Por Júlio Mutisse
Sempre que chove em Moçambique destapam-se os velhos problemas de sempre, as nossas fragilidades de todos os tempos quer na cidade, quer no campo onde a chuva devia ser sinónimo de alegria, prenúncio de boas colheitas e, logo, de segurança alimentar.
Nas cidades,
num cenário de infraestruturas insuficientes e/ou obsoletas a que se junta a
nossa teimosia em permanecer nas zonas propensas às inundações, ano após ano
somos dados a assistir um espetáculo dramático cujo enredo já é tempo de mudar,
quer fazendo uma manutenção preventiva das infraestruturas existentes quer
investindo em novas que ajudem a aliviar a pressão quando Deus nos abençoa com
chuva abundante como ocorre nos últimos dias.
A par do
esforço que tem que ser feito pelos poderes públicos no sentido de prover mais e
melhores serviços de saneamento público, é urgente que nós governados tomemos
consciencia de que somos em primeiro lugar os responsáveis pela nossa vida, pela
nossa segurança e dos nossos bens. Mais do que o Estado ou qualquer autarquia,
cabe a cada um de nós velar pela vida própria e pela segurança dos bens que
arduamente acumulamos. No contexto em que se aborda aqui, uma forma de garantir
isso é abandonando as zonas de risco, quer os que resultem das chuvas, quer os
que resultem de outros factores. Não vale a pena perpetuar um drama com finais
anualmente macabros.
Aos poderes
públicos urge a tomada de medidas corajosas usando os instrumentos legais
disponíveis, quer planificando melhor a ocupação dos espaços nas nossas cidades
quer, acima de tudo, tomando medidas para a desocupação de zonas propensas a
erosão, inundações etc., garantindo ao mesmo tempo que, passado pouco tempo,
ninguém retorna a essas zonas como aconteceu, por exemplo, na zona da Portagem
de Maputo.
Esta é a
altura em que a minha teoria de que o crédito a agricultura é condicionado pelo
risco inerente a actividade agrícola no país ganha força. Quando se anunciam
milhares de hectares inundados e culturas perdidas não vejo como um banco que
almeja lucro daria crédito a agricultura. Espero estar enganado e espero que o
banco pensado para esse fim tenha como contornar as questões relativas ao risco
a que os agricultores se expõem com as chuvas numa realidade em que Moçambique
apenas “Irriga 2% de um potencial estimado em 3 milhões de
hectares”.
Espero,
também, que tenha como contornar outros factores como (i) os subsídios de que
beneficiam as agriculturas dos países concorrentes, facto que faz com que o
custo a que produzem os agricultores moçambicanos não seja competitivo, (ii) a
ausência de escala que reduz os custos unitários e torna a produção mais barata,
agravada pelo extremo individualismo dos produtores moçambicanos onde cada um
aluga o tractor ou a auto-combinada para lavrar ou colher a sua pequena porção
de terra e cada um negoceia as sementes ou os fertilizantes sozinho tendo como
resultado a carestia da produção como uma vez anotou Viriato Tembe em debate
aqui no meu blog Ideias Subversivas.
Mais uma vez
o Limpopo vai arrasar culturas em alguns distritos na Província de Gaza, tal
como o Save e outros rios farão ao longo do seu curso destapando a nossa extrema
pobreza e tocando mais uma vez o sino da necessidade de mais e melhores
infraestruturas que ajudem a viabilizar a nossa agricultura para que o tão
falado e necessário crédito a agricultura possa surgir mais forte e potenciar a
produção interna de alimentos e outras culturas para a indústria nacional e para
a exportação.
PS: Os
meus parabéns ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República pelos seus 70
anos de vida. Como disse Jacob Zuma em entrevista a STV essa é a idade da
maturidade, maturidade que gostaria de ver cada vez mais vincada na resposta que
o nosso Governo dá aos desafios que o país enfrenta incluindo o que dá mote a
este documento.
PS2:
Pelo pouco que vi pela TVM e pelo o que os jornais de hoje segunda-feira
reportam, a festa dos 70 anos do Presidente da República foi brava. Espero que
os presidentes de municípios e governadores provinciais presentes tenham saído
dali bem nutridos e por isso suficientemente fortes para fazerem o que devem
fazer: em nome das instituições que representam e para as quais foram eleitos
e/ou nomeados devolverem a esperança a quem tudo perdeu e tomar medidas para que
no futuro, as chuvas como as que nos fustigam nos últimos dias, não tenham
efeitos tão dramáticos. Aliás, mais do que na festa e em festa (mesmo que do
Presidente da República) era junto do povo que sofre com as chuvas que deveriam
ter estado ontem, anteontem, hoje e até esta situação cessar. Mas cada um
escolhe onde quer estar.
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