Maputo, Quarta-Feira, 1 de Fevereiro de 2012:: Notícias
Falando ao “Notícias” a-propósito do quinquagésimo aniversário do partido no poder, cujo programa das celebrações vai ser lançado sexta-feira, 3 de Fevereiro, no Maputo, pelo Presidente da República, João Munguambe e Lopes Tembe, respectivamente, co-fundadores da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) defenderam que nunca houve e nem deve haver dúvidas de que o programa aprovado no primeiro congresso, aquando da sua fundação em 25 de Junho de 1962, é marcadamente social, mesmo com a vigência da economia de mercado. Segundo afirmaram, do programa constam os pressupostos socialistas que viriam a nortear toda a sua acção após a independência nacional.
“O programa traçado pelo primeiro congresso está a ser cumprido até aos dias de hoje e os sucessos disso é o desenvolvimento que todos nós vemos. Congratulo-me com os êxitos alcançados com o desenvolvimento do país”, disse João Munguambe.
João Munguambe
João Munguambe
Adaptar-se às condições objectivas de cada época
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Fevereiro de 2012:: Notícias
João Munguambe defende que a Frelimo sempre soube adaptar-se às condições reais e objectivas de cada época histórica. Desde Mondlane, passando por Samora Machel, Joaquim Chissano até à liderança de Armando Guebuza, nunca houve desvio da linha política orientadora da acção do partido.
“Não há Frelimo de hoje nem de ontem. Existem alguns que dizem que há uma diferença no tempo entre Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza, mas isso não corresponde à verdade. Cada época se adapta às condições reais. Não pode haver comparação nenhuma entre o tempo de guerra e o da paz. A Frelimo sempre soube acompanhar a evolução dos tempos. Ela soube adaptar-se, por exemplo, às novas tecnologias e às exigências do desenvolvimento humano. Não digo que sem a existência da Frelimo não haveria desenvolvimento, mas ela soube adaptar-se de uma forma perfeita e revolucionária”, afirmou.
História da Frelimo não tem enfeites
Sobre a história da Frelimo, que é posta em causa por alguns moçambicanos, sobretudo a partir da introdução do sistema multipartidário no país, João Munguambe disse subscrever a versão oficial escrita pelo falecido Professor Fernando Ganhão. Segundo afirmou, o que Fernando Ganhão escreveu, na altura, sobre a história da Frente de Libertação de Moçambique é verdade e estilizada, científica e sem enfeites nem omissões.
Ela foi escrita ao longo dos 10 anos de luta de libertação nacional e versava sobre o dia-a-dia da guerrilha. “O resto são fábulas”, disse.
João Munguambe explicou que foi Samora Machel quem orientou a Fernando Ganhão para recolher e sintetizar a história da Frelimo.
Refira-se que no esforço de perpetuar e contribuir para a preservação da história da Frelimo, alguns combatentes da luta de libertação nacional têm vindo a escrever memórias de acontecimentos por eles vividos durante a guerra contra o colonialismo português.
Reconhecendo os feitos dos libertadores da pátria, o Governo criou uma instituição de pesquisa da história da luta de libertação nacional, cujo trabalho se baseia na recolha de depoimentos de combatentes. O centro trabalha em coordenação com outras instituições ligadas à pesquisa no país, quer públicas ou privadas.
Nunca houve divergências no seio da Frelimo
João Munguambe não admite ter havido divergências no seio da Frente de Libertação de Moçambique, mesmo quando alguns relatos históricos apontam para a sua existência. Disse que quando Eduardo Mondlane morre, o vice-presidente da Frente, Urias Simango não soube adaptar-se às dinâmicas da revolução.
“Simango era meu chefe. Eu era subordinado. Não cabe aqui a mim julgar o meu chefe. Ele teve o destino que teve”, disse, sem querer avançar mais pormenores sobre o assunto.
Combatentes satisfeitos?
Solicitado a se pronunciar sobre se os combatentes estão ou não satisfeitos com a actuação da Frelimo na actualidade, João Munguambe disse somente que de legislatura em legislatura, os libertadores da pátria tem sido mobilizados para apoiar o manifesto do partido no poder.
“Lutamos para que a Frelimo se mantenha sempre no poder. Sempre que houver eleições, nós combatentes vamos continuar a apoiar para que a Frelimo seja reeleita”, afirmou.
Falando sobre o contexto do surgimento dos partidos políticos no país, disse tratar-se de “filhos marginais” da Frelimo que se afastaram da “linha da cada do pai”.
Quanto aos desafios do futuro, João Munguambe defendeu que a grande missão é o combate a pobreza. Acrescentou que luta contra a pobreza está votada ao sucesso, pois existem meios para combatê-la. Para este combatente, não se trata dum programa da Frelimo somente, mas das Nações Unidas.
