quinta-feira, 18 de outubro de 2012

SIGNIFICADO DO PATRIOTISMO NA JUVENTUDE ACTUAL: SEU PAPEL E VALORES (1 de 3)

near Maputo, Mozambique · 

“Se o boi conhecesse a sua força, jamais o homem o domaria.” Ditado popular

Actualmente há um despertar surpreendente de jovens para o nacionalismo e para a participação política do que há anos atrás. Pessoalmente entendo este boom como resultado de a juventude ter conquistado uma consciência crítica, fruto das facilidades educacionais que actualmente existem e da sua entrega a investigação científica, que dá ferramentas comparativas entre a realidade e o dever ser.

Assim, os jovens tem tido um protoganismo, senão visível a olho nu, pelo menos é visível nos seus respectivos fóruns, criados por eles mesmos, onde o respeito ganha-se com coerência e não pela posição defendida. Com isto, quero dizer que o dogmatismo, a emoção e a falta de clareza tendem a se afastar de muitas visões que os jovens lançam cá para fora, e com isso tem conseguido fazer um mundo a parte, que possivelmente será o que substituirá o da geração que está em voga actualmente. E isso é de salutar, aliás, é natural.

Por outro lado, a juventude tem ficado órfã de uma direcção forte no aspecto do patriotismo. Quando falo de direcção não falo do líder ou de uma bitola ou farol que possa guia-los a um caminho certo, mas de uma ideia genuina e aglutinadora, que possa casar a parte positiva de capacidade de análise e o déficit assustador de patriotismo que grassa nos jovens. Quando falo da “falta de direcção”, refiro-me a falta do funcionamento do volante do ego dos jovens, que se deixa arrastar pela informação que nos chega (facilmente), e tentam a todo custo implantar numa realidade totalmente diferente da fonte da mesma, sem querer entender a sua exiquibilidade, tendo como meta o bem e harmonia social a longo prazo.

Aqui falo do patriotismo como aquele em que os indivíduos de um certo território estão unidos por tradições, língua, cultura, religião ou interesses comuns, e que constituem uma individualidade política com direito de se autodeterminar e de decidir sobre o seu próprio destino. Aqui a territorialidade é que vinca, pois parto do princípio de que um nascituro de um território ou um cidadão que foi adoptado por essa pátria-território, deve toda a lealdade a essa mesma pátria.

Socorro-me de Rosseau para me cingir na territorialidade do patritismo, através do seu conceito de soberania, no seu Do Contrato Social, uma vez que no centro desta teoria jaz o carácter civilizador da construção de um Estado. “O tratado social tem como fim a conservação dos contratantes. Quem deseja os fins, também deseja os meios, e tais meios são inseparáveis de alguns riscos e, até, de algumas perdas.

Quem deseja conservar a sua vida à custa dos outros, também deve dá-la por eles quando necessário. Ora o cidadão não é mais juiz do perigo a qual a lei quer que se exponha e, quando o princípio lhe diz É útil ao Estado que morras, deve morrer, pois foi exactamente por essa condição que até então viveu em segurança e que a sua vida não é mais mera dádiva da natureza, porém um dom condicionável pelo Estado” (Rosseau, 1987, Pag 51-52).

Aqui, não entendo este escrito de Rosseau como dirigido a pessoas individualmente, mas a um conjunto de pessoas que tem sentimentos comuns, e que professa a mesma fé na durabilidade, justeza e invencibilidade dessa sua coesão. Este exemplo do escrito do Rosseau, vem mostrar que o patriotismo é algo que condiciona a coesão de um certo grupo de cidadãos com interesses de sobrevivência comuns, e que a necessidade de sobreviver sobrepõe-se a quaisquer visões externas a esses interesses de sobrevivência a TODO O CUSTO.

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