segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Devia ser mais humanos

Rui Lamarques
Devia ser mais humanos

A situação das cheias que assolam o país e a forma como hipocritamente tratamos as suas vítimas revela o carácter vil, mesquinho e rasteiro dos que arvoram, aqui e ali, a bandeira da moçambicanidade. Aliás, mais do que mesquinhos e rasteiros, os advogados das vítimas, são previsíveis. Atiram para todos os lados e para o alvo de sempre, a manifesta incompetência de quem lide...ra o país.

É fácil. Aliás, facílimo amplificar, na cadeira do conforto da intransigência, a (ir)responsabilidade de quem lidera o país. É, mais do que óbvio, que certas situações resultam da ausência de planificação e até de políticas desenquadradas para a nossa realidade. Contudo, há pessoas a morrerem nos lugares que a água reclamou para si. Há famílias que perderam tudo e que, do alto da sua própria indigência, sugerem outro tipo de atenção e cuidado.

Ninguém tem o direito de plantar os alicerces da ascensão política que deseja em cima da desgraça dos outros. Nesta hora, os moçambicanos que perderam tudo pela força das águas e que estão debaixo dela precisam de cuidados. Precisam de medicamentos, alimentos e água. Também precisam de um tecto. Ou seja, precisam que os moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, sejam solidários.

É, portanto, de solidariedade que as vítimas destas enxurradas precisam. Não queremos, neste momento de dor, ouvir discursos musculados ou exibições gratuitas do que devia ter sido feito. Sabemos que houve erros. Sabemos que houve incompetência. Mas não isso o que importa agora.

Precisamos de enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Os que ficaram não serão alimentados por discursos eivados de ódio. Precisamos de estar na linha da frente. Precisamos de colocar menos no estômago e dar mais aos que estão mais necessitados. Temos, neste momento, de olhar para os que estão em Chókwè como a extensão de nós mesmos. Devemos sentir a dor deles e arregaçar as mangas para reconstruir o que agora é só escombro, pranto e ranger de dentes.

Falar da incompetência quando é preciso zelar pela vida é, na verdade, uma forma de preencher os requisitos necessários para vestir a camisola da dita incompetência. Falar de incompetência quando é preciso estar na linha da frente é, na verdade, vestir a camisola da cobardia e fugir da responsabilidade normal em qualquer ser humano que se preze. Neste momento de dor não é incompetência que deve ser arvorada. Não é disso que precisamos.

Precisamos de ser humanos e de nos entregarmos aos irmãos que carecem do nosso apoio. Precisamos de criar iniciativas e de mostrar ao mundo que não somos insensíveis à dor dos nossos. Depois de reconstruírmos o que a água e, como queiram, a incompetência dos homens destruiu podemos levantar o punho para procurar culpados e exigir responsabilidades. Mas, agora, é necessário mostrar que somos humanos. Estamos dispostos? Ou é mais importante a nossa visibilidade do que a desgraça de milhares de compatriotas?
— with Chande Puna and 44 others.See more
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Unlike · ·
  • Livre Pensador Como dizem os verdadeiros combatentes, em tempo de guerra nunca se limpam as armas...
  • Mauro Steinway Para frente e o caminho. Chega de lamentacoes, de tentar atribuir culpas. De agora em diante, fala-se usando um kilo de arroz, cadernos, 1 litro de agua, etc!!!See Translation
  • Rui Lamarques Devíamos ser mais humanos, foi o que quis dizer...See Translation
  • Leonel Sarmento Podemos esquecer temporariamente a incompetencia de alguns e nos concentrarmos no auxilio a nossos irmaos. E da proxima que mais irmaos forem vitimas de incompetencia? Eh que esta incompetencia, nos vitima a toda hora....See Translation
  • Chil Emerson David Uma vez eu escrevi aqui mesmo no facebook,que nao e' a hora para vermos politicos a aproveitarem-se das cheias para fazer propagandas politicas.Nao e' hora para vermos jovens a esporem seus eventos com bundas nos panfletos que andam a farta nas redes sociais e nas ruas da capital... Nao e' hora para procurarmos culpados pelos acontecimentos que se fazem presentes.Precisamos de accao e nao palavras a farta!See Translation
  • Palmeirim Chongo E porque nao?!...E nestas circunstancias lamentaveis que vem ao cima a incompetencia. Nao vejo disjuncao nenhuma entre chamar a atencao do preco da ma planificacao e ser solidario com as vitimas dela!
  • Livre Pensador Na verdade, ja fariamos muitos se nos concentrassemos no fundamental: AJUDAR QUEM PRECISA. E para tal, ja aqui o disse, seria optimo que todas as ajudas fossem globalizadas em poucas contas bancarias. E que ha muito vigarista e oportunista a aproveitar-se ja da situacao. Deveriamos recensear as vitimas, por localizacao, agregado e outras estatisticas. Deveriamos isso sim, ver o INGC a publicar e amplificar pelos canais de que dispoem, a evolucao das operacoes de resgate, para que os esforcos fossem mais coordenados. Mas, o que nao deveriamos mesmo fazer, e um APROVEITAMENTO POLITICO da desgraca alheia. E isto aplica-se a FRELIMO, RENAMO, MDM e todos os outros que se poem ai a cantar de galo! E acreditem, eu tenho milhoes de motivos para apontar incompetentes neste pais. Mas irei faze-lo nesta circunstancia. Quando tudo passar, voltaremos a este assunto, se quiserem debate-lo.
  • José de Matos Sem duvida, vamos mostrar o nosso humanusmo agora, das razoes vamos continuar a falar depois. Entretanto, olho bem aperto para o oportuismo, politiquice e protagonismo, de todos os quadrantes.See Translation
  • Mauro Edmilson Singa Infelizmente ha humanos que so tem esse substantivo por acaso...
    Sejamos mais humanos
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  • Dino Foi Recuso me a comentar! Vão dizer que já comentei! SIMSee Translation
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