quarta-feira, 22 de março de 2017

A batalha final pelo "Moza" e o potencial conflito de interesses João Figueiredo

Mozabanco
Amanhã é o último dia

Termina amanhã, quinta-feira, o prazo de 60 dias que os accionistas do banco "Moza" têm para injectar os cerca de 8,1 mil milhões de meticais para a recapitalização do banco inter­vencionado em finais Setembro de 2016 pelo Banco de Moçambique.
Até às zero horas de amanhã, 23 de Março, os accionistas perdem a prerrogativa de encontrar um parceiro, e o Banco de Moçambique poderá colocar o banco na praça, É pouco provável que haja um milagre de última hora por parte da "Moçambique Capitais", o maior accionista do "Moza", que lhe per­mita encontrar o dinheiro para mos­trar a Rogério Zandamela, tal como haviam prometido fazer na decisão que tomaram a 23 de Janeiro em Assembleia-Geral. É quase certo que o único banco genuinamente moçam­bicano e sem casa-mãe no estran­geiro terá mesmo de ser vendido, e muito provavelmente a estran­geiros, para a sua recapitalização. Face à pressão do tempo, há tam­bém um forte "lobby" nos corre­dores do Banco de Moçambique daqueles que já marcaram posição para adquirir o "Moza". Perfilam--se factores que tornam o "Moza" bastante cobiçado: com cerca de 7% da quota de mercado, uma rede de cerca de 50 agências, infra-estruturas modernas e um sistema informático considerado como dos melhores no mercado nacional, 700 trabalhadores, dos quais 99% são moçambicanos, o *Moza* conse­guiu, em menos de oito anos de ac­tividade, colocar-se em quarto lugar num "ranking" de dezanove bancos comerciais.
É uma questão de injectar dinheiro e olear a máquina, que os carretos engrenam sozinhos. Segundo apurou o Canalmoz de fontes do Banco de Moçambique estão neste momento com papéis para adquirir o rtMozav: a empresa "Atlas Mara*, de Bob Diamond (que entrou em desinteligências com a "Moçambique Capitais", numa pri­meira abordagem do negócio); Edy Mondlane (filho de Eduardo Mondlane); o "Barclays" (que tem Luísa Diogo como presidente do Conse­lho de Administração); o "Societé Generale” (da França); um banco malaiviano; um banco marroquino.
O caso curioso de João Figueiredo
Um outro interessado na aquisição do "Moza" é o banco BIC, de Isabel dos Santos (filha do José Eduardo dos Santos) e Américo Amorim (o mag­nata português da indústria têxtil). E é justamente aqui onde está o pro­blema. Américo Amorim é sócio de João Figueiredo no '"Banco Único", onde Figueiredo já foi presidente do Conselho de Administração, mantendo actualmente uma quota con­siderável das acções do banco. João Figueiredo foi nomeado pelo Banco de Moçambique como presidente do Conselho de Administração pro­visório do "Moza* na noite de 30 de Setembro.
Sendo accionista do "'Banco Único", Figueiredo é prati­camente concorrente do "Moza”. O que agrava esta situação de aparen­te conflito de interesses é o facto de João Figueiredo, na sua qualidade de presidente do Conselho de Ad­ministração provisório do "Moza**, ser também presidente da Comissão de Avaliação de Propostas de recapitalização do "Moza", que foi cria­da pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
João Figueiredo estará, assim, à frente de todo o processo da recapitalização do "Moza, incluindo o escrutínio dos próximos órgãos sociais do banco. À comissão presi­dida por Figueiredo também foram conferidos poderes de decidir quem serão os próximos accionistas maio­ritários do "Moza". É uma situação curiosa em que o árbitro poderá ser o jogador.
O Canalmoz tentou con­tactar João Figueiredo, mas todas as nossas tentativas foram infrutíferas. Para já, a situação está a criar um mal-estar generalizado entre o Ban­co de Moçambique e a "Moçambi­que Capitais", dona do "Mozav, que não vê com bons olhos, sob o ponto de vista ético, a posição de João Fi­gueiredo. (Matias Guente. na Beira)
CANALMOZ – 22.03.2017

Sem comentários: