sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Trump diz que "não tem nada a ver" com a Rússia – 30 anos de história mostram que não é bem assim

Ideias para construir edifícios de luxo, ligações a investidores, concursos de beleza – a prova dos factos diz que o Presidente eleito dos EUA não está a falar verdade.


Michael Kranish 13 de Janeiro de 2017, 8:23




Foto Em 2013, Trump convidou Putin para ir ao concurso Miss Mundo, que se realizou em Moscovo Reuters

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, publicou um “tweet”, na quarta-feira, a afirmar que não tem “NADA A VER COM A RÚSSIA – NEM NEGÓCIOS, NEM EMPRÉSTIMOS, NADA!”.

Porém, Trump tem uma longa história de relações com a Rússia, tendo repetidamente tentado construir edifícios de luxo em Moscovo. Também organizou um concurso de beleza nessa cidade, e beneficiou de elevados investimentos feitos por russos nas suas propriedades um pouco por todo o mundo.

Trump, um Presidente cheio de incompatibilidades


Não é possível averiguar se Trump tem actualmente negócios ou empréstimos com entidades russas, dado que recusou divulgar as suas declarações de impostos. Mas uma olhadela ao historial de Trump desde os anos 1980 mostra que ele e a sua família estão há muito interessados em tentar fazer lá negócios. A ligação à Rússia tornou-se um ponto de interesse durante a campanha presidencial de 2016. Um funcionário russo foi citado, dizendo que o seu Governo tinha mantido contactos com responsáveis da campanha de Trump, e o candidato repetidamente elogiou o Presidente russo, Vladimir Putin, ao mesmo tempo que instigava os líderes do país a acederem ilegalmente ao correio electrónico da sua oponente.

As ligações remontam a três décadas atrás.

Trump visitou Moscovo pela primeira vez em 1987, numa tentativa de conseguir contratos na área do imobiliário. Tal como contou numa entrevista que deu à revista Playboy, dois caças russos escoltaram o seu jacto particular até ao aeroporto, e insistira em ter dois coronéis russos a viajar consigo no avião. Ficou hospedado no Hotel Nacional, com vista para o Kremlin, e disse que os soviéticos queriam que ele construísse dois hotéis de luxo. O embaixador soviético tinha visitado Trump em Nova Iorque e afirmara que a sua filha tinha “adorado” a Trump Tower e sugeriu uma versão do edifício em Moscovo, isto de acordo com uma reportagem sobre a visita publicada na altura pela revista Newsweek. Trump visitou alguns possíveis locais para a construção na zona de Moscovo.

Trump disse aos responsáveis soviéticos que não sabia como iria arranjar financiamento para a obra, dado que o Governo era proprietário das terras. Segundo Trump, a resposta foi: “Não se preocupe, sr. Trump. Vamos arranjar contratos e autorizações de aluguer de terrenos.”

Escolhas de Trump prontas para confronto com Rússia


Trump diz que respondeu o seguinte: “Quero ser dono, não quero alugar.” Os soviéticos disseram que iriam criar um comité com sete representantes do Governo e três de Trump para resolver os problemas.

Numa entrevista em 1990, o magnata do imobiliário contou que ficara “muito mal impressionado” com o sistema soviético, que classificou como “um desastre”. “O que vai acontecer por lá dentro de pouco tempo é uma revolução”, disse. Acrescentou que o seu “problema” com o líder da URSS, na altura Mikhail Gorbachev, era que ele “não tinha um pulso suficientemente firme”.


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