quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Passos Calvinball

segunda-feira, novembro 16, 2015

Câmara Corporativa


• Francisco Louçã, Câmara Corporativa:
    «(…) Quarta-feira voltará ao serviço no Palácio de Belém e continuará a receber as delegações da câmara corporativa. Já estaremos então no 46º dia depois das eleições.

    Esta atitude pode ser analisada a partir de várias interpretações. Simples mesquinhez é uma: o Presidente não admite um governo com alianças à esquerda e, não tendo alternativa, prolonga a angústia da dúvida. Outra será que, nas vésperas de ser eleito um novo presidente (ou presidenta), Cavaco Silva compreende que esta é a última decisão que ficará registada nos livros de história, e toda uma vida e carreira para acabar a dar posse a Costa dependente da esquerda é muito desespero.

    Eu prefiro outra interpretação: o Presidente não sabe mesmo o que fazer, só sabe o que não quer (um governo Costa) ou que não lhe permitem (um governo Passos e Portas em gestão).

    Por isso, toma a indecisão que lhe resta nos momentos difíceis em que era precisa uma decisão: escolhe dizer ao país que o último a sair feche a luz.»

O Governo pode esperar


O Presidente da República que não se mostrou disponível para ir às comemorações da implantação da República, porque tinha de reflectir sobre os resultados das eleições legislativas, vai hoje para a Madeira exactamente para isto:
    «Da lista das empresas a visitar por Cavaco Silva, estão algumas das que Passos Coelho viu em junho, quando esteve na Madeira. O Presidente irá passar pelo Centro Internacional de Negócios [off-shore], por uma tecnológica da Ribeira Brava e uma empresa de congelados de peixe.

    A visita começa (...) com a inauguração do Design Centre de Nini Andrade Silva, designer madeirense premiada. Ao programa do primeiro ministro, em junho, são acrescentadas visitas a um produtor de vinho da Madeira, ao projecto M-ITI, uma parceria da Universidade da Madeira e do Carnegie Melon Portugal, além de uma passagem pelo espaço onde irá nascer um novo hotel do Grupo Pestana, junto ao Porto do Funchal.»

Passos Calvinball


• João Galamba, Passos Calvinball:
    «Depois de 4 anos em choque com a Constituição, Passos Coelho parece querer ir mais longe e está mesmo disposto a romper com o património do seu próprio partido em matéria de organização do sistema político. Segundo o próprio PSD, foi a revisão constitucional de 1982 que finalmente instituiu a democracia em Portugal. Ora, são os princípios que essa revisão constitucional plenamente consagrou que Passos Coelho vem agora pôr em causa.

    Passos Coelho acusa a maioria absoluta de deputados que rejeitou o seu Governo de golpismo parlamentar e diz ser a sua vez de governar. E volta a referir-se à Constituição como sendo uma espécie de força bloqueio, desta vez porque não permite a dissolução da Assembleia da República nos seis meses após a sua eleição. Ao contrário do que sugere Passos Coelho, a não-dissolução da Assembleia da República nos seis meses após a sua eleição não é uma norma que impede a realização de eleições legislativas. É, isso sim, uma norma que existe para que as eleições legislativas que acabaram de se realizar sejam valorizadas e respeitadas nos seus resultados.

    (…)

    Quando ouvimos o que tem dito Passos Coelho ficamos com uma ideia da revisão constitucional que desejaria. Para além de se poder cortar salários, pensões e prestações sociais contributivas sempre que tal dê jeito em matéria orçamental, a Constituição de Passos Coelho também determinaria que, quando a direita ganha com maioria relativa, uma parte da maioria absoluta que se lhe opõe tem a obrigação (constitucional) de a apoiar. Instituída constitucionalmente a figura da coação parlamentar, Passos Coelho governaria legitimamente, como acha que é hoje o seu direito. Até que esse delírio ocorra, vigoram as regras que temos e que determinam que governa quem tiver uma maioria parlamentar e não governa quem não a tem. Ponto final.»

De onde vem o dinheiro?

• José Gusmão, De onde vem o dinheiro?:
    «(…) É evidente que a crise que o país enfrenta exigiria um estímulo contra-cíclico muito superior. No entanto, o acordo assinado com o PS foi negociado com base na premissa de que os compromissos financeiros de Estado português seriam observados. É este caminho apertado que percorrerá esta solução de alternativa à austeridade.»

