> Fui o primeiro jornalista a chegar ao local, em Camarate, onde caíu a avioneta fatídica que transportava Sá Carneiro e Amaro da Costa. A primeira individualidade pública a chegar ao local, cerca de 30 minutos depois, foi Eurico de Melo. Ele viu e ouviu o que parece ter ficado para sempre no segredo dos deuses. Ele fez muitas perguntas no local e lembro-me que a um indivíduo que se apresentou como perito de uma entidade qualquer de minas e explosivos, Eurico de Melo ouviu que "claramente" se tratou de um rebentamento de uma carga explosiva. Eurico de Melo assistiu à rapida e preocupada retirada de alguns destroços do avião, por "alguém" que se anunciou como sendo "do Governo". Não sei se Eurico de Melo alguma vez prestou declarações às muitas comissões que foram criadas para descobrir a mentira. Eu nunca fui ouvido. No local troquei impressões com Eurico de Melo e ele perguntou-me se ia escrever sobre o assunto. Respondi-lhe que trabalhava na RTP e que tudo o que escrevesse dependia do director de informação. A minha opinião nunca foi expressa, mas posso desde já afirmar-vos que não tenho dúvidas de se ter tratado de um atentado. Por quê? Porque eu tinha acabado de cumprir quatro anos de serviço militar e também fiquei a conhecer muito bem o que eram explosivos. E em Camarate, junto aos destroços, o cheiro a explosivos era nauseabundo... Morreu o social-democrata Eurico de Melo, para mim morreu Camarate.
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