segunda-feira, 14 de março de 2016

Cemitério de Lhanguene vai ter nova tubagem de água

Os vendedores ambulantes de água para fins de limpeza e rega no cemitério de Lhanguene, Cidade de Maputo, estão a acumular ganhos com a elevada procura pelos visitantes, resultante da falta do recurso nas torneiras do interior do recinto. No entanto, as autoridades municipais projectam uma nova tubagem de distribuição de água no local.
A cidade e província de Maputo debatem-se com oscilações no abastecimento de água. As autoridades do sector anunciaram que a situação deve-se ao irregular abastecimento de energia eléctrica, decorrendo acções combinadas entre as duas áreas para solucionar o problema.
O cemitério de Lhanguene também não escapa à crise. Aliás, mesmo antes de a situação agravar-se, naquele recinto cada visitante já era obrigado a levar água de casa ou a comprar nos jovens ali instalados.
A nossa Reportagem apurou no local que o sistema de distribuição de água está danificado, havendo um outro de recurso instalado para abastecer as casas de banho, cuja utilização é mediante pagamento.
Perante o cenário, jovens residentes nas imediações, tomaram conta da situação, vendendo água aos interessados no exterior do cemitério. Contam que se abastecem fora do cemitério, mas as autoridades municipais acusam-nos de tirar a água do interior do recinto a partir de locais que eles próprios danificaram e posteriormente encerraram as torneiras.
Os vendedores dizem recorrer a fontes alternativas, como, por exemplo, o rio Mulaúze, que atravessa o vizinho bairro Luís Cabral. E porque a distância para os locais onde ainda tem água é longa, cada viagem transportam em tchovas ou carrinha de mão 50 ou mais garrafas de 2 ou 5 litros.
Segundo os nossos entrevistados, cada viagem paga-se 50 meticais aos proprietários das carrinhas. Entretanto, mostram-se satisfeitos, visto que conseguem algum dinheiro para garantir o seu sustento diário.
Jorge Ubisse um dos vendedores de água naquele cemitério, contou-nos que comparativamente aos tempos anteriores, o rendimento do seu negócio reduziu, porque não obstante o aumento do número de compradores, a fonte de abastecimento ficou mais distante.
Os locais onde recorríamos para ter a água secaram, em consequência disso, somos obrigados a fazer longas caminhadas para a obter. A única fonte que nos socorre está perto de um riacho que localmente designamos do rio Mapaze,no bairro Luís Cabral, disse Ubisse.
Por sua vez, Arnaldo Joaquim referiu que já não é fácil exercer aquela actividade porque para além de pagar os meios que se usa para transporta-la, a mesma adquire-se muito longe.
Pagamos 50 meticais por cada viagem. Até agora conseguimos recuperar esse dinheiro porque vendemos sempre o suficiente, mas como não tínhamos habituado esse processo, nos sentimos prejudicados, disse Arnaldo Joaquim. 
Por seu turno, Loureço Marino, referiu que mesmo com a crise de água que se faz sentir nas cidades de Maputo e Matola, o grupo ainda mantêm os preços que vem aplicando desde o ano passado, que variam entre 5 a 10 meticais.
Ainda não aumentamos e nem está nos nossos planos. Ganhamos o suficiente para suportar as nossas necessidades básicas Por exemplo, nos bons dias conseguimos 200 meticais. Portanto, todos os dias conseguimos recuperar o valor de transporte, disse.
CONTROLADA VENDA
DE ESPAÇOS
As autoridades municipais acusam alguns jovens vendedores de água como protagonistas de vendas de espaços no cemitério em conluio com alguns funcionários afectos àquele local. Os preços variam entre quatro a cinco mil meticais.
Num outro cemitério diferente de Lhanguene, como Zimpeto e Michafutene, o coval e as despesas do funeral rondam a 250 meticais. No “Lhanguene”, as taxas são ligeiramente altas porque se considera segundo enterro, para além de que o município pretende desencorajar a realização de mais funerais no local devido a escassez de espaço.
Informada do negócio, a Direção de Salubridade e Cemitérios do Município de Maputo decidiu “apertar o cerco” e tirou de acção vários protagonistas. Como resultado, as receitas do cemitério de Lhanguene dispararam.
A directora-adjunta de Salubridade e Cemitérios no Município, Dominga Romão, revelou que em 2015 a edilidade cobrou naquele cemitério cerca de três milhões de meticais de taxas, quando em 2013 a receita rondava a um milhão.
