domingo, 8 de maio de 2016

“EMATUM foi meu único pecado”

Manuel Chang confessa: 

POLITICA
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O antigo Ministro das Finanças e actual deputado da bancada parlamentar da Frelimo, Manuel Chang, confessou, na semana passada em Maputo, e em exclusivo ao Debate, depois do lançamento da sua candidatura para a presidência da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), que ter representado o Estado moçambicano no “negócio” da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) pode ter sido o seu único erro, cometido ao longo da sua carreira política.

Num tom irónico, o antigo governante, Manuel Chang, afirmou categoricamente que não existe na sociedade moçambicana alguém que não tenha cometido erros.
“Estou a trabalhar nas finanças há 19 anos, reformei-me no ano passado, terminei o meu mandato como ministro, vou fazer 60 anos e a única coisa que me apontam é a EMATUM”, lamentou Manuel Chang.
Para Chang, a criação da EMATUM não deve jogar ao seu desfavor na corrida à Federação Moçambicana de Futebol. “Mesmo se tivesse pecado, as pessoas teriam que me perdoar, porque não há mais nada por apontar. Não vejo como a criação da EMATUM pode jogar ao meu desfavor na corrida à Federação Moçambicana de Futebol, pois não fui eu quem criou esta empresa”, afirmou, negando de forma categórica a sua participação activa na criação da EMATUM.
Insistidamente questionamos a Chang sobre se como Ministro das Finanças não esteve directamente envolvido na criação da EMATUM, ao que Manuel Chang respondeu: “não gostaria de entrar neste assunto agora. Mesmo que tivesse cometido algum pecado, neste momento quero dar a minha contribuição para a área do desporto”, justificou.
Recorde-se que a EMATUM é uma sociedade anónima, fundada em 2013 com capitais públicos e privados, e tem como objecto social principal a actividade pesqueira do atum e de outros recursos pesqueiros, incluindo a pesca, recepção, processamento, armazenamento, manuseamento, trânsito, comercialização, importação e exportação desses produtos.
Tem como accionistas o IGEPE, a EMOPESCA e a GIPS, esta última empresa constituída em Fevereiro de 2013 e tem como o único sócio os Serviços Sociais do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SERSSE).
Foi nesta empresa onde o antigo titular das Finanças, Manuel Chang, se envolveu no “escândalo” de compra de 30 navios na França, pela EMATUM, no valor de 300 milhões de euros, um negócio que não obedeceu os princípios de transparência uma vez que a informação sobre a concretização do contrato da compra de navios foi divulgada na imprensa internacional, perante o silêncio absoluto do Governo “guebuziano”.
Depois de rubricar o negócio “sujo”, Chang teve a coragem de mentir aos moçambicanos e ao mundo, ao afirmar que a compra dos referidos “barcos”, feita com o aval soberano do Estado moçambicano, foi debatida na Assembleia da República. 
Refira-se que Manuel Chang que actualmente é candidato à FMF aparecia do lado do Governo como cabeça do “busness” da EMATUM.
Paradoxalmente, na altura, nem todos os membros do Governo tinham domínio daquele “dossier”, ao ponto do antigo Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, quando abordado por jornalistas à saída de umas das sessões do Conselho de Ministros, ter afirmado que os navios eram para a “estrada nacional número zero”, referindo-se ao transporte marítimo.
Entretanto, o relatório da EMATUM, apresentado publicamente em Fevereiro deste ano, sobre o primeiro ano de actividades desta empresa, registou prejuízos avaliados em mais de trezentos milhões de meticais.
Neste relatório, a empresa justificou este resultado pelo arranque da actividade, que implicou esforço de investimento em meios materiais e humanos, aliado ao facto de não estarem reunidas as condições para o início da captura e venda de pescado e, desta forma, não estar ainda a encaixar as receitas.
João Chicote

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