domingo, 30 de setembro de 2012

Moçambique assinala 20 anos do Acordo Geral de Paz

 

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Moçambique comemora na quinta-feira o 20.º aniversário do Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra movida pela Renamo contra o Governo da Frelimo, com um resultado trágico de cerca de um milhão de mortos.
O pacto foi assinado na capital italiana, Roma, pelo antigo Presidente moçambicano, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Joaquim Chissano, e pelo líder da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), agora principal partido da oposição, Afonso Dhlakama.
O ato resultou de intensas negociações iniciadas pelo primeiro chefe de Estado moçambicano, Samora Machel, que morreu num acidente aéreo, em 1986, mas foi Joaquim Chissano quem conduziu "a parte mais intensa da busca da paz".
"Não há dúvida nenhuma que a parte mais intensa da busca da paz, depois de todo o historial iniciado por (Samora) Machel, foi feita por mim. As novas estratégias aplicadas também foram pensadas por mim e a própria negociação foi orientada por mim. O camarada Armando Guebuza (atual Presidente moçambicano) era o mediador principal, o chefe da mediação, mas teve orientação e retaguarda feitas por mim", disse Joaquim Chissano numa recente entrevista à Rádio Moçambique.

A guerra civil iniciou-se em fevereiro de 1976, oito meses depois da proclamação da independência de Moçambique, a 25 de junho de 1975.
A longa busca pela paz remonta à década de 1980, quando o país ainda era dirigido por Samora Machel, mas foi em 1988 que foram reportados os primeiros contactos secretos entre líderes religiosos e representantes da Renamo sobre a possibilidade de encontros diretos com a Frelimo visando acabar com a guerra civil.
Nas vésperas da aprovação da primeira Constituição multipartidária (finais de 1989, documento que vigorou a partir do ano seguinte), líderes religiosos encontraram-se com Afonso Dhlakama, na principal base da Renamo, no centro de Moçambique, com quem discutiram sobre o imperativo do fim da contenda.
O Acordo Geral de Paz foi rubricado sob auspícios da Comunidade de Sant`Egídio e do Governo italiano, que se envolveram como mediadores do processo de paz, assegurando o primeiro encontro entre Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama em agosto de 1992 em Roma.
Inicialmente marcado para ser assinado a 01 de outubro de 1992, o Acordo Geral de Paz teve um impasse de dois dias devido aos desacordos de alguns pontos do memorando, levando Afonso Dhlakama a ameaçar prosseguir com a guerra civil.
"É uma proposta que veio da Renamo à última da hora e eu próprio elaborei três protocolos e um deles era sobre a administração. Todos foram aceites pelos mediadores e estes não chegaram a informar a contraparte da Renamo de que os protocolos eram da nossa autoria (Governo). Se o tivessem dito, a Renamo teria rejeitado", lembrou Joaquim Chissano.
A 04 de outubro de 1992 Moçambique alcançou a paz com a assinatura do acordo.
MMT.
Lusa – 30.09.2012

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