domingo, 5 de fevereiro de 2017

Simão Nhambi diz que dispensa de mediadores revela elevada confiança entre Nyusi e Dhlakama



Investigador considera que paz efectiva pode ser uma das apostas da governação de Filipe Nyusi


Em entrevista ao “O País” o investigador Simão Nhambi considerou que a dispensa de mediadores internacionais no diálogo político mostra que o Chefe de Estado e o líder da Renamo atingiram um nível alto de confiança. “A saída dos mediadores é um sinal de que entre as partes há uma grande aproximação. Este é um bom passo, significa que as coisas que constituíam exigência para o diálogo maior parte delas já foram concessionados”, defendeu Nhambi.
Para o académico a paz efectiva pode ser uma das apostas de Filipe Nyusi, sendo que não acredita que o empenho do Chefe de Estado nesta matéria visa reforçar o seu poder dentro do Frelimo antes do Congresso de Setembro. “Com presidente Nyusi ou sem ele, o povo moçambicano quer paz. Acho que ele está a se empenhar nesse sentido, porque faz parte das suas promessas durante a sua campanha. Se ele foi eleito é porque os moçambicanos acreditaram nas suas promessas. Se Barack Obama resgatou a economia, Filipe Nyusi pretende resgatar a paz. Cada presidente procura deixar o seu legado. Por exemplo, o presidente Guebuza deixou o legado de grandes infra-estruturas. Quanto ao presidente Nyusi vemos esforços no sentido de restabelecer a paz, acho que este é o principal legado que o presidente Nyusi pretende deixar da sua governação”, disse.
O investigador aproveitou a ocasião para comentar as palavras proferidas por Eliseu Machava no dia dos heróis, segundo as quais deve-se acabar com os heróis da guerra. “É a primeira vez que ouvimos um discurso desses do secretário-geral da Frelimo. Ao dizer que temos que acabar com os heróis da guerra significa que começamos a sentir uma ligação entre o que o Presidente da República diz e o que o seu partido pensa. Este discurso é muito importante nesse contexto em que se fala de inclusão porque há muitos moçambicanos que fazem muito e não são reconhecidos porque não fazem parte do partido. Isto significa que para fazermos heróis não precisamos criar guerras”, concluiu. 
Na nova fase do diálogo, o Governo e a Renamo vão constituir dois grupos para discutir matérias sobre a descentralização da administração do Estado e a integração dos homens de Afonso Dhlakama nas Forças de Defesa e Segurança.

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