quinta-feira, 12 de julho de 2018

O que está por detrás da guerra de nervos entre o Governo e a Sasol

O que está por detrás da guerra de nervos entre o Governo e a Sasol
Agora parece claro. A rota de colisão entre o Governo e a Sasol está mais perceptível. Ontem, a multinacional veio num exercício de marketing tentar colocar um travão nas hostilidades. Ela anunciou em press release que vai financiar a reabilitação de 35 Kms da Estrada Nacional N1 entre Pambara, em Vilankulo, e Mangungumete, em Inhassoro. É uma secção da estrada fundamental para as operações da petrolífera. Jon Harris, o Vice-presidente da Sasol Upstream, disse que essa reabilitação era um cometimento claro da companhia para o desenvolvimento de Moçambique.
Este anúncio poderá melhorar sua imagem de pária na opinião pública. A imagem de uma multinacional que obteve um “deal” altamente vantajoso para a exploração do gás em Temane em circunstâncias específicas. E que se mantém intransigente na captação dos benefícios desse “deal” mesmo que ele não beneficie Moçambique, as circunstâncias de hoje sejam distintas e nosso Governo tenha uma melhor vantagem negocial. Mas o anúncio poderá ser insuficiente para sanar as feridas que originaram a presente musculatura, levando o Governo a revogar há dias um concurso da multinacional para a contratação de uma transportadora de petroleio leve para o Porto da Beira.
As feridas decorrem de duas atitudes da Sasol recebidas com profundo desagrado nas hostes do poder político local.
A primeira é esta. Em 2016, por iniciativa do Governo, a Sasol e a EDM chegaram a acordo para a instalação de uma central térmica com a capacidade para geração 400 megawatts de energia com base no gás natural de Temane. A empreitada é conhecida como Temane 400 MW Project (Temane IPP) e envolve a SVP moçambicana (51%) e a Sasol (49%). A SVP é uma joint venture entre a EDM, a HCB mais um investidor estrangeiro. O entendimento inicial era o de que a Sasol forneceria o gás ao custo de 2 USD por milhão de BTUs (unidade de medida do poder calórico). Mas, nos últimos meses, a Sasol fez marcha atrás e elevou seu preço de gás para 3 USD por milhão de BTUs. Foi um golpe profundo nas expectativas do nosso Governo.
A segunda razão da zanga do Governo é esta. Mateus Magala, o tão empenhado PCA da EDM, solicitou à Sasol uma contribuição 80 milhões de USD (condições que não consegui apurar) para a construção de uma nova linha de alta tensão de Temane a Maputo, associada ao projecto de central térmica de 400 megawatts. Trata-se de uma parceria envolvendo a EDM e a HCB, chamada Temane Transmission Project (TTP). O objectivo do TTP é evacuar a energia gerada no IPP através de uma linha de transmissão de 400 KV em circuito simples numa distância de 560 km de Vilankulo até Maputo (através das subestações do Chibuto e Matalane), conectando-a com o sistema de distribuição na capital e com o sistema de transmissão da Motraco, possibilitando sua exportação.
A solicitação de Magala à Sasol enquadrava-se numa mobilização de fundos para um projecto cujo fecho financeiro está marcado para o primeiro trimestre de 2019. O início da operação comercial deste projecto está marcado para 2022, na etapa derradeira de um eventual segundo mandato de Filipe Nyusi como PR. Há poucas semanas, uma delegação da Sasol estava a caminho de Maputo para anunciar sua disponibilidade de contribuir para o TTP não com o valor solicitado mas com cerca de metade. Metade? Porque metade? Eis a questão que suscitou o desagrado local. E a visita da Sasol foi cancelada ao mais alto nível. A Sasol estava a se comportar como uma força de bloqueio ao desenvolvimento de Moçambique.
Depois veio a revogação do concurso, o comunicado da Sasol segundo o qual estava seguindo todos os preceitos legais nesse concurso e agora o seu anúncio da reabilitação de uma secção da EN1. O braço de ferro está na mesa. E só uma abordagem diplomática ao mais alto nível do poder político dos dois lados pode levar a uma solução concertada e que não prejudica as aspirações dos moçambicanos. Como que para minorar também sua imagem de pária, ontem a Sasol “lembrava” ela já investiu 33 milhoes de USD em “cerca de 150 projectos sociais”, que “beneficiaram 500.000 pessoas”. No meio de tanta desconfiança, só uma avaliação independente por confirmar ou desmentir essa asserção.
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22 comentários
Comentários
Vasquinho King Todo caso surge na exclusao das comunidades de Temane e Pende neste processo elas continuam mais pobres deviam ver os factos de Palma para todo Inhambane aprender
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Joacheim Tembe 33M USD muita pipa para não se ver em Projetos sociais. Meio milhão de beneficiários é muito para se esconder.
