terça-feira, 14 de agosto de 2018

Autárquicas em Moçambique: Termina prazo para entrega das candidaturas


Em Moçambique, terminou prazo para entrega de candidaturas para as autárquicas de 10 de outubro. O pleito será realizado em 53 municípios e a quintas na história do país.
O último dia de receção das candidaturas foi marcado pela entrada na corrida para presidente do município de Maputo, a capital, de Samora Machel Júnior, filho primogénito do primeiro Presidente de Moçambique independente, que vai concorrer fora do seu partido, a FRELIMO.
Samora Machel Júnior concorre com o suporte de várias organizações da sociedade civil, depois da sua candidatura ter sido excluída ao nível do partido no poder, a FRELIMO, facto que gerou descontentamento em certos setores do partido, que alegaram falta de transparência no processo de seleção das pré-candidaturas.
Segundo o seu mandatário, Albino Forquilha "porque a proposta tinha vindo das bases mas com muito apoio dos munícipes da cidade de Maputo, estes acharam encontrar uma outra saída para que Samora Machel Júnior continuasse a concorrer como cabeça de lista".
A decisão de Samora Machel Júnior de concorrer às eleições autárquicas como um candidato fora do seu partido é inédita na história da FRELIMO e está a ser vista como podendo provocar uma cisão entre os potenciais eleitores daquela formação política na cidade de Maputo. Porém, a FRELIMO, através do seu porta-voz, Caifadine Manasse, diz não estar preocupada.
"O partido não se sente ameaçado, aliás em nenhum momento o partido já se sentiu ameaçado por causa de qualquer que seja o candidato".
Samora Machel Júnior vai disputar estas eleições com o candidato da FRELIMO Eneas Comiche, que é atualmente o presidente da Comissão Parlamentar do Plano e Orçamento e membro da Comissão Política do partido. Comiche já foi presidente do município de Maputo e ocupou vários cargos como de ministro das Finanças e de Governador do Banco de Moçambique.
Os candidatos na corrida
Figura igualmente entre os candidatos a Maputo Venâncio Mondlane, que abandonou o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) para se filiar na RENAMO.
Na segunda cidade do país, Beira, vão estar frente a frente, entre vários candidatos, o atual presidente do município e líder do MDM, Daviz Simango, o secretário-geral da RENAMO, Manuel Bissopo, e pela FRELIMO, a atual secretária permanente do governo de Sofala, Augusta Maíta.
Na terceira cidade do país, Nampula, Amisse Culolo, da FRELIMO, e Paulo Vahanle, da RENAMO, voltam a "cruzar caminho", depois das eleições intercalares de abril último que foram ganhas pela Resistência Nacional Moçambicana.
Do total das 53 autarquias, atualmente quatro estão nas mãos da oposição, nomeadamente Beira, Quelimane e Gurué, com o MDM, e Nampula, com a RENAMO.
Cidadãos opinam
Cidadãos ouvidos pela DW África antevêm que as eleições autárquicas deste ano serão muito disputadas.
Segundo Adão Matimbe, "antevejo uma disputa muito grande entre a FRELIMO e a RENAMO, com a RENAMO até a tirar algumas autarquias importantes à FRELIMO. O MDM vai perder muitas autarquias e a RENAMO é que vai capitalizar um pouco disto. Maputo vai ser o epicentro destas eleições. Com o contexto económico e político que se vive no país, antevê-se uma disputa muito grande mas também não se pode prever quem é que vai ganhar estas eleições".
Para Reginalda Million "estas eleições vão ser bem renhidas. Quanto ao MDM, depois de ter perdido vários quadros, creio que, nestas eleições autárquicas, não tem hipóteses de ganhar".
Elias Samo Gudo acha "que a FRELIMO e a RENAMO vão tomar conta da maior parte dos municípios e a FRELIMO vai ganhar de certeza com 80 a 90% dos municípios em disputa. Eu creio que o MDM não vai ganhar nenhum município, porque o partido está muito fragilizado", concluiu.
DW – 13.08.2018

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