoz que a vitória está garantida. É discurso político pois ainda há que provar isso nas urnas, mas não deixa de ser uma opinião a ter-se em conta dado o ambiente de frustração relativamente ao governo municipal, que se sente pelas ruas da ilha quando se fala com as pessoas da ilha profunda.
Entretanto, o Partido Frelimo, partido no poder em todas as autarquias de Nampula, revela-se desesperado. As reuniões do partido do “batuque e da maçaroca” são infinitas e quase que acontecem todos os dias. José Pacheco, ministro da Agricultura e chefe da brigada central do partido Frelimo para Nampula, está constantemente naquela província para afinar uma máquina que quando ele sai volta a desafinar-se, tal o grau de descontentamento que se vive aqui..
Para além de Pacheco, muitas outras figuras de renome na Frelimo têm estado a escalar Nampula para agitar as massas e chamar o favoritismo para o seu lado.
No último fim-de-semana, Margarida Talapa, chefe da bancada da Frelimo na Assembleia da República, trabalhou em Nampula, sob pretexto de participação no casamento de Francisco Mucanheia, seu correligionário político e presidente da Comissão da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Actividades Económicas e Serviços na “Casa do Povo”.
A Renamo, de Afonso Dhlakama, ainda não apareceu publicamente a tratar das eleições autárquicas do presente ano. Apenas tem aparecido para declarar que “não haverá nenhuma eleição caso a situação política nacional continue assim”. (Aunício da Silva)
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