quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O homem mais rico de Inglaterra, defensor do Brexit, muda-se para paraíso fiscal


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Sir Jim Ratcliffe, que adquiriu o título "pelos seus serviços ao país", rejeitou comentar a mudança afirmando tratar-se de "um assunto pessoal", apesar das acusações de que tem sido alvo.
AFP/Getty Images
Simplesmente não acredito no conceito dos Estados Unidos da Europa. Não é viável“. Esta é uma de muitas frases do magnata da indústria química, Jim Ratcliffe, o homem mais rico da Grã-Bretanha, acérrimo defensor do Brexit. Agora, aos 65 anos de idade, o fundador do gigante INEOS anuncia a sua mudança para o principado do Mónaco, um paraíso fiscal.
Sir Jim Ratcliffe, que adquiriu o título de ‘cavaleiro’ “pelos seus serviços ao país”, rejeitou comentar a mudança afirmando tratar-se de “um assunto pessoal”, apesar de muitos observadores estarem a afirmar que o empresário procura um regime fiscal mais “relaxado”, de acordo com o El País.
Apesar de um custo de vida elevado para a maior parte das pessoas, o Mónaco não tem qualquer imposto sobre o rendimento ou sobre a propriedade. O contabilista britânico Richard Morley da firma BDO acredita que a mudança de Ratcliffe não se deve só aos “belos espaços verdes” que o Mónaco tem.
Com uma fortuna avaliada em 23.500 milhões de euros, Ratcliffe anuncia a medida numa altura em que a confiança sobre a fase final das negociações do Brexit parece estar mais abalada. Previsto para entrar em para 29 de março do próximo ano, a proposta do governo de Theresa May não entusiasma nem os apoiantes do Brexit nem as pessoas que se resignaram ao resultado do referendo.
A busca por melhores condições fiscais data de 2010, quando o presidente executivo do gigante petroquímico Ineos anunciou a mudança da sede da empresa para a Suíça, levando a empresa a poupar 317 milhões de libras em impostos em quatro anos. No auge do processo do Brexit, em 2016, anunciou o regresso da sede da empresa a Inglaterra. “Somos bretões, não somos? Foi aqui que começámos e é onde está o nosso coração”, afirmou Ratcliffe.
Estas movimentações têm-lhe valido críticas especialmente fortes por parte da imprensa conservadora britânica. Do lado dos liberais as críticas não têm sido menos veementes. O ex-ministro Vince Cable chegou, inclusive, a descreve-lo como alguém que “tornámos num herói nacional um empresário por investir no Reino” para depois desaparecer no Mónaco.

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