sexta-feira, 27 de julho de 2012

HISTÓRIA - Governo português tenta distorcer história colonial

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ACADÉMICOS TENTAM DISTORCER A HISTÓRIA DA ESCRAVATURA
PREÂMBULO
“Estimativas indicam que durante o comércio de escravos cerca de 12 milhões de africanos foram raptados e transportados através do Atlântico.
“para ser fiel à história e moralmente responsável, consideramos que a inclusão desses ‘monumentos’ no dito concurso deveria ser acompanhada de informações completas sobre o papel deles no tráfico atlântico, assim como sobre seu uso actual”
INTRODUÇÃO
Tomei conhecimento deste artigo em vários sítios, imprensa escrita, e blogues que diariamente frequento.
E não reagi, apenas, e porque, não estava na minha casa, no Moçambique para Todos, que mais uma vez não torneia as questões, não ignora escritos incómodos, o que seria bem mais fácil, e largamente praticado pela grande maioria de blogues que conheço.
Quem me conhece, e está escrito, não fujo a questões destas e outras análogas que os usuais “moralistas da inteligência” em coro orquestrado engendram de quando em vez, usando argumentos como moral, verdade histórica, bla, bla, bla,…
Mas passam facilmente por cima de factos vividos quotidianamente nos seus próprios países, de actos praticados todos os dias pelos regimes ditatoriais, e suas oligarquias governantes.
Passam por cima, ignoram abjectamente a escravatura praticada HOJE, 2009, em África!!!
Em vários países de África, no sec. XXI, HOJE, 2009.
Pretendem a verdade histórica, moral, cortar a direito, pois vamos lá então.
ESCRAVATURA
A prática da escravatura perde-se na memória dos tempos, e foi praticada em TODOS os continentes, por quase TODOS os Povos, com raras excepções.
Atalhando, e para centrar o debate, direi:
1 – Os Portugueses praticaram a escravatura durante a sua fase de expansão, descobrimentos, sendo que a escravatura nunca foi o principal objectivo, nem sequer constava dos propósitos iniciais que levaram a tal grandiosa empresa, mas uma das suas muitas consequências.
2 – A escravatura praticada pelos Portugueses, começou na África não negra, não Banta, mas sim no norte de África, nos actuais territórios de Marrocos, Sahara (Republica independente reconhecida pela UA, e que África “prefere” esquecer, silenciar, fingir que não existe, e nos dias de hoje), e Mauritânia.
3 – Os raptos de pessoas, cativos, tinham como principal objectivo a recolha de informações dos territórios que se iam conhecendo, ensinar-lhes a língua portuguesa e transformá-los em interlocutores em posteriores idas aos mesmos locais, ou próximos – os chamados “línguas” (interpretes/tradutores).
4 – Outros cativos acabavam em serviços domésticos, ou em povoamento de zonas depauperadas do reino.
5 – Cativos que inicialmente foram conseguidos por sortidas ao sertão, ou surpreendidos nos seus barcos ou nas praias. As sortidas ao sertão/interior eram de alto risco, e causavam baixas nos marinheiros/soldados Portugueses.
6 – Imediatamente os Portugueses compreenderam ser muito mais fácil adquiri-los directamente aos Africanos, aos comerciantes de escravos africanos que já existiam e funcionavam em amplas redes estabelecidas há séculos, fazendo a ligação comercial dentro de África, e com o sul da Europa – as célebres caravanas que tudo comercializavam, desde que houvesse interesse comercial, sendo os escravos uma das vertentes das actividades das caravanas africanas que então esquadrinhavam o sertão.
7 – Que fique muito bem clara esta questão: A escravatura era amplamente praticada em África há séculos, e os escravos eram comercializados pelos Africanos, consequência de guerras que sempre existiram, como em todo o lado, ou por simples raptos em aldeias de vizinhos, quando não a venda dos próprios concidadãos.
8 – E os Portugueses chegaram a intermediar escravos de um local para outro de África, comprá-los num lado, vendê-los noutro local de África, a troco de ouro, esse sim, um dos principais objectivos da expansão – estava-se numa fase da economia em que o ouro assumia um papel preponderante como meio de pagamento, e riqueza.
9 – Com o desenvolvimento de Brasil, os Portugueses tiveram necessidade de adquirir, comprar mais escravos para serem utilizados como mão-de-obra naquele território, principalmente. Outros acabavam por ficar no reino, em outros territórios Portugueses, e até transaccionados com outros povos – Africanos e Europeus.
10 – Os Portugueses COMPRAVAM/VENDIAM, os Africanos VENDIAM/COMPRAVAM.
A ESCRAVATURA E PORTUGAL
Portugal, a Península Ibérica, foi alvo da conquista Africana durante 700 anos efectivos. Durante esse período os nossos antepassados foram oprimidos, mortos, torturados, colonizados, escravizados, espoliados, castrados, incorporados à força em exércitos para guerras longínquas e estranhas, as nossas mulheres prostituídas em haréns e outros, homens, mulheres e crianças arrastadas pelo sertão africano, para locais distantes como escravos para TODO o serviço, sei lá…
Mesmo muito depois da reconquista cristã, eram muito vulgares as sortidas de Africanos ao litoral de Portugal para captura de escravos, mulheres e crianças preferencial, ou mais facilmente – situação que acabou no sec. XVIII – a situação inversa também acontecia.
Os Portugueses conheceram a prática da escravatura na própria pele, e os seus grandes mestres, instrutores, foram principalmente os Africanos, autores da sua escravização. Aprendemos como vítimas, à própria custa, como ainda hoje é vulgar.
Factos comprovados pela genética através dos marcadores de ADN, para além das muitas fontes escritas muito antigas, que os “intelecto-moralistas” não desconhecem!
Os Portugueses começaram no comércio Mediterrânico a adquirir escravos aos Africanos (Mouros/Arabizados), depois de séculos sendo escravizados também pelos mesmos, e outros Africanos.
Finda a reconquista, atingido o Algarve, última fronteira, pensaram os Portugueses continuar a expulsar, perseguir os seus figadais, profundos, inimigos africanos – os mesmos que durante 700 anos nos tinham colonizado, escravizado – isto é importantíssimo, e convém não esquecer, OK?
A expansão que começou com Ceuta foi uma RESPOSTA normal, lógica, decorrente da situação de colonização e escravidão imposta pelos Africanos durante 700 anos efectivos – foi um contra-ataque preventivo, primeiro, e ofensivo, depois…