“O futuro é sempre uma incógnita, mas lutamos sempre para que seja um sucesso”, disse.
Membro da UDENAMO
Na entrevista que nos concedeu, João Munguambe falou da experiência porque passou na União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO), movimento fundando por Adelino Guambe em 1960 na ex-Rodésia, hoje Zimbabwe. Explicou que o objectivo da fundação daquele movimento nacionalista era lutar contra o colonialismo português para a independência de Moçambique.
“Nós somos anteriores à Frelimo. Fizemos um esforço para que os três movimentos nacionalistas se unissem. Para tal, tivemos que fazer um apelo a Mondlane, que era um professor em Siracuse, nos Estados Unidos da América. Já sabíamos na UDENAMO da existência Eduardo Mondlane nos Estados Unidos”, disse.
João Munguambe afirmou que em Maio de 1962, Eduardo Mondlane aparece em Dar-Es-Salaam com a missão de recolher depoimentos dos refugiados na região da África Oriental, no quadro de uma resolução das Nações Unidas que conferia o direito dos povos à autodeterminação.
“Foi quando contactamos a ele e disse que não queria aderir a nenhum dos movimentos mas que havia de falar com Nyerere, a quem o havia conhecido nas Nações Unidas, para que ele tentasse unir os três movimentos. Nós vimos o trabalho que Mondlane fez para unificar os três movimentos. Mas hoje em dia aparecem declarações dizendo que não foi Mondlane que uniu os três movimentos mas sim Mahluza e Guambe. Isso me espanta 50 anos depois da fundação da Frelimo. Mahluza e Guambe eram contra a unificação dos três movimentos e chegaram até a agredir-nos”, anotou.
João Munguambe disse ter aderido à UDENAMO pela mão de Lopes Tembe.
“Não há Frelimo de hoje nem de ontem. Existem alguns que dizem que há uma diferença no tempo entre Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza, mas isso não corresponde à verdade. Cada época se adapta às condições reais. Não pode haver comparação nenhuma entre o tempo de guerra e o da paz. A Frelimo sempre soube acompanhar a evolução dos tempos. Ela soube adaptar-se, por exemplo, às novas tecnologias e às exigências do desenvolvimento humano. Não digo que sem a existência da Frelimo não haveria desenvolvimento, mas ela soube adaptar-se de uma forma perfeita e revolucionária”, afirmou.
História da Frelimo não tem enfeites
Sobre a história da Frelimo, que é posta em causa por alguns moçambicanos, sobretudo a partir da introdução do sistema multipartidário no país, João Munguambe disse subscrever a versão oficial escrita pelo falecido Professor Fernando Ganhão. Segundo afirmou, o que Fernando Ganhão escreveu, na altura, sobre a história da Frente de Libertação de Moçambique é verdade e estilizada, científica e sem enfeites nem omissões.
Ela foi escrita ao longo dos 10 anos de luta de libertação nacional e versava sobre o dia-a-dia da guerrilha. “O resto são fábulas”, disse.
João Munguambe explicou que foi Samora Machel quem orientou a Fernando Ganhão para recolher e sintetizar a história da Frelimo.
Refira-se que no esforço de perpetuar e contribuir para a preservação da história da Frelimo, alguns combatentes da luta de libertação nacional têm vindo a escrever memórias de acontecimentos por eles vividos durante a guerra contra o colonialismo português.
Reconhecendo os feitos dos libertadores da pátria, o Governo criou uma instituição de pesquisa da história da luta de libertação nacional, cujo trabalho se baseia na recolha de depoimentos de combatentes. O centro trabalha em coordenação com outras instituições ligadas à pesquisa no país, quer públicas ou privadas.
Nunca houve divergências no seio da Frelimo
João Munguambe não admite ter havido divergências no seio da Frente de Libertação de Moçambique, mesmo quando alguns relatos históricos apontam para a sua existência. Disse que quando Eduardo Mondlane morre, o vice-presidente da Frente, Urias Simango não soube adaptar-se às dinâmicas da revolução.
“Simango era meu chefe. Eu era subordinado. Não cabe aqui a mim julgar o meu chefe. Ele teve o destino que teve”, disse, sem querer avançar mais pormenores sobre o assunto.
Combatentes satisfeitos?
Solicitado a se pronunciar sobre se os combatentes estão ou não satisfeitos com a actuação da Frelimo na actualidade, João Munguambe disse somente que de legislatura em legislatura, os libertadores da pátria tem sido mobilizados para apoiar o manifesto do partido no poder.
