Derrotado pelo próprio orgulho, o líder tucano tem o futuro nas próprias mãos. Não está morto, mas precisa olhar para si e usar seu orgulho para se fortalecer
José Serra, tucano que já concorreu à presidência da
República, derrotado pelo petista Fernando Haddad para
a prefeitura de São Paulo
República, derrotado pelo petista Fernando Haddad para
a prefeitura de São Paulo
Elder Dias
Na edição desta semana do Jornal Opção está uma entrevista (clique aqui para acessá-la) com o deputado federal e líder petista em Goiás Rubens Otoni. São quatro páginas de uma aula de lições de estratégia política, desapego pessoal e pensamento no partido. Otoni diz, entre outras coisas, que mesmo nomes expressivos, se representarem um racha entre os partidos da aliança, nunca são os melhores nomes.
Algo em que José Serra e a turma do PSDB de São Paulo deveriam ter pensado com carinho antes de iniciar a batalha (que virou vexame) pela Prefeitura paulistana. Nome nenhum ganha jogo por antecipação. Mas acharam que Serra estava com a faca e o queijo nas mãos, ainda mais diante de adversários medíocres ou desconhecidos. Como o tal Fernando Haddad, conhecido no meio tucano como "poste de Lula".
Ainda ecoam as críticas dos analistas políticos à escolha — que se mostrou golpe de mestre — do ex-ministro da Educação como candidato do PT. Imagino como deve ter sido, então, a reação da "inteligentsia" (entre aspas mesmo) do PSDB paulista quando ficou sabendo da escolha, bancada pelo lulopetismo. Sem Marta Suplicy no caminho, com Celso Russomanno como maior perigo, a eleição estava no papo, pensaram. Obviamente, o discurso oficial era de "respeito aos adversários". Dentro deles já caminhavam com um salto 45.
No sentido de estratégia política, o PSDB de São Paulo se encontra hoje no estágio em que o PMDB goiano estava há 14 anos. Naquele já longínquo 1998, o todo-poderoso Iris Rezende perdia uma eleição vencida de véspera para o "menino" Marconi Perillo. Uma derrota humilhante frente a alguém que, achavam, estava ali para "cumprir tabela", tal era o poderio peemedebista, ainda mais com seu maior nome em todos os tempos em Goiás na disputa.
Iris perdeu duas eleições seguidas — em 2002, ainda seria vexatoriamente derrotado na briga por duas vagas ao Senado, perdendo para o fenômeno de votos e hoje cassado (depois de reeleger-se) Demóstenes Torres e para a veterana Lúcia Vânia (PSDB). Parecia então chegar ao fim a carreira do velho "denossauro", termo utilizado nas campanhas tucanas em Goiás pelo ator Pedro Bismarck, na pele de seu tipo caipira Nerso da Capitinga, para atacar o Iris, então quase septuagenário.
O "denossauro" da vez é José Serra, hoje com exatos 70 anos. Para muitos, a derrota deste domingo colocou-lhe pantufas e pijama como político. Apegado ao poder, será difícil a ele vestir essa nova roupa. Contra isso, sua única saída é entrar em uma roupagem.
Derrotado, humilhado, Iris Rezende se viu reconduzido ao poder em 2004, como prefeito de Goiânia. Fez uma gestão aprovadíssima pela população, que lhe deu novo mandato em 2008 com o pé nas costas. Mas a sanha cega pelo poder no PMDB goiano — que, este sim, continua "denossauro" — o fez renunciar à Prefeitura para concorrer ao governo em 2010. Nova derrota para Marconi. Mas agora, na capital goiana, Iris ajudou a reeleger em primeiro turno seu vice e agora prefeito Paulo Garcia (PT). Bancou o nome do petista, mesmo contra parte do próprio partido, que queria forçar uma candidatura própria. Já candidato marconista, deputado federal Jovair Arantes (PTB), que não abriu mão do próprio nome em um cenário inviável, foi um fracasso de votação.
Iris foi, é e sempre será vaidoso. Mas buscou reconhecer o que havia de errado e o tinha feito ir ao fundo do poço. Ao contrário de seu partido, se reciclou e foi aprovado. Ganhou o respeito que havia perdido e mostrou que o velho na idade pode se tornar novo de novo na política.
