Moçambique
O deputado do MDM e dissidente da RENAMO diz que não se quer ligar a partidos políticos ao anunciar candidatura à autarquia da capital moçambicana. Mussá quer assim contribuir para a despartidarização das instituições.
Ismael Mussá foi quadro sénior do maior partido da oposição de Moçambique, a RENAMO, e passou depois para o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), formado por dissidentes da RENAMO, onde foi secretário-geral. Após uma crise interna no movimento, Mussá demitiu-se do cargo, mas continua como deputado no Parlamento.
As eleições autárquicas estão marcadas para 20 de novembro. Agora, o deputado anunciou a sua candidatura à presidência do município de Maputo.
"Há dois anos que escrevo artigos sobre Maputo e tenho contactado vários especialistas para encontrar possíveis soluções para os vários problemas que a cidade enfrenta neste momento", diz o político.
"Cheguei à conclusão que valeria a pena o desafio de me candidatar como independente e de dar o meu contributo na busca de respostas para os problemas que Maputo enfrenta, que são inúmeros neste momento."
Resposta a asfixia do MDM?
Um caso similar a este aconteceu no município da Beira, onde Daviz Simango era presidente eleito pela RENAMO. Também depois de crises no seio do partido, Simango recandidatou-se ao cargo apoiado pela sociedade civil, acabando por vencer.
Apesar de Ismael Mussá continuar oficialmente a ser deputado do MDM, na prática o político não exerce a função porque o partido lhe vetou a palavra no Parlamento. Será esta candidatura uma tentativa de fazer frente à asfixia que lhe é imposta pelo partido?
"Olhando para o histórico dele, [Mussá] está a tentar empreender um movimento que saia desta lógica partidária", diz o analista político moçambicano, Jaime Macuane. "O único espaço onde isso é possível é nos municípios, porque esse espaço está aberto a que organizações cívicas apresentem candidatos. Aí têm mais oportunidades do que, por exemplo, numa eleição geral."
Segundo Macuane, esta é a última cartada de Ismael Mussá para "apresentar aquilo que ele pensa ser a visão alternativa de como ele vê a política."
A análise vai, em parte, de encontro aos objetivos que levaram o político moçambicano a candidatar-se como independente.
"A cidade de Maputo deve ser dirigida por alguém que esteja acima dos partidos políticos e que possa incluir no seu elenco todas as sensibilidades, sem discriminação", diz Ismael Mussá. "Uma candidatura independente para o município de Maputo poderia dar um grande salto para a despartidarização do Estado, a partir do momento em que teríamos um presidente que não estaria subordinado a nenhum partido e poderia contar com todos para governar em Maputo."
Entretanto, sobre a sua ligação ao MDM, o político prefere não comentar, justificando que prefere olhar para a frente.
Desafios como independente
Nas últimas eleições legislativas, em 2009, Ismael Mussá conseguiu um bom número de votos no município de Maputo, pelo MDM. Mas entrar na corrida municipal como independente traz desafios acrescidos a um homem que já vestiu algumas camisolas políticas bem visíveis, comenta Jaime Macuane.
"Sair da lógica partidária traz os seus desafios. Um deles é criar uma nova imagem desassociada dos partidos e ter uma máquina partidária que possa sustentar uma campanha num município grande como Maputo", diz o analista político. "Creio que ele tem de se preparar para um embate muito sério. Uma máquina como aquela que existe nos partidos vai certamente fazer uma grande falta."
Mas, no final, quem espera ver os inúmeros desafios serem ultrapassados são os munícipes. Maputo debate-se com problemas de infraestruturas, proliferação de lixo, um sistema de transportes públicos precário, criminalidade, entre outros. A cidade não consegue responder às necessidades dos habitantes, que questionam, por isso, o uso dos impostos que pagam.
DW.DE
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