“Lutamos para que a Frelimo se mantenha sempre no poder. Sempre que houver eleições, nós combatentes vamos continuar a apoiar para que a Frelimo seja reeleita”, afirmou.
Falando sobre o contexto do surgimento dos partidos políticos no país, disse tratar-se de “filhos marginais” da Frelimo que se afastaram da “linha da cada do pai”.
Quanto aos desafios do futuro, João Munguambe defendeu que a grande missão é o combate a pobreza. Acrescentou que luta contra a pobreza está votada ao sucesso, pois existem meios para combatê-la. Para este combatente, não se trata dum programa da Frelimo somente, mas das Nações Unidas.
“O futuro é sempre uma incógnita, mas lutamos sempre para que seja um sucesso”, disse.
Membro da UDENAMO
Na entrevista que nos concedeu, João Munguambe falou da experiência porque passou na União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO), movimento fundando por Adelino Guambe em 1960 na ex-Rodésia, hoje Zimbabwe. Explicou que o objectivo da fundação daquele movimento nacionalista era lutar contra o colonialismo português para a independência de Moçambique.
“Nós somos anteriores à Frelimo. Fizemos um esforço para que os três movimentos nacionalistas se unissem. Para tal, tivemos que fazer um apelo a Mondlane, que era um professor em Siracuse, nos Estados Unidos da América. Já sabíamos na UDENAMO da existência Eduardo Mondlane nos Estados Unidos”, disse.
João Munguambe afirmou que em Maio de 1962, Eduardo Mondlane aparece em Dar-Es-Salaam com a missão de recolher depoimentos dos refugiados na região da África Oriental, no quadro de uma resolução das Nações Unidas que conferia o direito dos povos à autodeterminação.
“Foi quando contactamos a ele e disse que não queria aderir a nenhum dos movimentos mas que havia de falar com Nyerere, a quem o havia conhecido nas Nações Unidas, para que ele tentasse unir os três movimentos. Nós vimos o trabalho que Mondlane fez para unificar os três movimentos. Mas hoje em dia aparecem declarações dizendo que não foi Mondlane que uniu os três movimentos mas sim Mahluza e Guambe. Isso me espanta 50 anos depois da fundação da Frelimo. Mahluza e Guambe eram contra a unificação dos três movimentos e chegaram até a agredir-nos”, anotou.
João Munguambe disse ter aderido à UDENAMO pela mão de Lopes Tembe.
Tradição da Frelimo foi sempre crítica e autocrítica – segundo Lopes Tembe
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Fevereiro de 2012:: Notícias
Lopes Tembe também defende que a Frelimo está a cumprir com o programa traçado no seu primeiro congresso. “Não vejo nenhuma diferença no programa da Frelimo de ontem e de hoje. Alias, não conheço alas na Frelimo. Mas cada um pode ter a sua opinião, o que é admissível. A tradição da Frelimo foi sempre crítica e autocrítica. O programa, esse sempre foi melhorado de congresso em congresso”, afirmou.
Lopes Tembe disse estar satisfeito com o processo conduzido pela Frelimo para o desenvolvimento do país. Sente que está a dar o seu contributo, a dar o que for necessário nesse processo.
Para este combatente, a Frelimo é uma força, um partido bem organizado e que possui um programa claro. Explicou que a existência de outras políticas no país não é sinónimo de que a Frelimo está enfraquecida, mas sim uma demonstração inequívoca de que ela, desde a primeira hora, sempre defendeu a democracia.
“Veja só que no dia da sua fundação, a 25 de Junho de 1962, o voto foi secreto. Me lembro de que eu pessoalmente e, naturalmente, outros camaradas fizemos campanha para que Mondlane fosse eleito. Dizíamos, na sala, que o candidato certo era o que tinha careca, portanto Mondlane, e ele passou com 80 porcento dos votos”, disse, explicando que para além de Eduardo Mondlane, havia outros dois candidatos à presidência da Frelimo, nomeadamente Urias Simango e Baltazar Chagonga.
Lopes Tembe esclareceu que a campanha para que se votasse em Eduardo Mondlane não era uma questão tribal, mas sim política.
“Nós éramos jovens de 22 ou 23 anos. O tribalismo começou com os mais velhos como Khavandame, que fomentava um tribalismo económico e oportunístico”.
Para o entrevistado, o II Congresso da Frelimo foi a chave que trouxe avanços rápidos. Por exemplo, foi graças ao II Congresso, realizado no interior de Moçambique, que muita gente ficou a saber que havia zonas libertadas.
“Houve jornalistas estrangeiros que cobriram o II Congresso. Em pouco tempo, muita gente viu que a Frelimo não era nenhuma brincadeira e começamos a ter muitos apoios. O II Congresso foi o congresso da vitória”, disse.