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Sic Spirou migalhas da sasol, pelos vistos não vão amolecer ( incrível!)da parte o nosso governo!!
nunca gostei dessa coisa de projectos sociais!! não muda a vida de ninguém! que o governo seja duro e intransigente nesse capítulo: dinheiro na mão , calcinha no chão!! 😆😆
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Tiago Valoi Concordo plenamente contido Sic, isto é uma farsa que as multinacionais usam para burlar a opiniao publica. Nunca vi ninguem neste país com uma vidinha estabilizada por causa dessa trreta de projectos sociais
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Sic Spirou ..exemplos não faltam pelo país. mais gritante deve ser em Tete!! a Vale sugou aquilo tudo e não vejo nada de positivo que tenham deixado. a Mozal ainda tenta enganar mas vai deixando rastos de poluição!
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Florêncio Estêvão Moiane Assim com o taco, o governo já pode aceitar ser enrabado nê? Você também pah
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Sic Spirou kkkkkkk
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Manish Cantilal Nao e possivel esconder 33 vs beneficiados
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Abdul Magide Sidi Hassam Só não viu quem não quis ver... Durante todos estes anos o que andaram a sugar dos nossos recursos...enfim, negócios da China feitos por Moçambicanos e seus Cunhados.
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Yussuf Adam mbicanos que ficaram com as migalhas bem grandes.. e depois foram apanhados em outras actividades corruptas tais como os casos da embraer... Um dos implicados era alto funcionario da SASOL...
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Patricia Bettencourt Yussuf Adam a pessoa já foi julgada e condenada? Que eu saiba não por isso acho deselegante fazerem-se comentários de certezas....
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Paulo Araujo Enquanto continuarmos a entregar os nossos recursos a preços de banana e que nao podemos ser socios maioritarios nunca seremos respeitados pelos investidores
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Lenon Arnaldo Pois .... como tornar-se sócio maioritário numa empreitada que exige muito dinheiro só na fase prospecção sem dinheiro e know how .... que tal avançar uma ideia clara. Não basta vontade.
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Paulo Araujo Lenon Arnaldo os recursos sao nossos. sempre la estiveram e sempre la estarao se nao tirarmos. isso so ja devia servir de base para negociacao. Quer meus recursos as condicoes sao estas se nao quer vai procurar noutra freguesia.
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Buene Boaventura Paulo Eu Natural de Temane há muito que o meu grito de socorro foi abafado, pois a Sasol era uma soberba oportunidade para o desenvolvimento daquela região - debalde o nosso esforço nesse sentido. Na altura o mau da fita até não era Sasol, mas a parte que hoje bate com punho na mesa . Dói o governo despertar porque seus interesses nacionais e até (pouco) transparentes estão em causa e quando foi a vez das comunidades de locais de exploração, a colocar na mesa assuntos inerentes ao desenvolvimento local (o governo) virou - lhe as costas e até hostilizou os líderes que estavam a frente da aproximação entre as partes. Eu estou "focofo" com o choro do governo!
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Yussuf Adam Porque e que nao denunciaram..Porque nao nos dizem quem ficou com o dinheiro dos projectos para a populacao.. Nao foram so altos funcionarios mocambicanos da Sasol foram tambem chefes e regulos locais.
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Buene Boaventura Paulo Denunciar? Em corolário da boa organização das comunidades na fase de instalação da refinaria, antes da inauguração do empreendimento, constituiu - se uma associação "Madoda", reunindo os líderes desde Pande até Muabsa, em mais de 200 líderes. Houve uma direcção executiva eleita e toda aquela estrutura que iria negociar todos os assuntos de desenvolvimento local, com forte inclinação na educação, desenvolvimento económico e meio ambiente. O governo Provincial nos brindou com a prisão do Presidente do Conselho de Direcção, sem razões específicas (ou pelo menos esfarrapadas, em sede de julgamento depois de 3 meses de isolamento). Eu não fui permitido a assistir, mais tarde a inauguração da refinaria e a questão de emprego de mão de obra especializada foi rejeitada (na altura) sem dó nem piedade, enfim não se denunciam estes casos - "quando o caju está maduro cai sozinho" e é este espectáculo da guerra dos compadres
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Francisco De Assis Cossa 33 milhões de usd em projectos socias e que beneficiaram 500.000 pessoas será verdade isso? Ou nós é que andamos cegos?
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Estacio Valoi Uma das estrategias destas empresas, quando encostadas a parede, cabe-lhes a publicidade paria a construcoes ou projectos de baixo custo aos estilo ' vamos construir uma escola, clinica, doar 100 cabritos, estrada..." para as comunidades. E, muitos dos projectos anunciados a moda chique, nao existem. Raio X por esses locais e vao ver o que nao existe!
