quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

“Falta de higiene representa 90% dos problemas dos restaurantes”, INAE


Doenças transmitidas por alimentos mataram 351 mil pessoas no mundo só em 2010
As áreas de restauração e das panificadoras são as mais críticas no desrespeito às regras de higiene e limpeza. Convidada a pronunciar-se, na sequência da gravidade dos problemas que vêm sendo detectados, a mulher que responde pela entidade responsável pela fiscalização das actividades económicas em Moçambique traçou um cenário crítico.
“É triste quando temos um hotel, por exemplo, de quatro ou cinco estrelas, que tem excelentes condições para o público, mas, para o trabalhador que confecciona os alimentos, não tem as condições mínimas”. Regra geral, explica a inspectora, a imundice das casas de banho dos trabalhadores (onde vão durante o dia para fazer as suas necessidades) é uma das situações mais preocupantes, porque não têm as mínimas condições para que sejam usadas.
Rita Freitas diz que cerca de 90 por cento das irregularidades encontradas nos últimos meses nos estabelecimentos estão relacionadas com higiene e limpeza. “Se não fossem problemas de higiene e limpeza, nós não encerrávamos os estabelecimentos”.
Questionada sobre onde estava a Inspecção para serem desenvolvidos problemas até este nível, esclareceu: “A inspecção sempre existiu, desde 2009, mas havia fraca divulgação das actividades, particularmente as graves irregularidades que muitas vezes os técnicos têm encontrado no terreno”.
“Agora a tolerância é zero a problemas de higiene”
A Inspectora Nacional das Actividades Económicas diz que este é apenas o início de uma nova fase, em que os inspectores sempre se farão presentes nos estabelecimentos para controlar como é que é confeccionada a comida que chega aos nossos pratos.
“No fim do dia, todos nós somos consumidores, porque até o agente económico que não respeita as regras de higiene e limpeza, no fim do dia também vai querer adquirir produtos em outros estabelecimentos”, considera.
Doenças transmitidas por alimentos mataram 351 mil pessoas no mundo apenas em 2010
O Ministério da Saúde não tem dúvidas de que se trata de um atentado à saúde pública e alerta para o risco da contaminação alimentar. “Enquanto continuarmos a registar pessoas que procuram os serviços de saúde com problemas relacionados com higiene dos alimentos, vamos ter um grande impacto para a saúde pública”, avança Ana Cardoso, em nome do departamento de saúde ambiental do Ministério do Saúde. A Organização Mundial da Saúde estima que doenças relacionadas com alimentos mataram 351 mil pessoas no mundo, só 2010. Segundo a OMS, as infecções globais causadas pelo consumo de comida estragada já atingiram 582 milhões de pessoas.

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