Segundo Lopes Tembe, durante a luta de libertação nacional, a Frelimo sempre defendeu os direitos humanos. Os soldados portugueses capturados nunca foram maltratados. Eles eram mobilizados para saberem que a luta travada pela Frelimo não era contra o povo português mas sim o regime. Foi assim que depois de terem sido entregues à Cruz Vermelha para reencaminhamento, alguns regressaram a Portugal e foram determinantes para a vitória da Frente, devido ao preponderante papel que jogaram no seio dos portugueses.
O país visto por Lopes Tembe
Visto por Lopes Tembe, o país está a andar. Segundo afirmou, se não fosse a guerra de desestabilização, estaria muito mais longe ainda. Destacou o investimento feito nas áreas da Educação e Saúde, afirmando que em 1977 muitos jovens foram enviados à Cuba para se formarem e outros ainda enviados para fora do país para se especializarem na área da Saúde ou mesmo formados no sector a nível interno.
“Só aquele que tem má-fé é que pode dizer que a Frelimo não fez e não está a fazer nada. Durante a luta armada, nós não destruíamos pontes”, disse.
Apelou às novas gerações, os herdeiros dos combatentes da luta de libertação nacional, para que assumam com responsabilidade as suas obrigações, continuando o trabalho por eles realizado. Apelou ainda para os jovens não abraçarem o alcoolismo e as drogas como modo de vida.
Lopes Tembe disse estar satisfeito com o processo conduzido pela Frelimo para o desenvolvimento do país. Sente que está a dar o seu contributo, a dar o que for necessário nesse processo.
Para este combatente, a Frelimo é uma força, um partido bem organizado e que possui um programa claro. Explicou que a existência de outras políticas no país não é sinónimo de que a Frelimo está enfraquecida, mas sim uma demonstração inequívoca de que ela, desde a primeira hora, sempre defendeu a democracia.
“Veja só que no dia da sua fundação, a 25 de Junho de 1962, o voto foi secreto. Me lembro de que eu pessoalmente e, naturalmente, outros camaradas fizemos campanha para que Mondlane fosse eleito. Dizíamos, na sala, que o candidato certo era o que tinha careca, portanto Mondlane, e ele passou com 80 porcento dos votos”, disse, explicando que para além de Eduardo Mondlane, havia outros dois candidatos à presidência da Frelimo, nomeadamente Urias Simango e Baltazar Chagonga.
Lopes Tembe esclareceu que a campanha para que se votasse em Eduardo Mondlane não era uma questão tribal, mas sim política.
“Nós éramos jovens de 22 ou 23 anos. O tribalismo começou com os mais velhos como Khavandame, que fomentava um tribalismo económico e oportunístico”.
Para o entrevistado, o II Congresso da Frelimo foi a chave que trouxe avanços rápidos. Por exemplo, foi graças ao II Congresso, realizado no interior de Moçambique, que muita gente ficou a saber que havia zonas libertadas.
“Houve jornalistas estrangeiros que cobriram o II Congresso. Em pouco tempo, muita gente viu que a Frelimo não era nenhuma brincadeira e começamos a ter muitos apoios. O II Congresso foi o congresso da vitória”, disse.
Segundo Lopes Tembe, durante a luta de libertação nacional, a Frelimo sempre defendeu os direitos humanos. Os soldados portugueses capturados nunca foram maltratados. Eles eram mobilizados para saberem que a luta travada pela Frelimo não era contra o povo português mas sim o regime. Foi assim que depois de terem sido entregues à Cruz Vermelha para reencaminhamento, alguns regressaram a Portugal e foram determinantes para a vitória da Frente, devido ao preponderante papel que jogaram no seio dos portugueses.
O país visto por Lopes Tembe
Visto por Lopes Tembe, o país está a andar. Segundo afirmou, se não fosse a guerra de desestabilização, estaria muito mais longe ainda. Destacou o investimento feito nas áreas da Educação e Saúde, afirmando que em 1977 muitos jovens foram enviados à Cuba para se formarem e outros ainda enviados para fora do país para se especializarem na área da Saúde ou mesmo formados no sector a nível interno.
“Só aquele que tem má-fé é que pode dizer que a Frelimo não fez e não está a fazer nada. Durante a luta armada, nós não destruíamos pontes”, disse.
Apelou às novas gerações, os herdeiros dos combatentes da luta de libertação nacional, para que assumam com responsabilidade as suas obrigações, continuando o trabalho por eles realizado. Apelou ainda para os jovens não abraçarem o alcoolismo e as drogas como modo de vida.
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