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Sic Spirou ...e se existem não valem nada!! construções a terceiro mundo!!
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Francisco De Assis Cossa Mas pessoas que deviam fiscalizar esses projectos é que fomentam issso, a empresa ate pode vir com bons projectos para beneficiar as comunidades e chega alguem diz de-me esse valor vamos só investir a metade.
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José Mambo Segundo a Sasol já foi investido cerca de USD33M, gostava eu de saber em que áreas foi tanto dinheiro para a dita responsabilidade social...
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Nairinho Mabote Nem é tanto dinheiro assim. Isso é moeda pra comprar "chuingas"
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Faizal Jamal Assim será também com aquela gente de madonga, uma localidade do distrito de jangamo onde acoisa mais linda que existe naquela meio é aplaca do rio tinto que indica exploração de areias pesadas enquanto isso a população vive ainda naquele macuti.
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Egidio Vaz Crisis Communication
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Edwin Hounnou A Sasol tem feito muito pouco em relação aos benefícios fabulosos que tem vindo a colher do nosso gás. A continuar a explorar o gás nos actuais moldes, representa um duro golpe na economia nacional. O governo tem que exigir benefícios win-win para o gás de Temane tenha algum significado para o país.
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Inacio F. Menete Ninguem sabe a quantidade do gás que é bombeado em bruto para Secunda. Estamos a ser enganados faz tempo
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Marcelo Mosse Pois...é preciso uma auditoria sobre isso...
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Buene Boaventura Paulo Com coluio do governo de então a Sasol não empregava mão de obra especializada moçambicana... Neste negócio houve muita falcatrua e displicência por parte dos nossos governantes e não foi falta de aviso
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Muzila Wagner Nhatsave Marcelo Mosse fui bolseiro da SASOL na Africa do Sul. Conheço esses tipos, estao pouco se lixando pra o nosso desenvolvimento e estao a servir os intereses dos sul africanos e dos seus verdadeiros donos em nao permitir que tenhamos autonomia na questao energetica. Andaram pessoas aqui a criticar o Governador Daniel Chapo que foi claro ao afirmar que nao contava com a sasol para nada. Agora que as mafias da SASOL estao a atrapalhar os interesses dos novatos, tomam medidas. A sasol nao deixa nada e nem quer que sejamos nos a fornecer nada.
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Jonatane Simango Mais não digo!
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Anasse Junior O benefício directo a população local, é muito importante...... esperamos ver hospitais dignos, escolas técnicas que formação a população local para de seguida serem enquadrados no projecto, porque não formação superior. 
Essas 500.000 pessoas que dizem estarem a se beneficiar......... o que dão? Doces....... já chupamos muito.....
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Manuel Carlos Zacarias "...e que não prejudica as aspirações dos moçambicanos"- como se beneficiasse mesmo aos moçambicanos, enquanto vai mais para os bolsos dos gajos.
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Rui Costa Seja o que for Ministro Max Tonela está de parabéns , passaram jà por ali Estrelas ,Genios e afins e em mais de 20 anos e.... nada , rien ,nothing at all. O
Primeiro passo para resolver um problema.... è crià-lo!!
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Ernesto Simango Simango 33000000÷500000=66; 66×70@usd=4620,00mt. A pergunta é, quem pode mudar a sua vida com 4620,00mt? Sinceramente!...
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Imtiaz Vala SASOL só pode recuar e ceder nas exigencias do Governo!SASOL tem que perceber que os tempos sao outros e as barganhas ja funcionaram,agora reinventem outras barganhas senao vao sair a perder outro gigante vai entrar nessa riqueza que estão a sugar....
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Antonio Gulube Nao gostaria de ser como aqueles que quando lhes dao a "mao levam todo braco". Mas e o seguinte, para quem conhece aquela extensao de Estrada, exactamente de cruzamento de Pambara para mais ao norte, falo de Mangungumete, Maimelane, Vulanjane, Pande, Maluvane, nao existe um palmo se quer de estrada onde possas andar acima de 50km por hora, se for tentado a tal porque e porque em pouco tempo voltas a 10km/por hora. Essa extensao de Estrada e onde a sasol circula explorando a riqueza que todos sabem. A pergunta e, para quando Ou para quem fica a outra parte que e de Mangungumete ate pelomenos Pande?
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Jr Chauque E as comunidades nada benefeciam de certeza, isso ja não é novidade é assim em moz e quem mete o pau?
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Ismael Agy Nao é verdade Imitiase.Algumas multinacionais mandam....
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