Teseu e Ariadne

• António Correia de Campos,
Teseu e Ariadne
:
    «O Presidente está a ouvir muita gente, tanto o Conselho Económico e Social como os empresários de empresas familiares. E naturalmente as centrais patronais e sindicais. Pode até convocar os pais de famílias numerosas e as colectividades de cultura e recreio. Sem que se saiba bem porquê, irá ao Funchal passar dois dias de um esplêndido verão de São Martinho, esperemos que sejam dias inspiradores. Sendo apenas dele o critério, pode vir a convocar o Conselho de Estado. Já há quem fale em mais duas semanas de indecisão. Sabendo que tempo é dinheiro, conviria que o Presidente, no final, explicasse as razões do ciclo que se receia longo em demasia.

    Até lá, tudo o que não devia acontecer, acontece. A economia tornar-se-á mais instável, como se todos desejássemos a descida das notações; decisões pesadas, como a venda da TAP, são tomadas por mau conselho da pressa; o investimento esperará; a despesa pública sem controlo deslizará até onde não deve; credores acumularão dúvidas e dívidas; o teatro político ocupar-se-á em traulitada inconsequente. A guerrilha institucional lavrará, levando ao desprestígio dos órgãos, a começar pelo precário Governo e a terminar no relutante Presidente. (…)»

domingo, novembro 15, 2015

Economia das baixas qualificações explicada às criancinhas


O título do artigo é estimulante: «O ensino está todo errado» (mesmo que, na edição em papel, a palavra «errado» estivesse grafada em itálico). O pequeno grande arquitecto propõe-nos uma revolução no ensino, apoiada, por um lado, na sua experiência docente («dei aulas no Centro de Formação da RTP, nos anos 70») e, por outro, no que se convencionou chamar «universidade da vida», resposta muito comum quando o Facebook quer saber os estudos de cada um.

Antes de nos propor o admirável mundo novo no ensino, o pequeno arquitecto derriba as muralhas do velho e caduco ensino: «Para que me serviu aprender as equações de 2.º e 3.º grau, ou os integrais, na matemática? Ou saber resolver aqueles problemas complicadíssimos na física ou na química? E a gramática? Para quê saber identificar o sujeito e o predicado e o nome predicativo do sujeito? Nunca soube isto. Sempre ignorei a gramática. Mas isso não me impediu de ser bom aluno a português, desforrando-me na redação e na interpretação, provando que a gramática não fazia falta nenhuma.»

Calcados «aqueles problemas complicadíssimos» e a gramática, o olhar do pequeno grande arquitecto volta-se para os métodos de ensino: «uma forma enfadonha, sem vida, que tornava a aprendizagem uma chatice.» Eis a solução:
    «Quando vamos buscar um carro novo ao stand, o vendedor dá-nos montes de explicações – sobre o rádio, o GPS, as variadíssimas funções, os programas automáticos, a abertura do capot, etc. – mas quando pegamos no carro e começamos a andar já não nos lembramos de metade das explicações.

    Porém, se uns dias depois voltarmos ao stand e o vendedor repetir a lição, absorvemos tudo – porque estamos a obter respostas para aquilo que não conseguimos fazer.
    »

A conclusão é óbvia: «deveria haver uma muito maior articulação entre a escola e a vida.»

A base sobre a qual deveria assentar o ensino é a «História universal e História de Portugal» (de acordo com o legado do tio José Hermano, subentende-se), a «geografia», «o mapa-mundo e certos fenómenos da atmosfera», e ainda seria dada atenção «à zoologia, à botânica e à geologia: é importante conhecer os animais, as plantas e os minerais.» E também «conselhos de alimentação» e «noções básicas de economia». Pergunta o pequeno grande arquitecto: «ora, não seria mais útil aprender isto do que as equações de 2.º e 3.º grau?»

Há uma incontida nostalgia que influi na escolha dos outros conhecimentos propostos pelo pequeno grande arquitecto: «já não há ‘criadas de servir’, como havia no passado.» Perante esta perda irreversível, em lugar de «equações de 2.º e 3.º grau» ou de «problemas complicadíssimos na física ou na química», o pequeno grande arquitecto sustenta que venham a ser ministradas «noções básicas de cozinha», «noções básicas de trabalhos domésticos» e «certas noções de bricolage». Para completar o admirável mundo novo do ensino, a sua proposta inclui: «Finalmente, há uma disciplina que deveria ser enormemente valorizada: o desenho. Em certas situações, é mais importante saber desenhar do que saber escrever.» Porquê? «Saber exprimir ideias através de desenhos e outros elementos gráficos valoriza imenso a capacidade de comunicação de uma pessoa.»

Este currículo não atrofiaria os alunos, não lhes tiraria «‘ginástica mental’»? «Discordo. As outras coisas que aprendêssemos em vez destas também dariam essa ginástica, com a vantagem de adquirirmos conhecimentos que se encaixariam na vida quotidiana e que estaríamos sempre a usar.»

Em jeito de conclusão, o pequeno grande arquitecto remata:
    «É isto que se pede ao ensino: dar ao nível básico conhecimentos que estejamos constantemente a utilizar, que nos permitam agir melhor e compreender melhor a realidade em que vivemos.

    Depois, cada um desenvolverá esses conhecimentos de acordo com as suas capacidades, ambições e preferências.»

O que José António Saraiva propõe é a substituição da escola pública pelos cursos de cozinheiro e empregado de mesa do IEFP (suportados por fundos europeus). Para promover a economia dos baixos salários e das baixas qualificações. É o programa de Passos Coelho & Portas traduzido por miúdos. Há sempre alguém que não tem vergonha de o defender em público.

Calar o Observatório da Emigração


    Cito das conclusões do último relatório do Observatório da Emigração:
      • "Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente. O número de emigrantes portugueses supera os dois milhões, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora do país em que nasceu.

      • Entre 2010 e 2013, o número de saídas de Portugal cresceu mais de 50%. Entre 2013 e 2014, a emigração estabilizou em torno das 110 mil pessoas por ano. É preciso recuar a 1973 para se encontrar valores para a emigração desta ordem de grandeza.

      • Predominam, entre os portugueses emigrados, os indivíduos com baixas e muito baixas qualificações, embora se observe um crescimento da proporção dos mais qualificados. A percentagem dos portugueses emigrados com formação superior a residir nos países da OCDE praticamente duplicou, passando de 6% para 11%, entre 2001 e 2011."

    E passo a perguntar:
      1. Percebem melhor porque temos problemas estruturais muito complexos, que quatro anos de políticas 'além da troica' só agravaram?

      2. Percebem porque é que o Governo Passos Coelho e Paulo Portas se sentiu incomodado com a divulgação desta informação quando estava pronta - e queria que só fosse divulgada depois das eleições?

      3. Percebem porque foi miserável a sua retaliação, cortando o financiamento público ao Observatório da Emigração?

      4. Percebem porque é indispensável tentar contrariar esta sangria, com políticas económicas positivas?

      5. E que para isso é preciso outro Governo?

Da série "Frases que impõem respeito" [954]


Portugal errou ao querer ganhar o concurso de beleza da austeridade.

sábado, novembro 14, 2015

O que é o «Estado Islâmico»?

Leia aqui

O centro vital

Hoje no Expresso
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Democracia. Apenas democracia

Hoje no Expresso
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Será que o dr. Centeno é inepto e irresponsável?

Hoje no Expresso
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Teoria da democracia limitada

• José Pacheco Pereira, Teoria da democracia limitada:
    «(…) 4. O que aconteceu depois foi que tudo isto foi mudado: o experimentalismo político vanguardista substituiu os “pequenos passos”; à medida que as coisas falhavam em baixo, acelerava-se em cima; o medo ao voto foi crescendo à medida que “projectos europeístas”, como a Constituição Europeia, caíram aos pés do “canalizador polaco”; o receio de que os países do centro e do Leste na Europa pusessem em causa o poder do “motor franco-alemão” (e que os agricultores polacos quisessem receber o mesmo que os agricultores franceses…) foi criando uma hierarquia, depois um directório e depois um poder solitário da Alemanha; o crescimento do poder da burocracia de Bruxelas, que acha que sabe melhor como governar os países do que os parlamentos e governos; as divisões sobre o Iraque; o cepticismo inglês que cresceu com a ideia de que “um buldogue inglês é melhor do que uma couve-de-bruxelas”; e uma patética e perigosa política externa que destruiu a Líbia ajudou ao incêndio sírio e gerou a guerra civil da Ucrânia. Chega?

    5. Não chega. Há mais e, agora, cada vez mais é no cerne da soberania e da democracia que a “Europa” suga como um vácuo. Deu-se então a tempestade perfeita, a crise bancária de 2008, chocando com uma Europa dominada pelos partidos conservadores do PPE, a começar por esse tandem altamente capaz Merkel-Schäuble, acolitado pelos anões em que se tornaram os partidos socialistas europeus. A resposta à crise financeira foi transformá-la artificialmente numa crise de outra natureza, a das dívidas soberanas, e tornar essa crise num poder sólido dos alemães que se exerceu sempre como poder político. Tudo começou com a punição à Grécia, que o PPE, aliás, governava com a Nova Democracia e o Pasok, e depois Sócrates, mais a “coligação negativa” que o derrubou, entregou-lhe, com regozijo do PSD e do CDS, Portugal numa bandeja.

    6. Depois é que se sabe: da troika ao Governo dos não “piegas”, a utilização de uma ideologia da austeridade e do “não há alternativa” para proceder a uma engenharia social que destruiu uma parte da classe média, desequilibrou as relações laborais, transformou o desemprego num meio de baixar salários e acelerar a precariedade, tornou os velhos um fardo e violou todos os contratos com os mais fracos para manter aqueles que eram sacrossantos com os mais fortes. Portugal retrocedeu dezenas de anos, sem que haja uma única mudança estrutural que possa ser creditada a esta governação. E, pior que tudo, disseminou com sucesso, mas como um veneno, uma concepção egoísta entre os portugueses, que passaram a olhar para o vizinho do lado com ressentimento e inveja, ou porque tinha emprego, ou porque tinha direitos e força para os manter, ou porque tem uma pensão “milionária” de mil euros, em vez de olharem para cima. Pergunta-se “quem paga” a quem é aumentado 1,80 euros na sua reforma de 600 euros, e não a quem meteu milhares de milhões para salvar um banco ou para comprar um parecer a um escritório de advogados, ou a uma consultora financeira, depois de ter atirado para fora da função pública os funcionários competentes que o podiam fazer. Quem paga? Nós. Mas a pergunta certa devia ser: quem é que não paga e devia pagar? (…)»

Paris em Lisboa


    «Logo, às 18.30 horas, a Torre de Belém será iluminada com as cores da França, em sinal de homenagem e solidariedade de Lisboa a todos os que em Paris sofreram e sofrem com a barbárie.

    Eu e o Embaixador de França convidamos todos a estarem presentes.

    Estamos todos unidos.»

Paris

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sexta-feira, novembro 13, 2015

Portas e porta-vozes

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Pedro Sales publicou no Facebook uma notícia do Expresso a recordar o que António Costa tinha dito antes das eleições. O Expresso dava então conta de que o secretário-geral do PS não apenas «chumba governo de direita minoritário» como, no caso de não conseguir a maioria, «confia na maioria de esquerda e na capacidade para fazer acordos».

A reprodução da primeira página do Expresso fez saltar Filipe Santos Costa, que, precisamente neste semanário, costuma fazer a cobertura das actividades do CDS-PP. Na ânsia de defender as posições da coligação de direita, o jornalista até se dá ao luxo de pôr em causa, embora de uma forma habilidosa, o próprio jornal em que trabalha. Paulo Portas tem porta-vozes onde menos se espera — e alguns levam a missão a peito.

UM ACORDO POLÍTICO TEM DE SER LIDO POLITICAMENTE


• Augusto Santos Silva, UM ACORDO POLÍTICO TEM DE SER LIDO POLITICAMENTE:
    «Os três textos subscritos pelo PS com o BE, o PCP e o PEV constituem um acordo político, cujo objetivo é apoiar a formação de um governo do PS, impedindo a sua rejeição no Parlamento, e assegurar as condições de estabilidade que lhe permitam executar o seu programa, no quadro da presente legislatura.

    Este é o significado político do acordo, o seu único significado político.

    Para chegar aqui, os partidos tiveram de evoluir nas suas posições e procurar chegar a entendimentos uns com os outros. A história e as expectativas dos partidos explicam os diferentes textos a que chegaram e a base comum que deles resulta. O Partido Socialista queria erguer uma plataforma de máximo entendimento: um único texto de acordo e a materialização do compromisso político através de um Governo de coligação. O desenlace das negociações ficou aquém: entendimentos bilaterais, apoio parlamentar sem participação no Governo. Os historiadores terão oportunidade de analisar e explicar as vicissitudes deste caminho concreto de aproximação na esquerda portuguesa.

    Não foi e não é um caminho fácil. Nem é linear. Nem colhe a unanimidade interna em nenhum dos partidos, nem nos respetivos eleitorados. É, portanto, natural que, em particular no PS, se ouçam vozes críticas. Além de natural, é salutar. Já aqui escrevi, e repito, que a tarefa mais imediata do novo Governo tem de ser re-unir os portugueses.

    Nada disto retira, porém, significado ao acordo alcançado, nem altera o seu conteúdo político.

    Em primeiro lugar, o acordo deu sentido à rejeição do programa de Passos Coelho e Paulo Portas, isto é, a recusa da continuação das mesmas políticas dos últimos quatro anos. Esse programa pôde ser rejeitado exatamente porque o Parlamento dispunha de uma alternativa positiva, construtiva, isto é, condições para constituir um outro Governo.

    Em segundo lugar, o acordo exprime um compromisso de que as partes signatárias colhem todas benefícios – o que é um fator quase “sine qua non” para a solidez dos compromissos. Basicamente, BE e PCP podem legitimamente reclamar que é por sua influência que é acelerado o ritmo de reposição dos salários na função pública e são afastadas medidas de reforma do sistema de proteção social, propostas do PS, que lhes mereceram críticas. Do seu lado, o PS fica em condições de aplicar o seu programa, isto é, reorientar a política económica e orçamental no sentido do crescimento e do fortalecimento do tecido social, no respeito pelas regras da União Económica e Monetária.

    O que significa, em terceiro lugar, que o acordo celebrado pelas esquerdas portuguesas só tem uma leitura política possível. BE e PCP comprometem-se a viabilizar um Governo do PS, aplicando o seu programa de Governo, no quadro europeu e internacional a que Portugal pertence.

    Esta é, verdadeiramente, a novidade histórica do acordo. E por isso é tão importante que resulte. Ter a esquerda toda a reconhecer finalmente, por um lado, que o PS se distingue claramente da direita e, por outro lado, que um programa político moderado traz às pessoas os benefícios que o radicalismo ideológico lhes sonegou, é ultrapassar finalmente o nosso Cabo das Tormentas.

    Isto é, poder doravante chamar-lhe Cabo da Boa Esperança

Até tu, Duarte de Bragança?

Questionado se no lugar de Cavaco Silva daria posse a um governo do PS chefiado por António Costa, Duarte de Bragança responde:

«Certamente daria posse a António Costa. Podemos não concordar com a situação, mas a lei é lei». E justifica-se: «Se os partidos que se juntaram ao PS garantirem uma governação estável, a Constituição expressa o direito de formarem um governo.»

A nova maioria

Hoje no Diário Económico
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Paulo


• Fernanda Câncio, Paulo:
    «(…) O Paulo. Já gastámos quase todas as palavras para o descrever. Genial, fulgurante, desconcertante, estimulante, alucinante; senhor de um pensamento e de um discurso únicos, impetuosos, acrobáticos, funâmbulos, de uma alegria e energia que pareciam, até anteontem, inesgotáveis. Catarina Portas foi a mais certeira, sendo a mais concisa: "O meu amigo mais parecido com um cometa." Durante a missa - a longa missa em que foi, esdruxulamente, apelidado de "professor doutor", como se o nome não bastasse, e na qual o oficiante preferiu saudar em primeiro lugar as "individualidades" presentes, deixando para o fim a família e omitindo dela uma das pessoas mais importantes, Miguel Sequeira -, citou-se Mário Cláudio, que falou de "relâmpago". Os relâmpagos iluminam em fragor e espanto, é certo, mas pouco. Os cometas atravessam o espaço com a velocidade das estrelas cadentes, num rasto de luz e partículas que permanece e cintila as trevas. (…)»

O melhor amigo da democracia

• João Quadros, O melhor amigo da democracia:
    «(…) É bem provável que os cães de Passos lhe rosnem depois de ter sido considerado incapaz pelo PAN. Se o representante dos caniches no Parlamento não confia nele, como é que eles vão confiar? Se calhar, o PM chegou a casa e tinha os chinelos estraçalhados - "Ó Laura, porque é que as minhas pantufas cheiram a xixi?"

    Mais que qualquer moção de rejeição de uma frente de esquerda, o chumbo do PAN é a certidão de óbito do Governo do PàF. Se o programa do XX nem para os animais serve, como é que o iam dar às pessoas?»

quinta-feira, novembro 12, 2015

Somos todos Cavaco


Anda por aí uma incompreensível algazarra enquanto se aguarda a decisão de Cavaco Silva. Ora, se há matéria em que a doutrina cavaquista é clara e transparente, é exactamente a que respeita à sua posição sobre a constituição dos governos.

Com efeito, Cavaco Silva avisou os portugueses, em devido tempo, de que não estava no seu horizonte a opção por governos de iniciativa presidencial. Invocando a revisão constitucional de 1982 para lembrar que, desde então, os governos respondem perante, e só, a Assembleia da República, Cavaco Silva sublinhou que «não faz qualquer sentido» que, vinte anos depois, possa ser congeminado um governo indicado pelo chefe de Estado.

Acresce que, em vésperas das eleições legislativas, Cavaco Silva entendeu que um acordo de incidência parlamentar daria a estabilidade necessária e suficiente para assegurar a governabilidade de que o país carece: «Em Portugal, o compromisso [para a formação do Governo] pode também revestir a forma de acordo de incidência parlamentar».

Tendo em conta a doutrina exposta e defendida pelo Presidente da República, qual é a razão para esta algazarra dos diabos? Gritemos então em uníssono: somos todos Cavaco!

Depois do serial killer e da sua cúmplice,
chegou o momento de virar a página da austeridade


Que significa virar a página da austeridade? Mário Centeno explicou o que isso significa em entrevista que ontem deu à RTP3.

Desmontar uma falsidade

    «O jornal Expresso diz que o PS desistiu de manter o controlo público da TAP. Essa notícia é falsa.»

«Aquilo que nunca aconteceu em 40 anos
porque é que aconteceu agora?»


Fernando Medina na TVI 24:
    «(…) Agora o que eu acho mesmo é que a direita não entendeu o resultado das eleições e ainda não percebeu a posição em que se colocou nem o que é que aconteceu. Porque ainda não percebeu porque é que aconteceu este facto histórico único que levou PS, PCP e Bloco de Esquerda a conversarem uns com os outros. Aquilo que nunca aconteceu em 40 anos porque é que aconteceu agora? (…)»

Uma nova “convenção constitucional”?

• Vital Moreira, Uma nova “convenção constitucional”?:
    «(…) O que não existe é uma outra alegada praxe, segundo a qual os governos têm o direito de “passar” na AR, mesmo quanto minoritários. Sempre houve moções de rejeição. O primeiro governo minoritário do PSD em 1985 foi alvo de uma moção de rejeição do PS, que só não vingou porque o PRD não a secundou. O PSD (salvo em 1999) e o CDS não têm proposto a rejeição de governos minoritários do PS pela simples razão de que nunca tiveram a necessária maioria absoluta para a aprovarem. Tal “convenção” é, portanto, uma conveniente invenção, sem nenhum fundamento. (…)»

Separados à nascença?

Título do artigo de Francisco Assis no Público

Da série "Frases que impõem respeito" [953]



Hoje o País não é governado por uma Câmara Corporativa.
      Resposta de António Costa à Visão sobre o comunicado dos 100 empresários

quarta-feira, novembro 11, 2015

A tradição, o PSD e Cavaco

Hoje no DN (via Maria João Pires)
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Em 1999, o PS obteve exactamente metade dos deputados (115) da Assembleia da República. Tal não obstou a que o PSD, então chefiado por Durão Barroso, tivesse apresentado uma moção de rejeição do programa do segundo governo de António Guterres.

O mais interessante é que Cavaco Silva, que nem desempenhava então funções públicas, deu uma entrevista a defender, com a argumentação sólida a que nos habituou, a moção de rejeição apresentada pelo seu delfim.

Como eles se revêem na História


    «A JSD escolheu esta imagem para criticar o acordo maioritário que pôs fim ao governo de direita. Para quem não sabe, trata-se do hastear da bandeira da URSS em Berlim, na vitória dos aliados sobre os nazis. Não sei se foi algo intencional ou pura ignorância histórica, mas a metáfora é deles.»

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