CONCLUSÃO

Os Africanos não se podem arvorar de NENHUMA superioridade moral na matéria – estão enterrados até ao pescoço na prática da escravatura, no comércio da escravatura há muitos séculos, mesmo muito antes da existência de Portugal como Estado, e também uma das principais vítimas da escravatura praticada, precisamente pelos Africanos.

A prática da escravatura é HEDIONDA aos olhos da grande maioria humanidade HOJE, mas era vista pela grande maioria, à época, como uma actividade sem o peso que hoje lhe atribuímos – sinal de evolução positiva do Homem, mas que ainda não chegou a toda a África, ainda nos dias de HOJE.

Portugal não pode ignorar o facto de ter praticado a escravatura, transaccionado escravos, nem o facto de antes disso, os Portugueses terem também sido escravizados, e transaccionados pelos Africanos.

É uma forma torpe de encarar a história – só um complexo de “superioridade” profunda de que enferma o Povo Português o leva a querer “esquecer” que foram escravizados, colonizados, precisamente pelos Africanos – para além duma profunda ignorância da sua própria história – que dever ser assumida na sua plenitude.

Sou de opinião que Portugal à semelhança do que outros o fizeram, e os exemplos referidos pelos intelecto-moralistas, também o deve fazer!!!

Mas após o pedido de desculpas, da retratação dos Africanos pelos actos praticados sobre os nossos antepassados – colonialismo e escravatura na Península Ibérica durante 700 anos efectivos (Marrocos, Líbia, Argélia, Tunísia, Egipto, Mauritânia, Sahara, Mali, Gana, Senegal,…).

Para facilitar o processo, o pedido de desculpas pode ser em conjunto.

Ficamos à espera, e não tentem branquear a história.

Assumam-na.

NOTAS FINAIS

Quanto à escravatura, NINGUÉM tem as mãos limpas.

NINGUÉM tem superioridade moral, ou histórica, perante os outros.

A escravatura foi uma prática hedionda, execrável, condenável, de que TODOS nos devemos penitenciar.

ÁFRICA deve continuar a evoluir, e a erradicar, HOJE, a prática da escravatura que se verifica em vários países Africanos – e os académicos devem secundar, concentrar também o seu enfoque nessa vergonha contemporânea.

Devem ser honestos e coerentes.

Porque sou também a favor da verdade histórica, e “para ser fiel à história e moralmente responsável, consideramos que a inclusão desses “monumentos” no dito concurso deveria ser acompanhada de informações completas sobre o papel deles no tráfico atlântico, assim como sobre seu uso actual”, sou de opinião que a informação deve fazer referência à escravatura, e a quem os Portugueses compravam os escravos, isto é, quem os vendia.
A informação que se requer fiel, completa e sucinta, não deve de forma alguma ignorar TODOS os actores da prática da escravatura.

FINALMENTE

Este escrito, amador, pode ser utilizado por quem quer que seja, divulgado, traduzido em várias línguas, e inclusivamente alvo de petições em abono da verdade histórica.

Estão autorizados.

Já fiz a minha parte.

Como sempre, em abono da minha verdade.

umBhalane

1 comentário:

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