Serra não está morto politicamente. Não de véspera. Mas somente um banho de humildade pode ajudar José Serra neste momento. E depois, reciclado — se conseguir isso —, somente o bicho político que há dentro dele, alimentado incessamente pela própria vaidade, conseguirá trazê-lo à tona de volta à cena do poder.
Na edição desta semana do Jornal Opção está uma entrevista (clique aqui para acessá-la) com o deputado federal e líder petista em Goiás Rubens Otoni. São quatro páginas de uma aula de lições de estratégia política, desapego pessoal e pensamento no partido. Otoni diz, entre outras coisas, que mesmo nomes expressivos, se representarem um racha entre os partidos da aliança, nunca são os melhores nomes.
Algo em que José Serra e a turma do PSDB de São Paulo deveriam ter pensado com carinho antes de iniciar a batalha (que virou vexame) pela Prefeitura paulistana. Nome nenhum ganha jogo por antecipação. Mas acharam que Serra estava com a faca e o queijo nas mãos, ainda mais diante de adversários medíocres ou desconhecidos. Como o tal Fernando Haddad, conhecido no meio tucano como "poste de Lula".
Ainda ecoam as críticas dos analistas políticos à escolha — que se mostrou golpe de mestre — do ex-ministro da Educação como candidato do PT. Imagino como deve ter sido, então, a reação da "inteligentsia" (entre aspas mesmo) do PSDB paulista quando ficou sabendo da escolha, bancada pelo lulopetismo. Sem Marta Suplicy no caminho, com Celso Russomanno como maior perigo, a eleição estava no papo, pensaram. Obviamente, o discurso oficial era de "respeito aos adversários". Dentro deles já caminhavam com um salto 45.
No sentido de estratégia política, o PSDB de São Paulo se encontra hoje no estágio em que o PMDB goiano estava há 14 anos. Naquele já longínquo 1998, o todo-poderoso Iris Rezende perdia uma eleição vencida de véspera para o "menino" Marconi Perillo. Uma derrota humilhante frente a alguém que, achavam, estava ali para "cumprir tabela", tal era o poderio peemedebista, ainda mais com seu maior nome em todos os tempos em Goiás na disputa.
Iris perdeu duas eleições seguidas — em 2002, ainda seria vexatoriamente derrotado na briga por duas vagas ao Senado, perdendo para o fenômeno de votos e hoje cassado (depois de reeleger-se) Demóstenes Torres e para a veterana Lúcia Vânia (PSDB). Parecia então chegar ao fim a carreira do velho "denossauro", termo utilizado nas campanhas tucanas em Goiás pelo ator Pedro Bismarck, na pele de seu tipo caipira Nerso da Capitinga, para atacar o Iris, então quase septuagenário.
O "denossauro" da vez é José Serra, hoje com exatos 70 anos. Para muitos, a derrota deste domingo colocou-lhe pantufas e pijama como político. Apegado ao poder, será difícil a ele vestir essa nova roupa. Contra isso, sua única saída é entrar em uma roupagem.
Derrotado, humilhado, Iris Rezende se viu reconduzido ao poder em 2004, como prefeito de Goiânia. Fez uma gestão aprovadíssima pela população, que lhe deu novo mandato em 2008 com o pé nas costas. Mas a sanha cega pelo poder no PMDB goiano — que, este sim, continua "denossauro" — o fez renunciar à Prefeitura para concorrer ao governo em 2010. Nova derrota para Marconi. Mas agora, na capital goiana, Iris ajudou a reeleger em primeiro turno seu vice e agora prefeito Paulo Garcia (PT). Bancou o nome do petista, mesmo contra parte do próprio partido, que queria forçar uma candidatura própria. Já candidato marconista, deputado federal Jovair Arantes (PTB), que não abriu mão do próprio nome em um cenário inviável, foi um fracasso de votação.
Iris foi, é e sempre será vaidoso. Mas buscou reconhecer o que havia de errado e o tinha feito ir ao fundo do poço. Ao contrário de seu partido, se reciclou e foi aprovado. Ganhou o respeito que havia perdido e mostrou que o velho na idade pode se tornar novo de novo na política.
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