quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Moçambique: Quais são as Histórias que Ficam por Contar?



Rising VoicesEsta postagem vem do site Rising Voices , um projeto do Global Voices que visa ajudar a difusão da mídia cidadã em lugares que geralmente não tem acesso a ela. · Tudo

TraduçõesEste post também está disponível em:

Español · Mozambique: ¿Cuáles son las historias que quedan por contar?
English · Mozambique: What are the Remaining Untold Stories?
Este é o primeiro de dois posts sobre a oficina de Cultura Livre e Mídia Cidadã, que aconteceu no Sindicato Nacional dos Jornalistas em Maputo, Moçambique, em Julho de 2012. O projeto foi implementado de forma voluntário pela autora do post original, Sara Moreira, e Júlio do Carmo Gomes.
Com a meta de encorajar cidadãos socialmente comprometidos a fazerem uma melhor utilização da mídia cidadã na era contemporânea, de forma mais consciente, crítica e independente, o jornal @Verdade - parceiro do Global Voices em Moçambique - organizou a oficina “Cultura Livre e Mídia Cidadã”, como forma de desencadear a construção de uma cultura midiática mais livre, mais unida e mais participativa:
Como criar uma multiplicidade de vozes activas no contexto dos novos meios de comunicação? Como valorizar essa utopia em rede como um processo inerente à luta por justiça social e por uma cultura emancipada? Como desafiar as ideologias dominantes, essa ficção que parece só ter um sentido e ser contada da mesma maneira pelos protagonistas de sempre? Como estabelecer as condições necessárias para que as pessoas comuns disponham do poder para desvendar essas ficções e mitos gerados pelas instituições dominantes, criando em alternativa as suas próprias representações culturais e políticas sobre a vida e o mundo?
Antes de explorar as respostas possíveis a tais questões, a oficina arrancou com uma pergunta aos 25 participantes - a maioria deles jornalistas ou colaboradores d'@Verdade, assim como estudantes interessados em comunicação, mídia cidadã, infoativismo e ativismo social - sobre suas expectativas para a jornada de 5 sessões de oficina gratuita que se iniciava, consistindo num total de 15 horas de teoria e prática.
Citize Reporter: Free Culture and Citizen Media. Poster by @Verdade newspaper.
Repórter Cidadão: Cultura Livre e Mídia Cidadã. Cartaz pelo jornal @Verdade.
Com um quadro branco e post-its espalhados pela sala (que podem ter servido de metáfora para o mural do Facebook ou posts de blog, num mundo mais desconectado), cada participante foi convidado a adicionar suas motivações e expectativas, assim como ideias, sugestões ou reclamções que poderiam ser destacadas ao logo das sessões. A sede por mais conhecimento a respeito de ferramentas tecnológicas para comunicação foi evidente, e os participantes também demonstraram seu desejo de aprender mais sobre o papel que o jornalismo pode desempenhar para fortalecer a cidadania. Eles ficaram inspirados pelo papel desempenhado por cidadãos repórteres noutras partes do globo, a desenvolver uma visão criativa e crítica para a difusão de histórias que acontecem em suas comunidades. Em um dos post-its, lia-se:
Eu quero participar da construção de um país livre de tabus, preconceito e, acima de tudo, onde haja liberdade de expressão.
Parte I: Quais são as Histórias que Ficam por Contar?
Collective mapping. Photo by the author on Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)
Collective mapping. Photo by the author on Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)
A oficina teve início com uma introdução teórica sobre globalização e sobre a confluência de interesses que ocorre entre poderes políticos e econômicos e a indústria midiática. Conceitos sobre acesso livre à informação foram tópico de discussões, assim como a obsolescência tecnológica, tópico que possibilitou uma perspectiva crítica para a maneira como informação é criada e compartilhada.
Em seguida, seis mapas nacionais foram criados em grupos pequenos, focando no contexto social e nas mídias de Moçambique. A meta de tal exercício foi promover uma reflexão partilhada sobre questões gerais que todos os participantes tinham em comum. Essas dinâmicas ajudaram na construção de um espaço para discussão e participação, o que quebrou a tendência de uma análise puramente individual e de passividade cívica.
Perguntas-gatilho [.pdf] foram entregues a cada grupo, que serviram de base para as análises do panorama nacional. O material foi adaptado a partir do projeto Argentino Iconoclasistas [es], que proporciona uma série de instruções [es] para oficinas de mapeamento coletivo.
Parte II: Táticas para Criação e Autonomia
Após a reflexão coletiva e a atividade de mapeamento, era hora de inspirar os participar para comunicar a realidade de Moçambique através de meios digitais de expressão e da participação cidadã.
Para tanto, foram apresentadas diversas iniciativas de infoativismo e movimentos sociais globais emergentes, que usam mídias digitais para disseminar suas ideias. Os exemplos vieram da exibição e da discussão do filme 10 Tactics (informationactivism.org), do Tactical Technology Collective, composto por 35 entrevistas com ativistas globais de direitos humanos.

O filme “10 Tactics for Turning Information into Action” [ou “10 Táticas para Transformar Informação em Ação”] ilustra efeitos de enxame para a mobilização social ao mostrar caminhos atravessados para a promoção de intervenção direta e transformação da realidade. Ao proporcionar exemplos de uso criativo e efetivo de mídias, tais como blogs, Twitter, Facebook e mapas coletivos, o vídeo “10 Tactics” serve também como diretrizes para aqueles que desejam explorar novas formas de criar ativismo de redes sociais e experimentar o uso inovador de ferramentas digitais.
Práticas do “Rising Voices”
Poucos dias antes do início da parte prática da oficina, um dos blogs mais populares do país, o Diário de um Sociólogo, publicou uma série de posts sobre “a morte dos blogs Moçambicanos”. O autor, professor Carlos Serra, justificou o desaparecimento de uma parte significativa da blogosfera Moçambicana pela disseminação do uso das redes sociais, particularmente o Facebook.
Na tentativa de contrapor a esse fenômeno (que não é exclusivo de Moçambique), e para responder uma das questões levantadas na primeira parte da oficina - “Por que acumular informação e conteúdo, se não temos tempo de pensar criticamente?” -, os participantes foram convidados a criar seus próprios blogs. No próximo post, vamos contar sobre os passos seguintes dos participantes e como eles começaram a usar essas novas ferramentas.

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