O bóson de Higgs – a descoberta do ano: Voz da Rússia

Anna Forostenko, Alexei Liakhov

29.12.2012, 11:49, hora de Moscou

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4 de julho de 2012 entrará na história mundial como dia de nascimento do Bóson de Higgs. Os otimistas não ocultaram o entusiasmo: foi encontrada a tão esperada partícula de Deus. Os pessimistas não se cansam de repetir que é cedo para se alegrar: a partícula ainda não provou seu direito de chamar-se Bóson de Higgs.

A descoberta do Bóson de Higgs lembra em muito a descoberta do sistema periódico pelo químico russo Dmitri Mendeleev. A física nuclear também tem seu modelo padrão. Ela descreve o mundo das particulas elementares e sua interação, esclarece o doutor em ciências físico-matemáticas, Vladimir Erokhin:

“O modelo padrão é o edifício em que existe uma certa quantidade de elementos, sem os quais ele não pode ficar em pé. Se o Bóson de Higgs não fosse descoberto, o próprio edifício ficaria sob questão. Tudo se insere de forma bonita entre si. Justamente por isso poucos esperavam que esta partícula poderia não existir. Ela é importante pedra na teoria”.

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Todos nós já nos acostumamos a que no sistema de Mendeleev somente resta descrever novas substâncias descobertas nos limites conhecidos. Mas poucas pessoas comuns sabem que o Modelo Padrão funciona no mesmo esquema. Significa que se o Bóson de Higgs foi encontrado, então os físicos teóricos imaginaram tudo corretamente. Justamente por isso os cientistas se alegraram tanto com essa partícula – contou à Voz da Rússia o doutor em ciências físico-matemáticas Oleg Dalkarov:

“Esta é uma partícula especial, que é necessária na teoria contemporânea. Ela confere massa a todas as outras partículas existentes no mundo. O mecanismo, que outrora foi proposto por Peter Higgs, dá a necessária massa a estas partículas”.

Esta descoberta não só dá o elo que faltava, mas também traça novas direções da ciência, acrescenta Vladimir Erokhin:

“O Bóson de Higgs é, em essência o último tijolinho na chamada Teoria Padrão de interações fundamentais. É um resultado importante. Mas não se pode dizer que ele é inesperado. Já foi mais ou menos estabelecido o fato de que a Teoria descreve corretamente a maioria dos fenômenos, com que nos encontramos. E a questão que agora interessa a todos é o que está além de seus limites?”

É fácil transferir para a vida cotidiana a descoberta dos cientistas, constata Oleg Dalkarov:

“Toda a população da Terra, em certo sentido, distingue-se entre si. As pessoas tem cores diferentes de pele e outras particularidades, mas no total elas são pessoas, que possuem determinados sinais genéticos. Estes sinais – comuns para todos – é que criam o campo escalar, que entra em interação com qualquer pessoa, independentemente de sua raça ou de pertencer a algum grupo. Todos nós devemos ter sinais iguais, porque somos pessoas”

Mais um detalhe importante: a descoberta do Bóson de Higgs tornou-se importante etapa na vida do Grande Colisor de Hádrons. Ele, aliás, foi construído justamente para encontrar a partícula de Deus. Entretanto os cientistas não têm, por enquanto, provas que confirmem que foi encontrado justamente esse elemento que falta, lamenta Oleg Dalkarov:

“Nos dados, que agora foram publicados, existem certas contradições. É preciso eliminá-las para se convencer de que realmente todas as desintegrações da partícula descoberta correspondem realmente às previstas do Modelo Padrão. E, finalmente, transparece uma certa afirmação de que supostamente se observa não um pico no espectro das massas, mas vários. Então, neste caso, o quadro será mais complexo. Mas hoje é preciso convencer-se de que a probabilidade de desintegração corresponde ao Modelo padrão e que a partícula quântica corresponde ao Bóson de Higgs”.

Mas mesmo se o elemento encontrado não for o que acreditaram inicialmente, os cientistas não deixaram de alegrar-se. Pois se o Bóson não é Bóson – significa que o quadro do mundo é ainda mais interessante e complexo. E para compreendê-lo são necessárias novas teorias e experiências.

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