segunda-feira, 1 de outubro de 2012

X Congresso consagra Guebuza como todo poderoso

 
Pemba (Canalmoz) – Longe do propósito oficial (consagração da auto-estima), o X Congresso do partido Frelimo, cujo pano caiu na última sexta feira na cidade de Pemba, consagrou Guebuza como “o todo poderoso”.
Armando Guebuza é sem dúvidas, o grande vencedor do Congresso ao alcançar todos os seus objectivos: eliminou quase todos os camaradas que criticavam a sua direcção no partido e no País, e conseguiu colocar seus delfins em lugares estratégicos, na direcção do partido. Ainda testemunhou a agradável eleição da sua filha querida para o comité central.
Do comité central, Guebuza conseguiu “eliminar” do Comité Central, alguns dos históricos “incómodos” como Jorge Rebelo, que era das poucas vozes que conseguiam criticar publicamente Armando Guebuza. Mas a ala Guebuziana conseguiu mais grande feitos neste X congresso. Faz eleger Guebuza, sem concorrência, ao cargo de presidente do partido; fez eleger, sem concorrência, Filipe Paúnde, como secretário-geral do partido; e como uma cereja no topo do bolo, e também sem concorrência, conseguiu colocar José Pacheco como Secretário da Comissão de Verificação de Mandatos. Todas condições criadas para Guebuza continuar a mandar na Frelimo e no País… sem vozes que o contrariem, pelo menos de dentro.
Uma comissão política à medida de Guebuza
A marcha para a grande vitória de Guebuza começou na quarta-feira, com a sua reeleição para a presidência do partido. Mas o dia da consagração foi quinta-feira, com a eleição dos membros da comissão política, da lista da continuidade. No momento mais aguardado, viu-se Luísa Diogo, uma das vozes críticas à actual liderança e mais achegada a Chissano, a cair da comissão política, depois de ter sido dada como certa concorrente de Paúnde ao cargo de secretário geral. A queda da ex-primeira-ministra foi o assunto mais debatido nos corredores do congresso e nos cafés de Pemba.
Sexta-feira Guebuza selou a sua vitória. Muxara só assistiu à subida à comissão política, de membros que são tidos como “vassalos” de Guebuza. Subiram à comissão política, na sexta-feira, Alberto Vaquina (Governador de Tete), Sérgio Pantie, (secretário para área de organização e quadros do partido), Cadmiel Muthemba (ministro das Obras Públicas e Habitação), Carvalho Muária (Governador de Sofala), Esperança Bias (ministra dos recursos minerais), e Lucília Hama (Governadora da cidade de Maputo). São todos subordinados de Guebuza, por ele nomeados para ministros e governadores - excepção a Sérgio Pantie. A estes juntam-se os que haviam sido eleitos na noite da quinta-feira: Alberto Chipande, Eduardo Mulémbwè, Eneias Comiche, Raimundo Pachinuapa, Verónica Macamo, Margarida Talapa, Conceita Sortane e Alcinda Abreu.
Mulémbwè e Comiche: os sobreviventes
Como se pode ver na lista, dos novos membros da Comissão Política, “há dois nomes estranhos” às preferências e objectivos do grupo de Guebuza. São Eduardo Mulémbwè, antigo presidente da Assembleia da República e Eneias Comiche, antigo presidente do Conselho Municipal de Maputo, que a opinião pública comenta que foi afastado por ser competente e ter se recusado a prestar favores a alguns camaradas, enquanto edil.
Para o caso de Mulémbwè, começou a ser combatido abertamente logo no primeiro dia do congresso, quando deu entrevista a jornalistas manifestando disponibilidade para ser candidato da Frelimo às presidenciais, “caso o partido o propusesse”. Mal os jornais saíram no dia seguinte com entrevista de Mulémbwè, o secretário para Mobilização e Propaganda mandou recolher todos os jornais que circulavam no recinto do congresso, alegadamente por motivos de segurança. Talvez segurança política. Estava claro que Mulémbwè seria combatido até as últimas consequências. Mas resistiu e os seus detractores tiveram que o engolir a ser eleito e com uma margem folgada para continuidade na Comissão Política.
Comité Central não quer Edson Macuácua na Comissão Política
Era dada como certa a eleição de Edson Macuácua, o actual secretário para Mobilização e Propaganda, que de resto tem se notabilizado na reprodução do discurso do presidente do partido e um fiel servidor da ala de Guebuza. Concorreu para a Comissão Política para ocupar uma das quatro vagas juntamente com Alberto Vaquina, Sérgio Pantie, Cadmiel Muthemba, Carvalho Muária e Hermenegildo Infante (primeiro secretário da cidade de Maputo). Edson foi o menos votado da lista, e ficou de fora juntamente com Hermenegildo Infante.
Logo que foi anunciada a lista dos aprovados pelo Comité Central para a Comissão Política começaram a ser construídas explicações para as preferências de voto segundo interesses estratégicos de Guebuza. Eis a lógica que ouvimos fora da sala do Congresso e registamos: Esperança Bias e Albero Vaquina são tidos como estratégicos para Guebuza no âmbito do controlo da exploração mineira e assinatura de contratos com as multinacionais. Cadmiel Muthemba antigo fiel servidor de Guebuza nos interesses ligados à pesca e agora tramita o mesmo expediente nas Obras Públicas. Carvalho Muária tramita o expediente do presidente do partido no dossier portos e caminhos-de-ferro (linha de sena) como governador de Sofala. No caso de Sérgio Pantie, é um novo quadro (trabalha na organização de quadros) que está a ganhar confiança do presidente: tratou do expediente que levou Benedito Guimino a ganhar eleições em Inhambane.
Como se pode ver, todos que entraram para a comissão política como novos, tem alguma afinidade de interesse junto do Chefe do Estado. Sem explicação fiou a eleição de Lucília Hama, mas que é a governadora da capital, nomeada por Guebuza.
Aires Ali e Aiuba Cuereneia: os grandes derrotados
A luz da teoria de “membros ligados a Guebuza” não tiveram sorte dois delfins de Guebuza, nomeadamente, Aires Ali (primeiro-ministro) e Aiuba Cuereneia (ministro da Planificação e Desenvolvimento). Aliás, o primeiro era visto como preferência de Guebuza para candidato a Chefe de Estado. O Comité Central disse não a estas duas figuras para a Comissão Política e acabaram saindo pela porta pequena de Muxara. Entraram poderosos e saíram com o povo. Para o caso de Aires Ali, vai continuar (mas sem direito a voto) na Comissão Política só por inerência de funções na qualidade de primeiro-ministro. Se não conseguir renovar o posto de PM no próximo mandato, dirá adeus ao grande e restrito centro do poder político e consequentemente económico. (Redacção)

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