segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Oposição inofensiva e confusa

Por Edwin Hounnou
Mao Tse Tung, antigo presidente da República Popular da China e líder da revolução vermelha, entre 1949-1976, ensinava que “a vitória organiza-se, a vitória prepara-se”. É verdade que nenhuma vitória pode ser obtida sem um trabalho abnegado de toda a equipa e da organização que almejam triunfar em qualquer luta ou batalha. 
Não há vitórias fáceis, tal como alguns políticos têm estado a anunciar porque, alegam eles, o outro está envelhecido pelo longo tempo que leva no poder ou ainda se encontra corroído devido ao peso das dívidas inconstitucionais que deitaram abaixo a economia do país. Esses argumentos são tão falsos quanto enganadores porque o que cai pelo tempo é papaia. Eles vão perdurar pelo tempo que a oposição permitir e demonstra uma grande falta de vontade de lutar para vencer. 
A nossa oposição não está interessada em triunfar porque se sente bem dormindo debaixo da sombra do poder que, ao fim de cada mês, faz chegar, aos bolsos, muito dinheiro, sem despender esforço, bastando lutar para manter a patente de “o maior partido da oposição”. Um partido que não luta para chegar ao poder, é inútil e imprestável para a sociedade. Será vista como oposição que, também, quer comer.
Se a vitória se prepara e organiza-se, é, igualmente, válido afirmar que a derrota, se prepara e se organiza de múltiplas formas. Os grandes factores que determinam as constantes derrotas da oposição são a desorganização interna dos concorrentes e a ausência da união. Enquanto cada quer apenas aparecer ao invés de lutar para vencer, o amargo sabor da derrota vai continuar a ser o prato que a oposição terá que experimentar ao fim de cada ciclo eleitoral. 
A derrota da oposição não se deve ao facto de o partido no poder ser demasiado forte. É a própria oposição que facilita  a sua derrota quando, no lugar de se organizar numa única frente eleitoral, perde tempo em guerras sem interesse. As deserções que vemos não reforçam as fileiras da oposição nem os que se chamam de combustíveis para as máquinas da nova casa, não trazem nenhuma mais-valia. Fica confirmado o teorema matemática segundo o qual a soma dos infinitésimos resulta em outro infinitésimo. É isso que a nossa oposição deseja? Que respondam os estrategas da autoflagelação! 
O povo vai ficando cada vez menos disponível para ouvir a velha ladainha da oposição de que “nos roubar votos”. Só uma luta bem organizada pode mudar o ruidoso discurso de roubo de votos. Por onde tem andado a oposição quando a Frelimo faz as tais fraudes eleitorais? Está de férias ou tem estado a dormir? Depois de votar a oposição vai se divertir na praia e deixa tudo à sorte do seu adversário?
As futuras gerações perguntarão sobre as razões que pesam para se deixar perpetuar tanto tempo no poder um regime corrupto, a resposta não será tão difícil quanto possa parecer. A falta da união e de estratégia de luta política podem ser mencionadas. O conformismo a falta de vontade de se tornar poder podem ser outras razões a indicar. 
Se houvesse uma estratégia clara de luta, o actual figurino do STAE – Secretariado Técnico de Administração Eleitoral – há muito que teria extinguido, por ser este órgão que organiza todas as fraudes eleitorais que acontecem. Os partidos da oposição deveriam entender que não basta aprovar leis com aplausos e ovação para que elas sejam eficazes. 
Não são as leis, boas ou más, que mudam o mundo, mas a inteligência do Homem. É a luta empreendida pelo Homem que tudo muda. Vemos a oposição a esfregar as mãos de contentamento de que chegou o momento de mudanças por ter conseguido forçar a introdução de uma vírgula, ponto e vírgula, um travessão na lei. Mas isso não muda, absolutamente, nada na actuação fraudulenta do STAE nem vai moderar no agir violento das forças policiais contra a oposição.
Toda a negociação com vista ao alcance da paz que não tenha em conta estas questões, pode se considerar um passatempo, um divertimento  entre adultos. Discutir o pacote da descentralização sem debater as necessárias alterações no funcionamento do STAE, compara-se o ir à Roma sem ver o Papa. Discutir e aprovar as leis que viabilizam as eleições sem tirar o STAE do Governo, suportado por um dos concorrentes às eleições, é o mesmo quer tomar uma refeição sem sal.
Como se pode vencer uma eleição? Qual deve ser a postura dos órgãos eleitorais para conduzirem o processo eleitoral com isenção e imparcialidade? Quem deve ser fiscal? É possível estabelecer acordos de colaboração com outras forças? Estas deveriam ser as preocupações de uma oposição que aspira chegar ao poder e não a pouca vergonha que somos dado a ver. Incitar à deserção é enfraquecer a luta. Insultos e desqualificações do outro em debates na rádio e televisão demonstram que estamos perante uma oposição confusa e deserta. 
Uma oposição que flagela outra oposição, que incita à deserção, é outra coisa. Como resultado da falta de estratégia de luta política, veremos, a 10 de Outubro próximo,  pesadas derrotas da oposição. 
A nossa conclusão resulta de uma leitura objectiva.  Queremos repisar que nem a Renamo nem o MDM vencerão as eleições enquanto estiverem isolados um do outro. Os “pisteiros” da última hora que se fazem de grandes políticos não dão indicação da direcção certa. Estes só enganam porque ficam do lado sempre do lado mais conveniente e jamais do lado da causa. Eles não têm causa nenhuma para defender.

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