Cooperação técnico-militar entre Rússia e Ucrânia: riscos políticos e empresariais

 

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Ilya Kramnik

30.10.2012, 19:35

© Colagem: Voz da Rússia

Quaisquer mudanças políticas na Ucrânia influem na cooperação técnico-militar entre Moscou e Kiev. Será que esta cooperação é protegida hoje de riscos políticos e como a Rússia poderá garantir-se das mudanças na disposição da direção da Ucrânia?

As principais potencialidades produtivas do Setor Militar-Industrial soviético encontravam-se no território da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, mas a Ucrânia podia ser qualificada de pórola do ramo defensivo da União Soviética: empresas ucranianas participavam da produção de equipamentos e armamentos destinados para todas as armas da URSS e no seu território encontravam-se muitas empresas e birôs de projeção militar centrais.

O papel de produtores de agregados e componentes não foi menos importante: praticamente todos os helicópteros soviéticos e uma parte considerável de aviões eram equipados com motores de fabricação ucraniano. Também na Ucrânia era produzida uma grande parte de instalações energéticas navais e muitos outros equipamentos.

Hoje, a importância de empresas ucranianas para o ramo defensivo da Rússia tem diminuindo, mas não pode ser depreciada: a cooperação com a Ucrânia desempenha grande papel na indústria aeronáutica, inclusive na construção de helicópteros, na produção de vários sistemas de defesa antiaérea e, finalmente, na manutenção em bom estado de mísseis R-36M2 Voievoda, que continuam a constituir uma parte considerável do potencial nuclear russo. Ao mesmo tempo, a cooperação com a Ucrânia encerra certos riscos, tanto políticos como empresariais.

As eleições decorridas fizeram lembrar os primeiros. A passagem de nacionalistas para o Parlamento e as perspetivas confusas do atual presidente, Viktor Ianukovitch, nas próximas eleições podem levar a sérias consequências – da revisão do regime de baseamento da Esquadra da Rússia no Mar Negro, na Crimeia, a possíveis problemas na esfera da cooperação técnico-militar, capazes de suspender os contatos de produção bilaterais.

Destaque-se que esta cooperação inclui ainda riscos empresariais. Os costumes do processo empresarial ucraniano, acentuados por muitos peritos, dificultam fortemente o desenvolvimento de uma cooperação de longo prazo. A revista de condições contratuais já acordadas, a protelação de conversações, a frustração de prazos contratuais em conjunto com uma degradação do potencial produtivo e científico ucraniano não inspiram otimismo.

Uma saída evidente nestas condições é uma substituição gradual de artigos ucranianos por russos, o que já acontece em alguns ramos. A Rússia, por exemplo, renunciou a adquirir mísseis “ar-ar” de fabricação ucraniana – mísseis russos de nova geração são produzidos hoje pela corporação nacional Mísseis Táticos (KTRB). Um projeto bastante importante é a transferência da produção de turbo-propulsores para helicópteros para a Rússia, o que permitirá localizar definitivamente a construção de helicópteros na Rússia.

Naturalmente, tal atitude exige muitos meios e tempo e dificilmente pode ser considerada ótima. Contudo, é pouco provável que a melhor variante – a conjugação de esforços de empresas russas e ucranianas sob o mesmo teto – seja possível.