“É uma situação que, felizmente, conseguimos controlar. Esses mesmos jovens quevendem água vendiam espaços no interior do cemitério em colaboração com nossos colegas. Não percebo como nós, comunidade, aceitamos comprar um espaço para enterrar nosso ente querido. Controlamos a situação, por isso, só no último mês de Fevereiro arrecadamos uma receita próxima de 460 mil meticais, o que nos abre boas perspectivas para este ano”.
Outra vitória apontada pela dirigente é a proibição total de venda de flores no interior do cemitério. “Conseguimos vedar o acesso de vendedores de flores no interior do cemitério. Com apoio da Polícia Municipal, desmantelamos o dumba-nengue que estava a crescer na entrada daquele cemitério”, congratula-se.
No entanto, Dominga Romão apela aos munícipes para observarem regras de conduta de visita ao cemitério. “Para nós não faz sentido alguém ir ao cemitério, enquanto participa na cerimónia, deixar o seu carro para lavar no passeio da entrada do cemitério. Temos que colocar a mão na consciência e afastarmo-nos de alguns comportamentos”, rematou.
Projectamos uma nova tubagem
- Dominga Romão, do Conselho Municipal do Maputo
A directora-adjunta de Salubridade e Cemitérios no Conselho Municipal de Maputo, Dominga Pinto Romão, disse que a sua direcção está a projectar a colocação de um novo sistema de tubagem no cemitério de Lhanguene porque o actual está danificado.
Tal como referiu, o sistema que está instalado no cemitério foi vandalizado pelos mesmos jovens que se dedicam a venda de água às famílias que se deslocam para aquele local para fazer a limpeza e rega das campas dos seus familiares falecidos.
O cemitério quando foi construído tinha mais de 200 torneiras distribuídas nos diferentes talhões de forma a permitir aos visitantes obter o precioso líquido sem percorrer grandes distâncias ou trazer de casa.
Dominga Romão considera que a situação é crítica e precisa de medidas urgentes para a sua solução, visto que nos últimos tempos há muita gente que têm vindo a sofrer por causa da falta de água naquele cemitério. 
Estamos com dificuldades sérias porque os malfeitores vandalizam tudo. A única coisa que fizemos foi coordenar com a Empresa Águas da Região do Maputo para desviar a água para a casa de banho e colocar o contador na secretaria. Na madrugada da última terça-feira arrombaram a secretaria, e não apanharam nada, espalharam todos os papéis que encontraram lá. Recentemente roubaram um tanque de água com uma capacidade de 500 litrosloiça sanitária, disse.
A fonte acrescentou que a situação é mais complicada porque o cemitério não tem iluminação, em consequência disso os marginais entram, fazem o que entenderem sem ser vistos. Neste momento a vigia nocturna é garantida pela Força de Intervenção Rápida.
Facto agravante é a falta de vedação por detrás do cemitério, o que permite aos malfeitores movimentarem-se à vontade, imiscuindo-se entre as casas vizinhas do cemitério.
Capela de “São Francisco Xavier” vai reabrir
O Conselho Municipal da Cidade de Maputo está a levar a cabo o trabalho de selagem dos jazigos e ossários do cemitério São Francisco Xavier, localizado na zona da Ronil, esquinas entre as avenidas Eduardo Mondlane e Karl Marx.
Neste momento, foram selados cerca de 10 jazigos. Posteriormente os trabalhos serão estendidos para a recuperação da capela, que voltará a acolher cerimónias.
A medida visa tornar aquele recinto limpo para permitir a realização de velórios das urnas que posteriormente serão transladadas para as diferentes províncias do país. Também se espera que a recuperação do recinto afugente alguns indivíduos não identificados que moram naquele recinto alegadamente porque não têm outro sítio para viver.
Segundo a directora-adjunto de Salubridade e Cemitério, Dominga Romão, o trabalho em curso poderá terminar ainda no primeiro semestre do ano corrente, 2016.
O Cemitério São Francisco Xavier foi encerrado há décadas. Contudo, maior parte das infra-estruturas que existiam foram sabotadas por indivíduos desconhecidos que procuravam extrair alguns bens, com maior destaque para jóias.
Entretanto, a Vereação de Salubridade e Cemitérios está ainda a levar a cabo o processo de vedação dos cemitérios localizados nos diferentes bairros municipais.
Neste momento, estão em curso obras de vedação do Cemitério de Zimpeto, iniciadas ano passado, 2015, devendo terminar ao longo do presente ano, numa primeira fase.
É uma obra que estamos a fazer em fases devido a constrangimentos financeiros”, anotou a nossa fonte.
Virgínia Mussuruco*
*Com redacção

Sem comentários: