38 A partir duma primeira abordagem do material empírico recolhido na
cidade de Tete em 2004, apresentam-se apenas algumas hipóteses
interpretativas. O prosseguimento das pesquisas permitirá consolidá-las
(ou não).
39 Uma primeira tese que se equaciona tem a ver com o seguinte: se,
em termos de divisão «tradicional» ou institucional da evolução de
Moçambique (como no geral das ex-colónias, particularmente as africanas)
tendemos a dividir o tempo político entre a fase colonial e a fase
pós-colonial, sendo essa viragem um marco cronológico por excelência,
quando analisamos a evolução do estado a partir das representações
sociais hoje existentes, consubstanciadas em torno de modelos de
actuação do estado (estado colonial; estado pós-colonial socialista; e
estado pós-colonial multipartidário), isso é, de algum modo, posto em
causa. Sem negar a importância da diferenciação entre o colonial e o
pós-colonial, uma primeira análise das entrevistas permite realçar com
nitidez a tendência, no pensamento social sobre o político, para
estabelecer um outro marco separador do tempo histórico do estado: por
um lado, o estado multipartidário da II República (desde os anos 90) e,
por outro lado, o estado autoritário (englobando o estado colonial e
estado pós-colonial socialista).
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