quarta-feira, 15 de agosto de 2018

E a melhor cidade do mundo para se viver é... (e a pior?)


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Pela primeira vez, uma cidade europeia foi considerada a melhor do mundo para se viver, obtendo pontuação máxima ao nível de cuidados de saúde, qualidade da educação e infraestruturas. Em 140 cidades, Lisboa surge depois do primeiro terço da tabela... mas ainda assim à frente da “capital do mundo”

Durante sete anos, Melbourne reinou na tabela anual da Economist Intelligence Unit como “a melhor cidade do mundo para se viver”. Na lista deste ano, divulgada esta terça-feira, a cidade australiana caiu para segundo lugar, destronada por Viena.
As duas cidades obtêm pontuação máxima nos índices “saúde”, “educação” e “infraestruturas”. A cidade australiana tem melhor registo no capítulo “cultura e ambiente”, apesar da autoridade vienense em matéria de música clássica. Mas o que faz a diferença — e dá a vitória final à capital austríaca — é a “estabilidade”. No total, Viena somou 99,1 pontos, num total de 100, e Melbourne ficou-se nos 98,4.
Pela primeira vez, este índice anual de 140 cidades, reconhecido internacionalmente como uma ferramenta credível de apoio a investidores, é liderado por uma cidade europeia. Segundo os autores do estudo, a liderança de Viena reflete “um relativo regresso à estabilidade em grande parte da Europa”, com uma melhoria dos índices de segurança em várias cidades da Europa Ocidental.
Vista aérea da capital austríaca
Vista aérea da capital austríaca
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Penalizadas anteriormente por terem sido palcos de atentados terroristas, Paris (19º) e Manchester (35º) foram as cidades que mais recuperaram no ranking. “Apesar de terem sido alvo de ataques terroristas de grande repercussão nos últimos anos, que abalaram a estabilidade e levaram a medidas de segurança incómodas, ambas as cidades mostraram resiliência perante a adversidade”, diz o relatório.
Numa evolução inversa, San Juan, em Porto Rico, atingida em cheio, no ano passado, pelo mortífero furacão Maria, caiu 21 lugares, para a posição 89.
Entre os “dez mais”, para além de Viena, o Velho Continente regista apenas mais uma presença: Copenhaga, a capital dinamarquesa, no 9º lugar. A inevitável Londres, que, como o comprova o incidente desta terça-feira, em Westminster, continua a ser fustigada por ameaças à segurança, não vai além do 48º lugar.
No tradicional duelo espanhol, Barcelona (30º) leva a melhor sobre Madrid (39º). Ao nível das cidades portuguesas, Lisboa surge sem companhia, no 54º posto, um lugar antes de Roma.
A qualidade dos transportes públicos foi um dos factores de ponderação na avaliação das cidades
A qualidade dos transportes públicos foi um dos factores de ponderação na avaliação das cidades
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O Japão é o país ascendente, com duas entradas diretas no top-10, graças a um declínio nas taxas de crime e a uma melhoria da qualidade dos transportes públicos em Osaca e Tóquio. Já Nova Zelândia, Finlândia e Alemanha perderam o seu representante entre os melhores — Auckland, Helsínquia e Hamburgo, respetivamente.
No território da maior economia do mundo — os Estados Unidos —, a cidade com melhor registo é... Honolulu (23º), no Havai. A cosmopolita Nova Iorque surge apenas no 57º lugar, depois de 13 outras metrópoles norte-americanas.
Ásia e África contribuem abundantemente para o lote das cidades que ocupam os últimos lugares, com graves carências ao nível do desenvolvimento, grande instabilidade política, situações de guerra aberta e vulnerabilidade ao terrorismo.
Cidades como Bagdade e Cabul, no centro de duas grandes guerras do século XXI — Iraque e Afeganistão —, não são avaliadas. Já Damasco é a que fecha a lista. Herdeira de um passado esplendoroso, a capital da martirizada Síria foi, entre os anos 661 e 750, a capital do califado omíada, o segundo de quatro califados islâmicos estabelecidos após a morte de Maomé e que se estendeu da Península Ibérica ao atual Afeganistão.

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