quarta-feira, 22 de março de 2017

O deputado que saiu do Parlamento para se tornar o herói de Londres


Tobias Ellwood é deputado, sub-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e antigo militar. Esta quarta-feira tentou salvar a vida do polícia esfaqueado no recinto do Parlamento britânico.
Tobias Ellwood, ao centro e de fato, a tentar salvar a vida ao polícia ferido
Foto
Tobias Ellwood, ao centro e de fato, a tentar salvar a vida ao polícia ferido TWITTER/JAMES MITCHINSON
No Palácio de Westminster realizava-se o que parecia ser apenas mais uma sessão parlamentar. A ordem de trabalhos ia da estratégia para a indústria ao “Brexit”, passando pelo segundo referendo à independência da Escócia. Os deputados preparavam as suas intervenções e a primeira-ministra, Theresa May, alinhava a resposta às críticas da oposição. Mas o debate foi interrompido, os deputados colocados em segurança e May retirada do local sob segurança apertada. O terror chegava às portas do Parlamento. E de lá sairia o herói do dia.
Várias pessoas foram atropeladas na Ponte de Westminster e um polícia foi esfaqueado já nos jardins do Old Palace Yard, que circunda o Parlamento. Foi o deputado conservador e sub-secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido Tobias Ellwood, cuja segurança é garantida todos os dias pelo mesmo polícia, que primeiro socorreu a vítima. Iniciar várias manobras de reanimação, incluindo respiração boca a boca, e travar a hemorragia, aplicando pressão nos ferimentos, foram as primeiras prioridades do herói de Londres, conta quem testemunhou o episódio ao jornal britânico Telegraph. E aí permaneceu até que as equipas de emergência chegaram ao local. Depois foi visto, sozinho, com as mãos ensanguentadas, a dirigir-se para o edifício dos Negócios Estrangeiros. Horas mais tarde soube-se que o polícia morrera; o seu nome, como o de outros envolvidos na tragédia, não foi identificado.
Anos antes de entrar na política, Ellwood iniciou, em 1991, uma carreira militar que terminou em 1996 com a patente de capitão. A vida de político e a de militar cruzaram-se à porta do Parlamento - possivelmente, as aptidões que adquiriu durante os anos passados no regimento de infantaria do Exército Royal Green Jackets, contribuíram para o sangue frio e o impulso de socorro à vítima que sucumbia perante si esta quarta-feira.
O terrorismo não é algo novo na vida de Tobias Ellwood. Em 2002, os atentados de Bali, na Indonésia, fizeram 202 mortos. Um deles foi Jonathan Ellwood, professor numa universidade no Vietname e irmão do mais recente herói de Londres.
LONDRES

Tobias Ellwood, o ministro “herói” que tentou salvar o polícia esfaqueado

670
Ellwood é ministro para a Commonwealth e tentou salvar o polícia esfaqueado. Fez-lhe respiração boca-a-boca e procurou estancar a ferida. Não conseguiu. E deu a notícia da morte emocionado.
Twitter
Há um novo herói do Reino Unido no dia em que Londres está outra vez a viver o horror de um ataque terrorista.
Tobias Ellwood, atual ministro britânico para a Commonwealth, foi a primeira pessoa a prestar assistência ao polícia esfaqueado pelo atacante às portas do Parlamento inglês. De acordo com os relatos que estão a correr pelas redes sociais, Ellwood ajoelhou-se junto do agente e tentou estancar a ferida provocada pelo atacante que foi depois abatido pelas autoridades.
O ministro dos Conservadores também fez respiração boca-a-boca ao agente da polícia na tentativa de lhe recuperar o pulso. Não conseguiu. Ficou ao seu lado até à chegada dos paramédicos. E deu a notícia da morte do agente aos médicos “em lágrimas”. Os polícias abraçaram-no assim que o polícia foi transferido para o hospital.
Os médicos encontraram Tobias Ellwood, de 50 anos, com sangue do polícia na cara, nas mãos e nas roupas sujas.
Tinha aplicado técnicas de reanimação cardiorrespiratória, fazendo força com os dois braços em cima do peito do polícia atacado. Não conseguiu encontrar o pulso, mas só se afastou quando o homem foi levado de helicóptero para o Hospital de St. Thomas. Foi imediatamente questionado pela polícia. A seguir tentou ajudar os paramédicos a assistir outras pessoas, conta o The Independent.
Créditos: Stefan Rousseau/PA
Tobias Ellwood sabia o que estava a fazer. O ministro para a Commonwealth foi capitão do Exército britânico durante os anos noventa: foi soldado do Royal Green Jackets, companhia de infantaria que foi encerrada em 2007, entre 1991 e 1996. Saiu das Forças Armadas britânicas depois de ter servido o país na Irlanda do Norte, Chipre, Kuwait, Alemanha, Gilbraltar e Bósnia. Agora faz parte do Exército Territorial. Depois entrou para a política, mas só mais tarde, em 2005, se tornou membro do Parlamento inglês.
Casado com a advogada Hannah Ryan, com quem teve dois filhos (Alex e Oscar), Tobias Ellwood viu o irmão morrer há quinze anos nos atentados de Bali protagonizados por um grupo violento de inspiração islâmica, o Jemaah Islamiyah. Jon Ellwood tinha 37 anos, era professor e estava na Indonésia para dar uma conferência. Foi um dos 27 britânicos entre as 202 vítimas mortais do ataque de 2002.

Sem comentários: