Moçambique e o dilema da paz!
Já disse aqui na minha página do Facebook-até por diversas vezes- que sou amante e quero a paz efectiva no meu país. Porém, começo a duvidar que ela seja alcançada a breve trecho. É que tudo o que vejo são paliativos, ou seja, as pessoas envolvidas nesse processo de paz parecem estar a tactear.
Por exemplo: temos eleições autárquicas marcadas para o dia 10 de Outubro próximo. Quem marcou essa data foi o Presidente da República obedecendo as prerrogativas que a lei lhe confere. Duvido que estas eleições serão realizadas na data prevista
O Presidente da República disse que a condição principal para a realização de eleições no país é o desarmamento da Renamo. Ora, quem acredita que um processo complexo, como o desarmamento, se possa efectivar em três meses? Mesmo que isso aconteça, o processo não será defeituoso e motivo de um futuro conflito? Se mesmo ao longo desses vinte e poucos anos de paz não se conseguiu desarmar a Renamo!
A Frelimo, em finais de Junho, recusou em fazer aprovar uma lei eleitoral para facilitar as eleições municipais marcadas para Outubro, argumentando com os receios de que a Renamo não tenha largado as armas.
O adiamento da implementação da lei eleitoral, originalmente agendada para a sessão parlamentar de 21 e 22 de Junho, e a suspensão das preparações da Comissão Nacional de Eleições até hoje vão se alastrando. Outubro é já amanhã. A quem efectivamente beneficia o adiamento das eleições e o iminente caos?
É sonhar para além da conta pensar que em três meses possa haver um desarmamento sem sobressaltos e a consequente realização de eleições. Qualquer discórdia que possa surgir no processo de desarmamento, vai significar o acender das tensões para os dois lados ao ponto de as negociações de paz serem suspensas. E o adiamento das eleições pode prejudicar a confiança da população no Governo.
É sonhar para além da conta pensar que em três meses possa haver um desarmamento sem sobressaltos e a consequente realização de eleições. Qualquer discórdia que possa surgir no processo de desarmamento, vai significar o acender das tensões para os dois lados ao ponto de as negociações de paz serem suspensas. E o adiamento das eleições pode prejudicar a confiança da população no Governo.
Saúdo os consensos alcançados quarta-feira entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade. Mas ainda acho que dez dias são poucos para a Renamo entregar a lista dos seus oficiais a serem integrados nas Forças de Defesa e Segurança. Não basta entregar a lista. Há que supervisionar se eles, efectivamente, serão colocados nos lugares e com cargos combinados. Isto leva o seu tempo.
Por que a Renamo continuam com as armas mesmo depois de vários consensos alcançados com diversos chefes de Estado? Toda a gente sabe a resposta!
Sinceramente, embora céptico, torço para que a paz reine!
Nini Satar
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