terça-feira, 21 de agosto de 2012

Teólogos muçulmanos ameaçam cortar colaboração com a Frelimo

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Em causa os comunicados do Ministério da Educação
A comunidade muçulmana desafia o Governo a “pedir desculpas (públicas) aos muçulmanos pela ofensa, além de autorizar as mulheres muçulmanas o uso do véu na imagem fotográfica de documentos de identificação, tais como (Bilhete de identidade, passaporte, carta de condução, cartão de eleitor etc.)”
Está declarada a guerra! A Comissão dos Álimos (teólogos) de Nampula emitiu, no passado dia 11 de Agosto em curso, uma deliberação na qual não só desafia o Governo a “pedir desculpas aos muçulmanos pela ofensa, via imprensa” como também ameaça cortar colaboração com o executivo e com o partido Frelimo.  
No dia seguinte (12 de Agosto), elaboraram, em resposta aos referidos comunicados do Ministério da Educação (MINED), atinente ao uso do véu nas escolas públicas, privadas e particulares, uma exposição que foi encaminhada ao Conselho de Ministros, em que apresentam a sua preocupação pelos “constantes pronunciamentos e decisões do Ministério de Educação”.                                 
Deliberação da sessão extraordinária                            
Os teólogos muçulmanos, reunida na sua sessão extraordinária dos dias 10 e 11 de Agosto de 2012 na cidade de Nampula, para analisar o teor das circulares nºs 1387/2012 e 06 GM/MINED/2012 do MINED, do dia 31 de Julho e 10 de Agosto de 2012, respectivamente, deliberaram que o Governo deve, além de pedir desculpas aos muçulmanos pela ofensa, via imprensa, “autorizar, de forma documentada, o uso do hijab (véu Islâmico) nas instituições públicas e privadas permanentemente”; autorizar também “as mulheres muçulmanas o uso do véu na imagem fotográfica de documentos de identificação tais como (Bilhete de identidade, passaporte, carta de condução, cartão de eleitor etc.)”.
Na mesma deliberação, desafiam o Governo a incluir “mais académicos e intelectuais muçulmanos nos diferentes sectores de actividades do âmbito governamental” e “colaborar em matéria religiosa com os teólogos e respeitar os princípios islâmicos”.
Os teólogos referem que os pontos apresentados são os que “mais inquietam os muçulmanos de Nampula, em particular, e do país no geral”, daí esperarem “a apreciação minuciosa e a resposta urgente” dos mesmos para “tranquilizar o clima tenso instalado pela circular nº 1387/12, emitido pelo MINED”.
Recado eleitoralista
Na deliberação em referência, assinado pelo Sheikh Ismael Abudo, os muçulmanos deixam um recado claramente eleitoralista: “com a resolução das inquietações acima pela vossa parte, perspectivar-se-á uma boa colaboração da Comunidade Islâmica no âmbito político”.
O documento foi enviado, não só ao governador da província de Nampula, como também ao secretário do Comité Provincial do Partido Frelimo e aos conselhos dos Álimos provinciais.
Repúdio muçulmano em exposição
Num outro documento (exposição), encaminhado ao Conselho de Ministros, os teólogos dizem que “volvidos 50 anos do partido Frelimo e 37 da independência, esperava-se um Moçambique melhor, de paz, tolerância e respeito mútuo”, onde a prioridade de agenda “fosse harmonia social em todas as regiões” do país.
 “A Comunidade Muçulmana faz e fará parte do povo moçambicano até ao dia em que se publicar o contrário; ela contribuiu desde a fase pré-colonial, colonial e pós-colonial até aos nossos dias, de grande forma para os diferentes aspectos de agenda do desenvolvimento deste país sem necessidade de se especificar. Todavia, não faz sentido somente ser utilizada e excluída”, refere aquela comunidade na exposição, esclarecendo que “quem pensar que os muçulmanos são atrasados estará a trair a sua própria consciência”.
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